Presidente da CNA manifesta
“Senhor Ministro, As recentes manifestações realizadas por produtores em todo o País, muitas delas contando com a honrosa presença de Vossa Senhoria, confirmam uma situação de forte crise da agropecuária brasileira, resultado de fatores como aviltamento de preços; adversidades climáticas, com quebra de produção; defasagem cambial; elevação de custos de produção; dificuldades de comercialização. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) constatou que o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VPB) dos 25 mais importantes produtos no período de janeiro a março de 2005 foi de R$ 172 bilhões, contra R$ 196,7 bilhões em igual período em 2004. É redução de R$ 24,7 bilhões, considerando os valores atualizados a preços de março de 2005. O que também nos preocupa é o reflexo desta situação na geração de empregos. Tradicionalmente no período de janeiro a março de cada ano, são gerados no campo em média de 20 mil a 25 mil novos empregos, conforme verificado entre 2001 e 2004. Segundo informações do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego em 2005, o saldo de empregos do setor agropecuário foi de apenas 1.553, no período janeiro a março. Este comportamento atingiu também as indústrias de alimentos e bebidas, segmentos que no primeiro trimestre de cada usualmente geram 5,5 mil novos empregos, mas neste ano desempregaram mais de 7 mil pessoas. Este fenômeno também se verifica em outros segmentos da indústria que utilizam matéria-prima produzida no campo, a exemplo do setor de calçados, de madeira e outros. Enfrentamos uma perda de renda sem precedentes em 2004, que compromete e consome nosso patrimônio produtivo e reduz a capacidade do setor primário de investir em inovação tecnológica, ganhar produtividade e, por conseguinte, competir no mercado internacional. Mas chegamos a um limite. A amarga situação de iliquidez observada no campo compromete, principalmente, a liquidação de contratos celebrados com fornecedores de insumos e investidores que anteciparam recursos e meios para o plantio da safra em substituição ao escasso crédito rural bancário. Agregue-se ainda os riscos de inadimplência referente aos compromissos de pagamentos das dívidas renegociadas da securitização e daquelas celebradas com base na Resolução Bacen 2.471, também conhecida no mercado como Plano de Saneamento de Ativos (PESA). Assim, Senhor Ministro a liderança do setor agropecuário, pressionada pelos legítimos interesses de suas bases, decidiu realizar no próximo dia 31 de maio, manifestações nos diversos municípios. O objetivo é o de sensibilizar a sociedade para a aguda crise no setor e seus reflexos para os demais segmentos econômicos. Também vamos reivindicar recursos para honrar os pagamentos de compromissos assumidos, e assim, tenhamos condições para continuar produzindo alimentos para a população brasileira e gerar resultados positivos para o País na balança comercial. Hoje a questão da dívida agrícola, seja ela bancária ou não, assim como a perda de renda da atividade rural, bloqueiam o caminho da agricultura brasileira. Livre destes gargalos, o setor primário tem todas as condições de manter o desafio de aumentar a produção para exportar mais e gerar novos empregos. Por este motivo, nós, da CNA solicitamos veementemente a alocação de recursos para financiamentos com taxas de juros de 8,75% ao ano, permitindo aos produtores honrarem seus compromissos financeiros, assumidos principalmente junto aos fornecedores de insumos. Respeitosamente, Sua Excelência o Senhor |
O presidente da CNA, Antônio Ernesto de Salvo (foto), enviou ofício ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, manifestando preocupação quanto ao atual cenário da agropecuária brasileira. O presidente diz no documento que manifestações de produtores rurais pelo país confirmam uma situação de forte crise no setor, e cita como fatores o aviltamento de preços, defasagem cambial, elevação dos custos de produção, entre outros problemas. Leia na íntegra o documento: