Empenho político para salvar o campo

FAEP e OCEPAR apelam aos prefeitos em defesa da produção

Quando a agricultura vai bem, as cidades vivem melhor; o comércio de todo o interior tem liquidez, a oferta de empregos também aumenta, enfim o giro do dinheiro que oxigena a economia garante a estabilidade social. Mas quando a agricultura vai mal a miséria se manifesta no campo e na cidade. O pequeno comércio chega a fechar as portas; em alguns casos não reabre mais.

O Paraná vive este momento difícil, pelo menos nas regiões afetadas pela seca. Ontem (dia 19/05), as duas maiores lideranças do agronegócio fizeram um apelo de ajuda aos municípios. Ágide Meneguette, presidente da FAEP, e João Paulo Koslovski, presidente da OCEPAR, estão conclamando os prefeitos do Paraná a se ‘‘mobilizarem politicamente’’ em defesa dos produtores de seus municípios. O motivo são os prejuízos causados pela estiagem dos últimos meses.

Os dirigentes querem que os prefeitos intercedam junto ao Presidente da República e ministros da área econômica. Os presidentes das duas entidades mais representativas da agropecuária lembram que milhares de agricultores estão com suas atividades inviabilizadas devido à falta de recursos para quitar dívidas junto aos bancos, cooperativas e fornecedores. Não bastassem as conseqüências da seca, com perdas – no Paraná – estimadas em 5,2 milhões de toneladas (R$ 2,33 bilhões), ainda falta financiamento para custeio e investimentos.

No documento encaminhado às prefeituras são apontados outros problemas como a forte retração do mercado, que derrubou os preços recebidos pelos produtores, enquanto o custo de produção aumentou 25%. Como medidas de socorro a agricultura precisa de crédito emergencial na modalidade de capital de giro para produtores e cooperativas com recursos de crédito e poupança rural e renegociação das dívidas. Na verdade a agricultura só perdeu nos últimos anos.
Além de ficar sem instrumentos de apoio como a política de garantia de preços, por exemplo, através de AGF e EGF, ainda foi penalizada com enorme carga tributária. Sabe o governo que a agricultura – na dianteira do complexo do chamado agronegócio – é o setor melhor distribuidor de renda; é o que dá respostas mais rápidas a investimentos. Apesar disso, é o setor mais penalizado por políticas equivocadas, permeadas por questões partidárias.

No entanto, a agricultura é progresso e bem-estar social; a boa distribuição de renda do setor primário tanto se expressa no empório da esquina como na loja de luxo do shopping da cidade grande. Este é um bom motivo para despertar o municipalismo.

 

Transcrito do jornal Folha de Londrina, de 20 de maio de 2005

Boletim Informativo nº 866, semana de 30 de maio a 5 de junho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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