Agronegócio: exportações atingem
recorde, mas perdem o dinamismo

O Brasil registrou novo recorde nas exportações agropecuárias, com remessas que somaram US$ 12,2 bilhões entre janeiro e abril. É um crescimento de 14,6% na comparação com as exportações de US$ 10,6 bilhões registradas nos quatro primeiros meses do ano passado. Apesar de os resultados parecerem animadores, na realidade mostram perda de fôlego na capacidade de exportação do agronegócio.

Segundo explica o chefe do Departamento de Assuntos Internacionais e de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Donizeti Beraldo, no primeiro quadrimestre do ano passado, os US$ 10,6 bilhões de exportações representaram crescimento de 30,8% sobre os US$ 8,1 bilhões registrados entre janeiro e abril de 2003. “Embora os números das exportações do agronegócio ainda sejam recordes, observa-se perda do dinamismo no setor”, diz Beraldo.

O que está impedindo o maior crescimento das exportações do agronegócio brasileiro é uma combinação de fatores que envolvem quebra de safra, redução dos preços internacionais das principais commodities, aumento dos custos de produção e sobrevalorização cambial. Mesmo com cenário não tão positivo como nos anos anteriores, a CNA prevê novo recorde de exportações do agronegócio em 2005, com remessas de US$ 40 bilhões e importações de US$ 5 bilhões, gerando saldo de US$ 35 bilhões.

No ano passado, as exportações do agronegócio somaram US$ 39 bilhões, com importações de US$ 4,9 bilhões, resultando em saldo positivo de aproximadamente US$ 34 bilhões. “O Brasil deverá continuar ser um grande exportador, mas agora sem o fôlego de anos anteriores”, diz Beraldo. Os destaques, em 2005, são os produtos do complexo carnes, com exportações de U$ 2,2 bilhões até abril (US$ 1,6 bilhão no primeiro quadrimestre do ano passado); café, com US$ 960 milhões (frente US$ 575 milhões, entre janeiro e abril de 2004); e açúcar e álcool, com US$ 1,2 bilhão (US$ 766 milhões, no primeiro quadrimestre do ano passado.

O resultado acumulado entre janeiro e abril deste ano indica que o agronegócio exportou US$ 12,2 bilhões, com importações de US$ 1,6 bilhão, gerando um superávit de US$ 10,6 bilhões. Em igual período do ano passado, o agronegócio exportou US$ 10,6 bilhões e importou US$ 1,5 bilhão, gerando saldo positivo de US$ 9,1 bilhões. O complexo soja liderou a pauta de exportações do agronegócio entre janeiro e abril, representando US$ 2,3 bilhões, 5% a menos que os 2,4 bilhões de igual período do ano passado.

Embora a receita de exportações tenha caído, o volume remetido aumentou, atingindo 10,3 milhões de toneladas de janeiro a abril, contra 8,6 milhões de toneladas, no primeiro quadrimestre do ano passado. A queda na receita de exportações deve-se, portanto, à redução dos preços médios do complexo soja, que eram de US$ 287,2 por tonelada, considerando os primeiros quatro meses do ano passado; frente US$ 226,8 por tonelada, em igual período deste ano.

A queda dos preços médios da soja deve-se ao aumento da oferta mundial e queda do consumo. Somente os Estados Unidos ampliaram a produção de 66,8 milhões de toneladas, na safra passada, para 85,5 milhões de toneladas. Globalmente, a oferta mundial atinge, este ano, 219 milhões de toneladas, frente 189 milhões de toneladas na safra passada.

O consumo mundial, entretanto, é estimado, este ano, em 164 milhões de toneladas, contra 174 milhões de toneladas. A queda dos preços não foi ainda mais acentuada devido à quebra de safra no Brasil, lembra Beraldo. Inicialmente era projetada uma colheita superior a 60 milhões de toneladas de soja; mas devido à seca, a safra é estimada em apenas 50,2 milhões de toneladas.
A redução da oferta brasileira do grão, portanto, impediu queda de preços ainda mais forte. O chefe do Decex destaca que o Mercosul, sozinho, é responsável pela produção de 94 milhões de toneladas de soja, ou seja, 43% da produção mundial.


Boletim Informativo nº 866, semana de 30 de maio a 5 de junho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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