Vacinação em massa para
defender 10 anos sem aftosa

Em maio, o Paraná novamente se mobiliza para vacinar 10,5 milhões de cabeças de bois e búfalos contra a febre aftosa. Faz 10 anos que não acontecem registros da doença infecciosa no estado. E quanto mais o tempo passa, mais se tem a perder caso ocorram novos focos. "Não podemos negligenciar na vacinação. Seria um desastre econômico e um salto para trás", avalia Alexandre Jacewicz, assessor de Pecuária da FAEP.

A primeira campanha de vacinação deste ano acontece de 1o a 20 de maio (a segunda é em novembro) e a meta é vacinar 100% do rebanho.


   Para se ter idéia da importância de manter o vírus da aftosa distante, , antes da certificação de área livre com vacinação, em 1999, as exportações paranaenses de carne bovina alcançavam US$ 30,6 milhões. Em cinco anos, graças ao novo status sanitário, à qualidade e ao preço de nossa carne, a receita das exportações cresceu 231%, atingindo US$ 101,5 milhões (2004).

A mudança de mentalidade de nossos produtores e pecuaristas, que entenderam que a vigilância sanitária é dever de cada um, e não somente do estado, trouxe benefícios visíveis também na exportação de carne suína e de aves. De 1999 a 2004 a receita das exportações de carne suína cresceu 670% (de US 11,9 milhões para US$ 92,1 milhões), enquanto o valor da carne de aves cresceu 177% (de US$ 262,7 milhões para US$ 728,1 milhões).

Na campanha de vacinação de novembro de 2004 foram imunizados 98,57% dos bois e búfalos do estado. Desde 2000, o Paraná pertence à zona livre de aftosa com vacinação. Não foi divulgado ainda o valor da multa por cabeça de animal não vacinado. No ano passado, a penalidade foi de R$ 69 por cabeça.

"Há um perigo de acomodação, já que faz 10 anos que conseguimos acabar com a atividade viral da febre aftosa. A partir de agora, temos que reforçar ainda mais os quadros de pessoal técnico, melhorar o sistema de alerta das enfermidades, e mobilizar os conselhos municipais de sanidade (CSA’s)", diz Alexandre Jacewicz. "A meta é obter o certificado de área livre da doença sem vacinação, e temos que manter o padrão sanitário elevado desde já", completa.

No país, a meta do Ministério da Agricultura é erradicar a febre aftosa até o final de 2006, e, na América do Sul, até 2009.

Uma doença altamente contagiosa,
sinônimo de prejuízo econômico

A febre aftosa é uma doença transmitida por um vírus extremamente contagioso, que provoca febre alta, vesículas muito doloridas na boca e nos vãos dos cascos dos animais, dificultando a locomoção e a ingestão de água e comida. Causa grande perda de produção e pode levar à morte em bezerros.

No Brasil, a partir dos anos 90, houve uma consciência maior da importância de erradicar a doença para ter acesso aos mercados internacionais. Por causa da aftosa, a carne brasileira in natura, ou fresca, não consegue entrar em mercados exigentes como os Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul. Como conseqüência disso, quando nossa carne é exportada, recebe um valor menor no mercado internacional.

A aftosa dificulta a promoção da carne pois é vista como referencial de qualidade sanitária. Para o consumidor, gado livre de aftosa é igual a gado e carne mais sadia.

Quando acontecem focos de aftosa, geralmente todo o rebanho tem que ser sacrificado. Em 2001 houve um surto da doença no Reino Unido, que levou à destruição de 4 milhões de cabeças do rebanho suíno, bovino e ovino e prejuízos de mais de US$ 5 bilhões.


Boletim Informativo nº 858, semana de 4 a 10 de abril de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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