A queda de renda do
produtor em 2004

Índice de preços recebidos x índice de preços pagos

Foram poucos os produtores rurais que conseguiram resultados compensatórios em 2004. A queda de preços das principais commodities agrícolas, o aumento dos insumos pressionando os custos de produção e a queda do dólar foram fatores que afetaram o desempenho da agropecuária no ano passado.

O poder de compra dos agricultores, na média, pode ser medido através do Índice de Paridade (IP) – relação entre o índice de preços recebidos pelos produtores e o Índice de preços pagos pelos produtores – ou relação de troca que comparam as mudanças relativas entre índices de preços recebidos e preços pagos.

O Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) reflete o comportamento médio dos preços dos principais insumos agrícolas pagos pelo agricultor (excluindo as despesas de frete), tais como: fertilizantes, herbicidas, máquinas, combustíveis, sementes, mão-de-obra e outros. O Índice de Preços Recebidos pelos Produtores (IPR) reflete o comportamento médio dos preços recebidos pelo agricultor: algodão, arroz, feijão, milho, soja, trigo, boi gordo, leite, suínos e aves entre outros.

No caso do Paraná houve uma deterioração das relações de troca da ordem de 15%, porquanto enquanto o IPP (base janeiro/2004=100) situou-se acima de 100 ao longo do ano, chegando a 113,6, já o IPR (base janeiro/2004=100) embora em alguns meses tenha ficado acima de 100, encerrou 2004 abaixo, em 96,8. Pode-se inferir que não houve aumento de produtividade média que tenha sido superior e capaz de amenizar a deterioração das relações de troca observada em 2004, porquanto o Paraná sofreu perdas agrícolas com a seca e a ferrugem da soja e, conseqüentemente, a produtividade média foi menor.

É importante acrescentar que se trata de índice, portanto, um indicativo que não deve ser interpretado como percentual. Os índices mostram que o setor agropecuário perdeu poder de troca, mas não necessariamente que houve prejuízos.

Conforme já mencionado, o IPR refere-se à agropecuária (lavouras, produtos animais) e se tirarmos a pecuária (corte, leite, suínos e aves) a relação de troca tenderá a ser menor, isto porque essas atividades foram as únicas que registraram elevação, embora em níveis bem abaixo dos índices inflacionários.

Os insumos como fertilizantes e defensivos têm os preços formados pela estrutura de oligopólio, cuja característica consiste em elevar os preços sem se preocupar com a quantidade, diferentemente dos produtos agrícolas, os quais têm que buscar rentabilidade através da quantidade produzida e da redução de custos, a economia de escala é vital para a sobrevivência do produtor.

O gráfico mostra o índice de queda dos preços médios recebidos e o índice de aumento médio dos insumos no Paraná, observando-se que o ponto de inflexão acontece em junho. O Índice de Preços Pagos (IPP) assinala curva ascendente de crescimento e começa a desacelerar em agosto, coincidindo com a época de plantio da safra de verão e também com o início da queda do dólar, demonstrando que esta é a política de preços praticada pelos oligopólios. A desaceleração do Índice de Preços Recebidos (IPR) continua com sua tendência declinante até final de 2004.

Gilda Bozza Borges
Economista - DTE / FAEP


Boletim Informativo nº 858, semana de 4 a 10 de abril de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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