Brasil será o maior exportador de soja
do mundo em 2014, diz relatório do USDA

Entre as projeções consta que o País deverá consolidar sua posição como maior exportador mundial de soja em grão e farelo de soja, ampliando sua fatia de mercado mundial de 35% nos anos recentes para 45% em 2014. A expansão de produção agrícola em países como o Brasil, a Argentina, o Canadá e o Cazaquistão, sinaliza maior competição para os Estados Unidos nas exportações de algumas commodities agrícolas

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou em fevereiro relatório-base de projeções agrícolas para 2014 elaborado pela Interagency Agricultural Projection Committee, abrangendo as principais commodities agrícolas, produção, consumo, comercialização e tendência de preços. As projeções foram realizadas entre outubro e dezembro de 2004 e têm como base o relatório de novembro de 2004. Cabe salientar que as projeções consideraram um quadro mundial dentro da normalidade, adotando as premissas específicas da macroeconomia, a política agrícola norte-americana vigente (2002 Farm Act), condições climáticas normais e o desenvolvimento internacional.

O objetivo principal do relatório reside em ter um referencial para discussões e alternativas para o setor agrícola, tendo presente que se tratam de projeções e, portanto, são tendências de mercado. O relatório-base, além de delinear um cenário para o agronegócio norte-americano, contempla expectativas para o Brasil setor agrícola

Entre as projeções para o Brasil consta que o País deverá consolidar sua posição como maior exportador mundial de soja em grão e farelo de soja, ampliando sua fatia de mercado mundial de 35% nos anos recentes para 45% em 2014. A expansão de produção agrícola em países como o Brasil, a Argentina, o Canadá e o Cazaquistão, sinaliza maior competição para os Estados Unidos nas exportações de algumas commoditties agrícolas.

Os três países líderes na exportação de soja em grão (Estados Unidos, Brasil e Argentina) respondem por mais de 90% do comércio mundial. De acordo com o relatório, face à contínua expansão de área o Brasil deverá consolidar a posição de liderança nas exportações mundiais de soja em grão e farelo de soja. Não obstante o combate à ferrugem da soja aumentar o custo de produção, o relatório aponta que a soja permanece mais rentável que as outras culturas na maior parte das regiões do Brasil.

A área mundial de soja em grão sinaliza um declínio relativamente ao elevado incremento observado em 2004, como resposta aos baixos preços, função direta da produção mundial recorde. Conforme as projeções efetuadas, o USDA prevê que a área mundial de soja tende a diminuir até 2009, porquanto a queda da rentabilidade da soja nos próximos anos, aliada às perspectivas do milho - tem um cenário de preços mais elevados e maior rentabilidade, além de maior demanda por metanol - deverá provocar migração de área de soja para milho e uma certa estabilização na área de soja.

As projeções dos preços internacionais da soja em grão no período 2003/04 a 2014/15 indicam que até 2006/07, o preço médio deverá ficar em torno de US$ 4,90/bushel, equivalente a US$ 10,91/saca; a partir de 2008/09 o preço médio passa para US$ 5,25/bushel (US$ 11,57/saca). Importa ter presente que o preço médio da soja deverá permanecer abaixo da média histórica dos últimos dez anos, de US$ 6,00/bushel (US$ 13,22/saca), conforme tabela a seguir.

USDA - PROJEÇÕES DE PREÇOS INTERNACIONAIS - SOJA EM GRÃO - 2003/04-2014/15

 

03/04

04/05

05/06

06/07

07/08

08/09

09/10

10/11

11/12

12/13

13/14

14/15

US$/bushel

7,34

4,95

4,50

4,60

4,85

5,25

5,50

5,55

5,60

5,65

5,65

5,70

US$/saca

16,18

10,91

9,92

10,14

10,69

11,57

12,12

12,23

12,34

12,45

12,45

12,57

Fonte: USDA Agricultural Baseline Projections to 2014

As projeções do USDA Baseline Projections referentes à comercialização de soja em grão sinalizam que a partir de 2008/09, o Brasil deverá responder por 44% das exportações mundiais do produto, com tendência crescente alcançando 54% do mercado internacional em 2014/15. As exportações brasileiras de soja em grão deverão passar de 19,8 milhões de toneladas para 49,4 milhões de toneladas. Os Estados Unidos sinalizam perda de fatia de mercado, passando de uma participação de 44% em 2003/04 para 30% em 2014/15. A Argentina também tem sinalização de perda de participação no mercado internacional, passando de 12% para 7% em igual período.

USDA – Projeções Exportação Mundial de Soja em Grão – 2003/04 – 2014/15

(milhões de toneladas)

 

2003/
2004

2004/
2005

2005/
2006

2006/
2007

2007/
2008

2008/
2009

2009/
2010

2010/
2011

2011/
2012

2012/
2013

2013/
2014

2014/
2015

Arg

6,8

7,7

7,1

7,2

7,3

7,3

7,2

7,2

7,2

7,1

6,9

6,7

Br

19,8

22,3

23,1

25,9

29,2

33,7

37,7

40,5

43,2

45,3

47,4

49,4

EUA

24,1

27,5

29,9

30,1

29,9

28,7

28,0

28,0

28,0

27,9

27,9

28,0

China

0,3

0,2

0,3

0,3

0,3

0,3

0,3

0,3

0,2

0,2

0,2

0,2

Outros América Sul

3,2

3,8

4,0

4,2

4,5

4,8

5,1

5,3

5,6

5,9

6,2

6,5

Outros

1,1

1,2

1,2

1,2

1,2

1,2

1,1

1,1

1,1

1,1

1,1

1,1

Total

55,3

62,7

65,6

69,0

72,4

75,9

79,4

82,4

85,3

87,6

89,9

92,0

Fonte: USDA Agricultural Baseline Projections to 2014

 

 

Gilda Bozza Borges
Economista - DTE/FAEP


Boletim Informativo nº 853, semana de 28 de fevereiro a 6 de março de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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