Setor
lácteo cresce na geração |
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Em 2004 a pecuária leiteira nacional deu mostras que, além de seu conhecido papel social por ser a cadeia que mais emprega mão-de-obra, está crescendo também na geração de divisas para o país através do crescimento das exportações. Este é um fato para comemorar! Os preços recebidos pelos produtores em 2004, em valores reais, considerando a inflação pelo IGP-DI, ficaram 2,5% abaixo dos registrados em 2003. Porém os custos de produção subiram menos que a inflação, permitindo que o resultado do ano fosse próximo ao de 2003. |
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A elevação de 20% nos preços dos fertilizantes aumentará os custos de produção de volumosos em 2005, porém a queda nos custos do farelo de soja deverá amenizar o impacto. Durante este ano, mesmo na entressafra não se verificaram quedas bruscas nos preços e o aumento das exportações deverá manter os preços aquecidos, esperando-se estabilidade para o mês de dezembro. As empresas exportadoras já têm compromissos assumidos até o 1º trimestre de 2005, fato que as obrigará a lançarem-se ao mercado buscando garantir seus fornecedores, o que acena com preços interessantes para os produtores. O crescimento das exportações foi a grande notícia para o setor leiteiro em 2004: pela primeira vez o Brasil poderá alcançar superávit na balança comercial de lácteos. No início do Plano Real em 1995 o aumento do poder aquisitivo da população e a opção pelos derivados do leite levou o país a realizar a maior importação da história: US$ 610 milhões em produtos lácteos. A partir daí muitas mudanças favoráveis ocorreram no setor, marcadas pela busca de mais profissionalismo tanto na produção quanto na indústria e comercialização, a ponto de em 2004 as importações situarem-se na casa dos US$ 60 milhões, redução fantástica frente aos US$ 610 milhões de 1995. A expectativa é de exportações da ordem de US$ 80 milhões em 2004, já tendo atingido US$ 57,5 milhões até setembro. Os principais produtos exportados são leite-condensado, leite-em-pó e queijos. Duas cooperativas paranaenses estão se destacando nas exportações: Confepar, de Londrina; e Frimesa, de Medianeira. A primeira exportando leite-em-pó; e a segunda queijos, principalmente para países da África e Oriente Médio. O bom desempenho das exportações está permitindo que tradings como a SERLAC, da qual participa a Confepar e empresas como Itambé, DPA, Embaré, tragam não apenas divisas para o país, mas principalmente regulem o mercado evitando que excedentes de oferta causem quedas bruscas nos preços aos produtores. Para o Paraná o ano de 2004 representou a consolidação do Conseleite como ferramenta de extrema importância a servir de base para negociações de preços entre produtores e indústrias, favorecendo o estabelecimento de contratos, algo que, antes do Conseleite, apresentava grandes dificuldades pela impossibilidade de ter uma projeção de preços confiável. O Conseleite Paraná, Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite, foi constituído em 2003 com o objetivo de divulgar mensalmente preços de referência para o pagamento do leite ao produtor. Pela metodologia desenvolvida, no dia 15 de cada mês é divulgada a projeção do preço de referência para aquele mês e o fechamento do preço referência do mês anterior. Devem ser consideradas também outras vantagens trazidas pelo Conseleite como a transparência do mercado, uma vez que mensalmente são divulgados os preços médios de comercialização no atacado, pelas 14 indústrias participantes do Conselho, de 14 produtos derivados de leite. É uma vitrina onde cada indústria participante pode comparar o desempenho de seu departamento de vendas e localizar-se, identificando se está comercializando bem ou se é necessário maior empenho para elevar seus preços próximos à média. O desempenho das indústrias é de extrema importância também para os produtores de leite, pois segundo a metodologia Conseleite os preços obtidos pelas indústrias e o preço da matéria-prima variam na mesma direção, assim quanto maior for o preço alcançado pelos produtos no mercado, maior será o poder de remuneração da matéria prima. Outro aspecto favorecido pelo Conseleite é a possibilidade de planejamento da produção viabilizada pelo conhecimento antecipado da tendência de preços, mas o grande destaque do ano de 2004 foi o início do estabelecimento de contratos, uma antiga reivindicação do setor que se concretiza porque agora produtores e indústrias encontraram na divulgação dos preços-referência do Conseleite o parâmetro que sempre lhes faltou para a fixação de preços nos contratos. Os últimos dados divulgados pelo Conseleite apontam tendência de estabilidade para o leite pago aos produtores em dezembro. O gráfico a seguir mostra os valores de referência no período novembro 2003 ao primeiro decêndio de dezembro de 2004. Merece destaque a estabilidade de preços nos últimos meses, mesmo no período de safra os preços não caíram como tradicionalmente acontece. Entre outros aspectos isso é reflexo do bom desempenho das exportações. Como a metodologia Conseleite atrelou os preços-referência ao desempenho comercial dos derivados lácteos, sai de cena o perde-ganha (para a indústria ganhar o produtor tinha que perder e vice-versa) para dar lugar ao ganha-ganha, com os dois setores ganhando juntos ou perdendo juntos. Quanto à produção nacional de leite, dados recentemente divulgados pelo IBGE, referentes ao ano de 2003, colocam o Paraná no 4º lugar entre os estados produtores, com 2,41 bilhões de litros. Minas Gerais continua sendo o 1º estado produtor, com 6,320 bilhões de litros, seguido por Goiás, com 2,523 bilhões; e Rio Grande do Sul em 3º lugar, com 2,305 bilhões. No ranking dos municípios brasileiros maiores produtores, Castro repete a performance alcançada em 2002, colocando-se em 1º lugar, com a produção de 113,9 bilhões de litros. Além de Castro, outros três municípios paranaenses colocam-se entre os 15 maiores produtores do Brasil: Marechal Cândido Rondom, com 68,3 milhões de litros (12º lugar); Toledo em 13º lugar, com 66,40 milhões de litros; e Carambeí, com 62 bilhões de litros, está em 15º lugar. Maria
Sílvia C. Digiovani |
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Boletim Informativo nº 848,
semana de 17 a 23 de janeiro de 2005 |
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