Situação do Porto de Paranaguá
preocupa exportadores de cereais

A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) teme que o Porto de Paranaguá ponha a perder ganhos que o Brasil deve ter na atual safra de soja, algo em torno de 5 a 8 milhões de toneladas de grãos adicionais para exportação. A Anec fez o alerta em ofício enviado ao diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquoviários (Antaq), Carlos Alberto Wanderley Nóbrega.

Os exportadores estão preocupados com a "indefinição reinante em Paranaguá em relação à exportação de soja transgênica, à pré-qualificação dos operadores portuários e ao regulamento da safra".

Se for confirmada a previsão de uma safra recorde, de 62/64 milhões de toneladas de soja (50 milhões na safra passada), a Anec calcula que o país terá que exportar cerca de 24 a 27 milhões de toneladas de soja em grão, já que o aumento nas previsões de farelo e óleo não é significativo.

O diretor-geral da Anec, Sérgio Teixeira Mendes, diz que "para que seja viabilizado um volume de exportação de soja em grão da ordem de 24 a 27 milhões de toneladas, todos os portos têm que funcionar de maneira primorosa, sem interrupções de qualquer ordem, burocrática ou operacional".

"Todo o esforço do governo deverá estar concentrado em Paranaguá", alertam os exportadores, "para que o Brasil não venha a perder para a Argentina este adicional volumétrico de 5 a 8 milhões de toneladas que, ao preço FOB de hoje, significa algo entre 1 e 1,6 bilhão de dólares em divisas para o país". Nos cálculos da Anec, Paranaguá, o principal porto graneleiro do país, teria que exportar algo como 10 milhões de toneladas de soja em grão – se a previsão de safra recorde se cumprir. Seria um aumento de 100% em suas exportações, já que os demais portos do país não comportam aumentos significativos.

Na última safra, as dificuldades criadas pela administração do Porto de Paranaguá se refletiram no desempenho das exportações de soja em grão em outros portos brasileiros. O Porto de Santos ultrapassou Paranaguá em volume embarcado, 5,629 milhões de toneladas contra 5,135 milhões de toneladas, o que não acontecia desde 1995. O porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, também foi beneficiado pelos entraves em Paranaguá, e embarcou, no ano passado, 1,135 milhão de toneladas de soja em grão (contra 846 mil toneladas em 2003).