Seguro agrícola cobre 40%
da área plantada na Argentina

A contratação de seguros agrícolas na Argentina mantêm uma tendência de crescimento nos últimos anos. Conforme dados da Oficina de Risco Agropecuário (ORA), que faz parte da Secretaria da Agricultura da Argentina (SAGPyA), em 2004 o volume de prêmios teve um aumento de 10%, totalizando 313 milhões de pesos. O peso está valendo praticamente um real.

Estima-se que 40% da superfície plantada na Argentina está segurada. Mas há dez anos

Setor de Seguros (em Pesos)
Produção Total do Mercado Ano Total Setor Agrícola %
9.774.777 94 65.249 0,67
10.424.673 95 58.443 0,56
9.344.074 96 72.200 0,77
10.240.991 97 117.589 1,15
11.808.962 98 163.422 1,38
13.257.028 99 121.616 0,92
13.487.966 00 107.399 0,80
14.070.301 01 152.346 1,08
11.310.592 02 146.575 1,30
8.597.178 03 286.590 3,33

os prêmios totalizavam o equivalente a apenas 65 milhões de pesos. Um dado particular desta safra foram os baixos índices de ocorrência de sinistros. Santiago Paz, titular da ORA, justifica que o crescimento de seguros no campo teve motivação "no aumento da produção que os produtores experimentaram nos últimos anos e pelo fato de que não querem perder essa produção, transferindo os riscos para as companhias". Ele disse que "as companhias de seguros estão renovando seu interesse num setor que tempo atrás era considerado marginal, mas que agora é visto como uma área de grande potencial futuro."

   O Ministério da Economia divulgou em 2004 um documento sobre a situação do seguro agropecuário. A pesquisa revela que há 30 companhias atuantes nas quatro modalidades com os riscos mais tradicionais do setor:

* 24 trabalham com a modalidade granizo sem adicionais;

* 17 atuam com o risco granizo com adicional: incêndio, geada, inundação, seca e ventos;

* 8 atuam no seguro de multi-risco que inclui freqüentemente granizo, qualquer risco climático, ventos, incêndio, inundação, seca, chuva e riscos biológicos como pragas, insetos e enfermidades;

* 2 seguradoras atendem ao setor pecuário.

Estão cobertos os cultivos extensivos de cereais e oleaginosas, que representam em torno de 95% do setor, os cultivos perenes, 5%, e a pecuária com menos de 1%. As três províncias de maior relevância em seguro, Córdoba, Buenos Aires e Santa Fé, somam mais de 83% da área segurada deste setor, que em 2003 teve uma superfície contratada de 11

Opinião dos produtores paranaenses

Para o produtor Anton Gora, de Guarapuava, que participou da viagem técnica, "os brasileiros ainda trabalham com sentimento e orgulho pela terra e pelas máquinas, enquanto que os produtores argentinos são mais profissionais", ele explicou que "apesar das dificuldades, os argentinos conseguem ter um bom lucro." Gora julga que "se o produtor brasileiro não se profissionalizar, em condições normais, não terá como competir com o produtor argentino."

Numa linha parecida, Livaldo Gemin, diretor da FAEP e coordenador da missão na Argentina, confessou que "cada vez admira mais a maneira como o povo argentino enfrenta suas dificuldades, pois o problema existe nos dois países, um Governo que não enxerga a agricultura como a mola mestra da economia e não à respeita" e sentenciou: "Aqui na Argentina nos parece também que é a agricultura que está salvando o país!"

Já o produtor José Fernando de Paula, de Ortigueira, analisou as diferenças de condições entre os dois países e explicou que "as nossas realidades são muito diferentes, desde o solo, clima e custos de produção, pois o produtor argentino não sofre tanto com as pragas." Alertou que "se o Brasil não tiver acesso a essa tecnologia dos transgênicos, que nos faça produzir com redução de custos, não teremos muitas saídas, pois estamos no limite". Ele enfatizou que "em se tratando de transgênicos, eles estão oito anos na nossa frente, e temos que recuperar esse tempo."

milhões de hectares. As cinco maiores companhias no setor de seguro agropecuário detém juntas 64% da produção de um mercado que emitiu 102.204 apólices em 2004, ficando 36% para as outras 25 companhias.

Quanto é um seguro na Argentina?

O seguro agrícola depende de uma série de fatores, mas em média o custo é em torno de 26 pesos por hectare ou ainda em torno de 3,9% do capital segurado na modalidade contra granizo. Como última análise dos dados apresentados, no gráfico comparativo dos últimos dez anos, o seguro agropecuário mais que quadruplicou de tamanho e participação no mercado total de seguros argentinos. Essa evolução reflete o perfil empresarial arrojado e a visão de negócios dos nossos vizinhos.


Boletim Informativo nº 858, semana de 4 a 10 de abril de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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