Produtores exigem mudanças
na nova Lei de Reserva Legal

Mais de oito mil produtores rurais participaram dia 19 de março em Cascavel no Fórum Agropecuário Paranaense de Reserva Legal Florestal, encontro que aconteceu no Centro de Convenções e Eventos para debater a lei sobre a Reserva Legal. Os produtores propuseram mudanças no novo Código Florestal em discussão no Congresso Nacional. Eles aprovaram a "Carta Cascavel", que será enviada a deputados e senadores (ver matéria nesta edição). Para eles, a lei é restritiva e dará prejuízo aos agricultores, sobretudo às pequenas propriedades. O Código prevê 20% da Reserva Legal a ser composta em 30 anos. Ou seja, um quinto da área deverá estar coberta por mata. No Paraná, porém, o prazo dado pelo governo estadual é de 20 anos.


Ágide Meneguette diz que a exigência
representa prejuízo para o pequeno produtor



 Para o senador Osmar Dias o novo Código Florestal
precisa de alterações


   A lei implica em recompor a área florestal em áreas agricultáveis. O presidente da FAEP, Ágide Meneguette, disse que a exigência representa prejuízo. Para ele, a manutenção do texto que trata da Reserva Legal pode inviabilizar a pequena propriedade. A FAEP estima que a redução da área destinada à agricultura para a reposição da Reserva Legal causaria perdas de R$ 4 bilhões por ano ao agronegócio do Paraná. "Não se pode perder até 50% de uma propriedade produtiva com preservação. Ninguém quer destruir o meio ambiente, mas não podemos permitir exageros", disse Meneguette, para quem "é preciso haver equilíbrio entre terras produtivas e a defesa do meio ambiente".


   A maioria dos agricultores defende a necessidade de se incorporar a Reserva Legal às áreas de matas ciliares, fundamentais para a preservação de rios e nascentes. O senador Osmar Dias (PDT) defende os interesses dos agricultores. Para ele, o novo Código Florestal precisa de alterações para viabilizar as pequenas propriedades. O projeto pode ser votado ainda no primeiro semestre.


   O deputado federal Eduardo Sciarra (PFL) disse que há um interesse da Câmara dos Deputados de colocar logo a matéria em votação. Ele afirmou que a mobilização é importante para mudar a proposta da Medida Provisória 2166-67, que atualiza o Código Florestal brasileiro, cujo relator é o deputado Moacir Michelletto (PMDB).

O que os agricultores exigem é a revogação do artigo 2º do Decreto 3.320/04; revogação da obrigatoriedade da reposição da reserva legal na própria propriedade nos chamados corredores da biodiversidade; adoção de incentivo à produção 

florestal com finalidade econômica, e retomada, pelo

Congresso Nacional, das discussões da Medida Provisória 2166-67, que moderniza do Código Florestal (ver Carta de Cascavel).



   O decreto 3.320/04 adotou medidas consideradas restritivas e que não contemplam sugestões do setor produtivo. Não permite, por exemplo, obtenção de documentos junto ao IAP sem que o produtor averbe a Reserva Legal na matrícula do imóvel. O decreto, dizem os produtores, impede a diversificação de atividades, o que reflete negativamente na renda do produtor e nos demais segmentos da sociedade.

A atual legislação prevê a destinação de 20% da propriedade à reserva legal, além da mata ciliar. O que os produtores querem é que a mata ciliar, indispensável para a preservação dos mananciais,

seja contabilizada nestes 20%.


   "O que serve para a Amazônia, não serve para nós", disse o deputado e vice-presidente da FAEP, Moacir Micheletto, que apresentou substitutivo à Medida Provisória que estabelece que os 20% da Reserva Legal poderão ser suplementados pela preservação permanente. "Não é possível que toda essa gente reunida aqui esteja errada", disse.

O senador Osmar Dias (PDT), os deputados Eduardo Sciarra (PFL), Moacir Micheleto (PMDB), Dilceu Sperafico (PP), Ricardo Barros (PP), Ademir Bier (PMDB), Reni Pereira (PSDB), Élio Rush (PFL) e Duílio Genari (PP) prestigiaram o evento.


Boletim Informativo nº 857, semana de 28 de março a 3 de abril de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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