Temor pelo que virá
da escola do MST

Ênfase seria para política, organização da massa
popular e pensamento socialista


Foto: site do MST

Embora o PT governamental tenha se fracionado, até como forma de sustentar o equilíbrio da governabilidade, o PT político manteve seu ideário e isto se revela agora, mais uma vez, com o apoio à Escola Nacional do MST, que será inaugurada domingo (16/01) em Guararema (SP) e vai ensinar política diferenciada, enfatizando a organização popular e o pensamento socialista. A implantação desse sistema de formação dirigida, que tratará também de questões agronômicas e agroecológicas, não deixa de causar uma certa apreensão. Porque pode-se hoje estudar ciência política na rede normal de ensino.

Teme-se que essa escola, pelas suas propostas curriculares, produzirá também agentes de doutrinação ideológica. A escola não irá desprezar a formação de efetivos de militância tática e logística, porque não irão faltar mestres especializados, oriundos de todas as partes do planeta. A ideologia que alcançou o poder (MST no bojo) acabaria por afunilar-se na criação de instituições do gênero, mais do estilo de produzir política de doutrinação em

massa e menos de pensar e fazer governo.

O dinheiro da instituição, até agora 1 milhão e 300 mil dólares, veio de ONGs da União Européia, sob o rótulo de ‘’fundo destinado ao financiamento de ações de desenvolvimento sustentável em comunidades urbanas e rurais’’. Como o MST não tem estrutura legal, nunca desejando ser partido para não assumir as responsabilidades pertinentes, preferindo declarar-se movimento social o dinheiro foi recebido pela Associação Nacional de Cooperação Agrícola, a ANCA, entidade para a qual são carrreadas as doações feitas ao MST para as suas estratégias de invasões e não naturalmente para projetos de reforma agrária.

O apoio que a escola recebeu do ministro da Educação, Tarso Genro (esquerdista histórico), da Eletrobras e do Banco do Brasil, não causa estranheza. Segue a ideologia do partido no poder, o que é natural no processo político. A meta da escola é formar mestres para a admininstração de seu currículo-mestre, que é, como se disse mais acima, a organização popular e o pensamento socialista uma reedição ideológica das esquerdas do passado o que viria a desembocar numa contra-ação de longa duração e de resultados desastrosos.

A disciplina é aparentemente normal: ‘’Formação de quadros nas áreas de ciências humanas e sociais’’, mas óbvio que o MST não irá investir apenas em uma escola de formação técnica, porque essa estrutura já existe, e muito boa. Seu objetivo (pode-se prever, pelo que sugerem as entrelinhas da matéria divulgada ontem, 16/01) seria a formação de comandos de ação política doutrinadora e estratégia, em cuja mira estariam os grandes produtores rurais. Não creiam os brasileiros que, dessa escola, emergirão apenas santos homens que venham a aplicar um novo ordenamento no campo, mesmo que defendendo causas boas como a agroecologia e o abandono de tecnologias que contemplem os agrotóxicos, porém também agentes que irão abalar a paz pública.

Se a rede educacional instalada não serve para formar os políticos da linhagem que o MST deseja, já se sabe a que vem essa escola específica de formação. O que se quer dizer é que falta ao MST a credencial para ensinar política. Da árvore se sabe o fruto.

(Editorial publicado no jornal Folha de Londrina, de 17 de janeiro de 2005)


Boletim Informativo nº 849, semana de 24 a 30 de janeiro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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