Adotadas medidas antidumping para
importações de lácteos da Argentina

O Brasil firmou novo compromisso de preços mínimos de importação de leite em pó com indústrias da Argentina, evitando uma possível retomada da prática de dumping, ou seja, a venda de lácteos com preços abaixo do custo de produção. As regras constam na Resolução nº 02 da Câmara de Comércio Exterior (Camex), publicada na edição de 18 de fevereiro do "Diário Oficial" da União. A medida atende solicitação da CNA, entidade peticionária da ação antidumping.

A CNA contou com o apoio da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Confederação Brasileira das Cooperativas de Laticínios (CBCL) e

Leite Brasil na ação. "As medidas que combatem o dumping são importantes para evitar a importação de leite em pó com preço abaixo do custo de produção, ou seja, em condições desleais", diz o presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite (CNPL) da CNA, Rodrigo Alvim. Segundo ele, com o compromisso de preços mínimos, o produtor de leite brasileiro tem condições de ampliar a sua competitividade.

A regra estabelecida pela Camex fixa o preço mínimo para as importações da Argentina em US$ 1,9 mil por tonelada de leite em pó. Caso a indústria argentina venda ao Brasil por preço inferior, será aplicado um coeficiente gradual de 2% a cada US$ 50 de queda no preço, a partir do limite de US$ 1,9 mil por tonelada, até o máximo de 10%. Isso significa, por exemplo, que na situação de venda de leite em pó por US$ 1,85 mil por tonelada, o preço de internalização final seria de US$ 1,887 mil por tonelada. No caso da venda de leite em pó argentino por US$ 1,65 mil ao Brasil, o preço final seria de US$ 1,815 mil por tonelada.

A primeira vez em que o Brasil adotou medidas antidumping na importação de leite em pó da Argentina foi em 2001, com duração de três anos. Em fevereiro de 2004, ao final do período de vigência da primeira edição da medida de combate ao dumping, a CNA entrou com pedido de revisão do processo. Segundo a Confederação, havia risco de que fosse retomada a venda de leite em pó ao Brasil com preço abaixo do custo de produção, prejudicando os produtores de leite brasileiros.

Desde que foram adotadas as medidas antidumping, Brasil e Argentina ampliaram suas exportações globais de lácteos, reforçando o Mercosul como pólo do setor. Em 1999, a Argentina exportou 169,1 mil toneladas de leite em pó, sendo 149,5 mil toneladas (88,4% do total) para o Brasil. Em 2004, a Argentina exportou 200 mil toneladas de leite em pó, sendo apenas 17,6 mil toneladas (9%) do total para o mercado brasileiro.

O Brasil, por sua vez, enfrentou a pior situação na balança comercial de lácteos em 1998, quando houve déficit de US$ 503,6 milhões. No ano passado, pela primeira vez, o Brasil teve superávit na balança comercial de lácteos, com saldo positivo de US$ 11,5 milhões. "Conseguimos, nos últimos anos, promover o aumento da competitividade do setor lácteo, como pode ser visto por meio dos números da balança comercial", diz Alvim.

Vendas de café

O governo realizou semana passada mais um leilão de café dos estoques governamentais. Foram negociadas 78.559 sacas do produto, representando 98,2% da oferta disponibilizada - 80 mil sacas. O valor total da operação chegou a R$ 12,9 mi, com o preço médio da saca atingindo R$ 165,06. Com esta venda o governo praticamente elimina dos seus estoques as chamadas "pilhas caídas". São produtos provenientes de sacarias estouradas e que ficam espalhados nos armazéns. O leilão foi o quarto realizado pelo Mapa desde de janeiro. Com os pregões, o governo vendeu um total 207 mil sacas de café este ano, gerando uma receita de R$ 34,9 milhões.


Boletim Informativo nº 853, semana de 28 de fevereiro a 6 de março de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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