A organização dos pecuaristas

As reuniões da Comissão Nacional de Pecuária de Corte da C N A tem reunido uma média de 2000 pessoas a cada encontro, nos diversos Estados onde foram realizadas.

É um fato inédito e talvez motivado mais pela situação crítica em que se encontra o preço da arroba do boi, do que pela convicção dos participantes, de que a união irá fortalecer a classe produtora e conseguir o equilíbrio da cadeia produtiva.

É preciso que este movimento, iniciado pela

CNA, envolvendo pecuaristas dos principais estados produtores, continue e cresça ainda mais, não apenas durante a crise, mas de uma forma organizada e permanente, analisando, discutindo e propondo soluções para todos os entraves da cadeia produtiva.

O ponto fundamental é a conscientização do pecuarista para o fato de que somente o seu total comprometimento no processo de organização irá resultar no futuro numa situação melhor.

Trazendo a discussão para o âmbito regional ou municipal, esta preocupação não pode ser diferente, porque é no nível regional ou municipal que as coisas acontecem. É ali que se formam as organizações e onde a participação do pecuarista é fundamental.

Como participação do pecuarista entendemos o seu comprometimento com a organização (seja ela qual for), a sua participação nas discussões, na formulação de propostas, na entrega do produto dentro dos padrões estabelecidos, nas definições de rumos necessários etc. Toda empreitada desta natureza tem ônus e bônus, que precisam ser assumidos por todos de forma igual, sem privilégios para ninguém.

Em função da situação a que chegou o preço da arroba do boi, pago ao produtor, a cada dia mais se ouve falar em alternativas de comercialização e experiências são colocadas como opções.

Como exemplos em funcionamento temos as Alianças mercadológicas, as Associações de produtores (Novilho Precoce) e as Associações de raças (EX: Angus, Nelore), visando a produção de carne certificada.

Em fase de organização, estão as agências de comercialização e as Cooperativas de grãos, estruturando-se para entrar no negócio carne.

São experiências que estão sendo trabalhadas na busca da solução para o problema da comercialização. Os exemplos citados estão funcionando porque existem pessoas sérias envolvidas e imbuídas de levar à frente o trabalho proposto, mesmo com dificuldades.

Não existe um modelo único para todas as situações. Cada caso é um caso. O que existe são alguns princípios que devem ser observados:

1. Para que uma organização voltada à comercialização se sustente é indispensável o comprometimento de seu quadro associativo;

2. O sucesso de qualquer empreendimento depende de gestão profissional;

3. Para que tenha sustentabilidade, qualquer negócio no setor produtivo precisa ter: produção com qualidade , preço e constância de oferta;

4. Toda organização necessita de um tempo para amadurecer e se solidificar, é preciso perseverança;

5. Todo negócio precisa ser permanentemente avaliado e suas estratégias adequadas em função da dinâmica da realidade.

6. A negociação sempre terá maior probabilidade de dar certo e ser construtiva, se o enfoque for "ganha/ganha".

São aspectos elementares e conhecidos dos empreendedores de sucesso em qualquer área. Mas acima de tudo nos mostram que trabalhar com organização não é um processo fácil, nem rápido, sem desgastes, ainda mais sendo algo desconhecido, ou fora do que estamos acostumados.

Mesmo assim, face à necessidade e ao comprometimento que certamente haverá por parte dos produtores, dentro de pouco tempo teremos outras experiências dando certo.

Com o objetivo de tentar deixar mais clara a importância da organização no processo de comercialização e também para resumir os conteúdos dos artigos anteriores, colocamos abaixo um esquema tentando mostrar o raciocínio desenvolvido.

Rubens Ernesto Niederheitmann - Engenheiro Agrônomo
Produção Paranaense de Carnes e Leite à Base de Pasto
progcarneleite@faep.com.br


Boletim Informativo nº 859, semana de 11 a 17 de abril de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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