Encontro de Tibagi é marcado pela
presença de famílias de produtoras

A pecuarista Tânia Bueno de Camargo (foto) tem apenas 20 anos e já conhece todos os aspectos da “terminação” de gado bovino. De 3 em 3 meses, depois um período de engorda, ela encaminha um rebanho de 40 a 50 bois para o abate. Em seguida recomeça o ciclo da terminação, comprando uma nova leva de bois que vai mantê-la ocupada nos próximos 90 dias.

Não apenas isto. A jovem produtora rural também desdobra-se trabalhando de segunda a sexta-feira como secretária executiva do Sindicato Rural de Tibagi. E toda a noite viaja 90 km, ida e volta, para as aulas do curso de Administração de Empresas em uma faculdade particular de Telêmaco Borba, município próximo de sua cidade.

Não foi surpresa, então, para quem a conhece, ter participado da coordenação do 1º Encontro de Mulheres Produtoras Rurais dos Campos Gerais, realizado em Tibagi dia 21 (sábado passado).

O evento teve a confirmação de presença de centenas de mulheres dos 17 municípios da região dos Campos Gerais. “Tânia é um exemplo”, elogia Nelson Cândido da Silva, presidente do Sindicato Rural de Tibagi e coordenador do encontro.

Para a jovem pecuarista é importante as produtoras não se acomodarem. Com apenas 18 anos, em 2003, ela fez parte da primeira turma de Empreendedores Rurais, promovida pelo Senar / PR e Sebrae / PR em parceria com a FAEP e a FETAEP.

Já com o certificado de empreendedorismo rural, ela decidiu colocar em prática o projeto de Pecuária de Corte, que tinha desenvolvido durante o curso. Apresentou a idéia à família e comprou os bois, colocando os animais em uma pequena chácara de 5 alqueires, que aguardava uma atividade de exploração agropecuária.

Daí em diante não parou mais. Compra boi erado (com mais de 24 meses de idade) vende, vai para o brete e vacina, controla peso, alimentação e os cuidados dos animais sob sua responsabilidade. Filha de produtor, com a determinação de quem aprendeu fazendo, Tânia deu o recado no encontro de Tibagi. “As esposas dos produtores podem muito bem desenvolver projetos próprios, que não exijam muito investimento e ajudem a aumentar a renda familiar, como ovinocultura e apicultura”, opinou. Para ela, a condição para darem certo é “uma boa administração”.

Debate – Nelson Cândido da Silva destacou a presença da mulher nas decisões do agronegócio. “As produtoras têm que saber de tudo, dos prejuízos ao lucro das propriedades rurais. Têm que existir diálogo entre o casal”, declara.
Para o dirigente, os produtores não podem esquecer de que boa parte das realizações e resultados do agronegócio dependem da ajuda da família e das esposas, que resolvem muitos problemas e tomam decisões no dia- a- dia da produção. “Ninguém faz nada sozinho. Não existe mais isto de mulher na cozinha. Tudo que eu sou eu devo a elas. Se tenho filhos devo isto a minha mulher. Se sou avô também devo a uma delas”, enfatiza.

Nelson ressalta que é preciso estimular e levar as mulheres à plena participação no agronegócio. “Incentivar a que elas se informem e conheçam todos as questões - do financeiro à parte técnica, - relacionadas à produção agropecuária geradora da renda de suas famílias”, afirmou.

A programação do encontro de Tibagi iniciou às 8h30, com um café da manhã para as participantes. Em seguida, as produtoras tiveram palestras sobre o desafio de ser mulher no agronegócio. Assistiram a uma produção com imagens de Tibagi e do sistema sindical rural. Foram orientadas sobre a Saúde da Mulher, e tiveram um espaço de motivação sobre o Desafio das Mulheres Ruralistas: Empreender. Um espetáculo teatral marcou o encerramento do encontro, seguido de um café colonial e de um show de música popular.


Boletim Informativo nº 865, semana de 23 a 29 de maio de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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