Soja transgênica

Benefícios de US$ 7,3 bilhões
para os produtores argentinos

Estudo realizado recentemente na Argentina mostra que a implementação da soja transgênica naquele país, de 1996 até 2004, trouxe um benefício de US$ 9 bilhões à cadeia produtiva da agricultura.

Os produtores foram os mais beneficiados, ficando com uma fatia equivalente a 82,04%, ou US$7,3bilhões, que pelo câmbio médio de março (R$2,70) representa R$19,71 bilhões.

"Os transgênicos foram um excelente negócio para a Argentina" , afirma 

Eduardo Trigo, Ph.D. em Economia Agrária pela University of Winsconsin, que fez uma palestra para os produtores paranaenses da Comissão Técnica de Grãos da FAEP, no dia 02 de março em Buenos Aires. Eduardo Trigo é diretor do Grupo CEO (Consultores em Economia e Organização).

A pesquisa desenvolvida por Trigo e mais três economistas resultou no livro "Los transgênicos em la agricultura Argentina – una historia con final abierto", editado em 2002 e que recentemente teve seus dados atualizados com os resultados das últimas duas safras. Eduardo Trigo utilizou um modelo desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia Argentino (INTA), instituição governamental similar à Embrapa, para estimar o impacto da geração e adoção de tecnologias agropecuárias. A pesquisa teve apoio da Secretaria da Agricultura da Argentina (SAGPyA) e do Centro de Investigaciones para la Transformación (CENIT).

Segundo o estudo, os benefícios brutos que tiveram os produtores pela adoção da tecnologia transgênica, acumulados no período 1996-2004, tiveram as seguintes fontes:

1. Redução média dos custos de US$20,00/ha, obtida através da eliminação de despesas com uso de maquinário nas variedades convencionais. Este dado se aplica à soja de primeiro e de segundo cultivo;

2. Expansão da área plantada de soja, resultado da combinação do plantio direto e soja transgênica, que possibilitou a implementação da soja de segundo cultivo (plantada em continuação à colheita de trigo), que antes era economicamente inviável em muitas regiões.

O estudo trabalhou com dois cenários alternativos de evolução da área plantada com soja a partir de 1996: um "sem a soja Round-Up Ready" e outro "com a soja Round-Up Ready". Para tanto, foram desagregadas todas as informações de adoção de novas tecnologias, por região produtora e nível tecnológico dos produtores.

Os benefícios para os criadores das tecnologias também foram estimados com base nos preços por litro de glifosato e no custo por hectare no caso da semente RR nos anos considerados. No caso do glifosato houve uma forte queda no preço no decorrer do período pesquisado, passando de US$8,00 em 1994 para US$3,00 em 2004 e o custo da semente RR permaneceu constante neste período em US$35,00/ha.

Mesmo com a "bolsa branca" (mercado ilegal de sementes na Argentina), Eduardo Trigo argumenta que o grosso dos benefícios brutos corresponde ao incremento da produção por expansão da soja, via segundo cultivo, ou seja, a diferença entre os cenários "com soja RR" e "sem a soja RR".

Meio-ambiente - Apesar de ser empregado em maiores quantidades por hectare, o glifosato é um herbicida sem ação residual e se decompõe rapidamente no solo, o que representa uma vantagem sobre a atrazina, o produto mais empregado, antes da introdução da tecnologia RR na soja convencional argentina. A atrazina manifesta atividade residual que pode, eventualmente, entrar em contato com a água subterrânea, tendo assim implicações negativas para o meio ambiente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o glifosato pertence ao grupo de herbicidas classe IV, denominados de "praticamente não tóxicos".

A adoção da soja transgênica induziu, na Argentina, uma redução de 83% da quantidade de herbicidas com toxicidade classe II e de 100%, ou seja, não se usa mais herbicidas de toxicidade classe III.


Boletim Informativo nº 858, semana de 4 a 10 de abril de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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