Estudo do
IPEA mostra que |
Reportagem publicada dia 11 pelo jornal o Estado de S. Paulo divulga um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostrando que o crescimento da área plantada da soja teve uma explosão nos últimos três anos, com expansão média anual de 13,8% - quatro vezes mais do que a média de 3,6% dos dez anos anteriores. A reportagem, assinada pelos jornalistas Nilson Brandão Junior e Irany Tereza, diz que o IPEA conclui que um avanço tão rápido quanto este se deu, basicamente, em cima de "pastagens degradadas" e não de "áreas virgens". Gervásio Castro de Rezende, um dos autores do documento, explica que o texto preparado tem o objetivo de demonstrar que, ao contrário dos ataques dos ambientalistas, o rápido crescimento da soja no País não está se dando à custa do desmatamento do cerrado e da floresta amazônica. Segundo ele, o trabalho desafia essa facilidade com que se falam as coisas no Brasil. "É fácil demonizar a soja, mas três anos não seriam suficientes para todo esse protesto de desmatamento. Isso é ignorância", diz o pesquisador. O estudo não exclui a possibilidade do uso de áreas virgens, mas em "escala modesta", que não justifica o forte crescimento da cultura nos últimos anos. Segundo o Estado de S. Paulo, o pesquisador do IPEA cita dados do último censo agrícola do IBGE, referente a 1995/96, para mostrar que a área de lavoura da Região Centro-Oeste é de 6 milhões de hectares, muito inferior aos 73 milhões hectares de área de pastagem. Os pecuaristas arrendam área para os agricultores, que, segundo ele, já encontram solo preparado para o plantio. O avanço se dá basicamente na microrregião denominada "Nortão do Mato Grosso", alvo de intensas denúncias de organizações não governamentais. Simbiose - "O nortão e o Vale do Araguaia foram desmatados na década de 70, durante o regime militar. O governo queria ocupar a Amazônia e a pecuária cresceu à custa dos subsídios oficiais. No município de Querência, não havia até pouco tempo nenhum produtor de soja, eram só pecuaristas. Agora há uma espécie de simbiose entre lavoura e pecuária. Mas quando a soja chegou não havia mais vegetação nativa. Aquela região é uma área onde há muitos interesses e pouca pesquisa séria", diz Rezende. Segundo o estudo, o crescimento do rebanho bovino da década de 1990 foi de 1,1% ao ano, e nos últimos três anos praticamente quadruplicou, chegando a 4,3%. Castro de Rezende explica que o avanço da pecuária exige a melhoria das pastagens, o que, em última análise, é possível com o plantio da soja. Na prática, o pecuarista arrenda a terra ao plantador, que prepara o terreno, paga o aluguel com sacas do produto e devolve a terra, três anos depois, numa condição melhor. |
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Boletim Informativo nº 848,
semana de 17 a 23 de janeiro de 2005 |
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