Estiagem afeta lavouras de
soja e milho no Paraná

A safra de verão já começa a sentir os efeitos da estiagem que assola várias regiões do Paraná. As culturas de soja e milho são as mais afetadas pelo clima, segundo levantamento divulgado semana passada (23/02) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura. A quebra na produção de soja já chega a 6% em todo o estado – mesmo porcentual da quebra de safra do milho. Só na região Oeste, 15% da safra de soja já foram comprometidos, ocasionando prejuízos de aproximadamente R$ 200 milhões aos agricultores. A quebra na produção ameaça frustrar a possibilidade de o Paraná colher uma safra recorde de grãos neste ano.

De acordo com o Deral, a falta de chuvas é maior no Oeste e Sudoeste, regiões que respondem por aproximadamente 40% da produção agrícola do estado. Em algumas cidades, o período de estiagem já dura mais de 30 dias. De acordo com o Simepar, as duas regiões já apresentam um quadro de deficiência de umidade desde dezembro passado. Com o clima seco, as principais culturas de verão, como soja e o milho safrinha, começam a perder o rendimento, aumentando os prejuízos dos agricultores, que já enfrentam o baixo preço das commodities e a queda do dólar.

Na região Oeste, a quebra na produção da soja já alcança 10% na região de Cascavel e 15% em Toledo, conforme levantamento feito na sexta-feira passada pelos respectivos núcleos da Seab. Isso representa um prejuízo de aproximadamente R$ 200 milhões, dinheiro que deixará de circular na economia regional.

Para os técnicos, a perda de produtividade já frustra a possibilidade de o Paraná obter uma safra recorde de soja neste ano. A estimativa inicial do Deral era de 12,4 milhões de toneladas. Isso representaria um aumento de 22% em relação à safra anterior. Na região de Cascavel, 30% das lavouras foram colhidas. O milho safrinha é outro produto duramente castigado pela estiagem. Muitos agricultores semearam o produto na terra seca, esperando pela chuva, mas perderam tudo.

Segundo o Deral, o atual quadro deve diminuir a área de milho safrinha neste ano. As atividades de avicultura e bovinocultura também sentem os efeitos da estiagem. Nos laticínios da região a produção de leite caiu pelo menos 20%, porque as pastagens secaram. Em algumas propriedades rurais, os agricultores estão sendo obrigados a recorrer a rios e carros-pipa para abastecer de água os aviários e o gado.

Cotações da soja em Chicago
refletem clima seco brasileiro

A seca prolongada nas regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil já reflete nos preços futuros na Bolsa de Chicago. Os contratos futuros para o primeiro vencimento, março/05, fecharam em Chicago (23/02) em US$ 5,76/bushel (US$ 12,71/saca). Já os contratos para maio/05 encerraram o pregão em US$ 5,82/bushel (US$ 12,83/saca).

Este repique de preços teve início a partir das primeiras notícias sobre a estiagem nas principais regiões brasileiras, com reflexo imediato nas cotações internacionais. Os contratos para setembro/05 fecharam em US% 5,86/bushel (US$ 12,93/saca) e os contratos para novembro/05 foram encerrados em US$ 5,91/bushel (US$ 13,04/saca).

A reação de preços também foi registrada no mercado interno, com preços mais firmes, alinhados com os preços em Chicago. Em Paranaguá, preço CIF de R$ 33,30/saca. Em Cascavel os preços passaram de R$ 27,00/saca para R$ 29,00/saca. No Norte do Estado preços de R$ 29,00/saca.


Boletim Informativo nº 853, semana de 28 de fevereiro a 6 de março de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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