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perdeu 28 milhões de toneladas |
Entre 1996 e 2000 o Brasil deixou de colher cerca de 28 milhões de toneladas de grãos, apenas por conta das perdas ocorridas entre o plantio e a pré-colheita nas culturas de arroz, feijão, milho, soja e trigo. A maior perda ocorreu em 2000, quando se deixou de colher 6,6 milhões de toneladas. Naquele ano, o milho foi a cultura mais prejudicada, com perdas da ordem de 4,1 milhões de toneladas. Os dados são de um estudo inédito divulgado semana passada (15/03) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Indicadores Agropecuários 1996-2003. O estudo analisou e quantificou as perdas dos principais grãos da agricultura brasileira e reúne uma série de informações estatísticas de agricultura, produzidas pelo IBGE e por vários outros organismos. De acordo com o levantamento, por exemplo, se as perdas da primeira fase são resultantes de fatores mais incontroláveis, como clima e doenças, as perdas durante a colheita são conseqüência de erros sistemáticos de regulagem de máquinas ou de limitações próprias da colheita manual, que se repetem a cada safra. O mesmo ocorre na fase de pós-colheita, quando as perdas são causadas por armazenamento incorreto, o que reduz a quantidade e a qualidade dos produtos estocados. Na avaliação do coordenador de Agropecuária do IBGE, Carlos Alberto Lauria, estes fatores não podem ser controlados, mas devem ser amenizados com investimentos. "No caso da seca, o produtor pode proteger sua cultura investindo em irrigação. No caso da chuva, é recomendável que o produtor faça um gerenciamento para saber a melhor época de plantio e quanto às doenças, o uso de defensivos ainda é a melhor prática", disse. Para Lauria, as perdas com o transporte só serão resolvidas com a melhoria da infra-estrutura das estradas. Cerca de 67% da produção brasileira é escoada pelas rodovias, que em sua maioria (80%) apresentam mal estado de conservação. Dados da CNA indicam que o prejuízo com o derrame de grãos durante o transporte rodoviário chega a R$ 2 ,7 bilhões a cada safra. Quanto ao armazenamento, as perdas estão relacionadas à falta de mão-de-obra qualificada para o manuseio dos grãos e também pelas condições inadequadas dos silos de estocagem. O engenheiro agrônomo da Embrapa, Nilton Pereira da Costa, especialista em soja e que também participou do estudo, disse que a expectativa de perda de soja para a safra 2004/2005 é de 44 milhões de sacas, ou seja, 2,6 milhões de toneladas, o que corresponde a quase 3% da produção estimada para este ano. Em valores, as perdas chegam R$ 1,3 bilhão, dinheiro que, conforme explicou, daria para comprar 12 mil tratores, ou 62 mil carros populares, ou ainda 8,2 milhões de cestas básicas. |
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Boletim Informativo nº 856,
semana de 21 a 27 de março de 2005 |
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