Viagens técnicas aos Estados Unidos |
Crescimento
do PIB dos EUA |
Entre 18 a 26 de setembro e 8 a 16 de outubro de 2004 foram realizadas viagens técnicas aos Estados Unidos, por duas comitivas integradas por presidentes de Sindicatos Rurais, técnicos da FAEP, do SENAR, da OCEPAR, do SEBRAE, da Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná e jornalistas. A comitiva percorreu, de ônibus, 1.950 km conhecendo a Bolsa de Chicago, propriedades de grãos, frutas, centros de pesquisas, universidades e Farms Bureau nos estados de Illinois, Indiana, Iowa e Michigan. Este é o terceiro artigo preparado pela economista Gilda M. Bozza e a agrônoma Maria Sílvia Digiovani, do DTE/FAEP, que o Boletim publica.
Os Estados Unidos respondem por mais de 30% da economia mundial. O PIB mundial é de US$ 34,5 trilhões e a participação americana é de US$ 11 trilhões. O crescimento do PIB em 2004 está estimado em 4,7%, sinalizando a recuperação da economia norte-americana. A agropecuária participa com 2%; a indústria por 18% e serviços por 80%. Em 2003 a balança comercial norte-americana apresentou déficit de US$ 496 bilhões com sinalização para 2004 de novo déficit negativo em torno de US$ 581 bilhões. População A população americana atual é de 291,4 milhões de habitantes (78% urbana e 22% rural). A renda per-capita é de US$ 37.400. O número de propriedades rurais vem decrescendo nas últimas décadas passando de 6,8 milhões para 1,9 milhão. Assim como acontece no Brasil, os filhos dos produtores americanos também não permanecem no campo. Envolvidos diretamente com a atividade agrícola existe atualmente menos de 2% da população. Produtividade média Os Estados Unidos participam com 19% da produção mundial de grãos: 295 milhões de toneladas de milho, 84 milhões de toneladas de soja e 59 milhões de toneladas de trigo são os principais. O Brasil participa com 6 %, tendo maior participação na produção de soja. A produtividade média norte-americana é de 9.931 kg/ha para o milho e de 2.822 kg/ha para a soja. Existem ilhas de produtividade, como a região visitada, onde determinada propriedade tem um rendimento médio de 12.000 kg/ha no milho e a soja alcança um rendimento de 4.450 kg/ha. No Paraná a soja tem produtividade média de 3.000 kg/ha e o milho 5.500 kg/ha. Existem igualmente "ilhas de produtividade" com propriedade que alcançam rendimento médio de 4.500 kg/ha para a soja e de 12.000 kg/ha para o milho, conforme dados da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB). Estrutura Fundiária O tamanho da propriedade agrícola americana na região visitada varia entre 180 a 400 hectares, com a ressalva que são necessários 400 hectares para trabalhar somente com grãos e ter viabilidade econômica. O tamanho médio da propriedade norte-americana é de 180 hectares contrapondo-se ao tamanho médio da propriedade no Paraná de 32,4 hectares. Uma característica que chama a atenção é que as propriedades agrícolas são familiares, isto é, quem toca é a unidade familiar. Contratam mão-de-obra temporária apenas nos períodos críticos, em regime de meio período com salário entre US$ 6,75 a US$ 10,00/hora. Preço da Terra Em janeiro de 2004, o preço médio da propriedade norte-americana, foi de US$ 3.360/hectare (R$ 9.509,00/ha) um aumento de 7% em relação ao ano de 2003. É o maior aumento desde 1994. Este incremento foi impulsionado pela combinação de fatores, tais como: juros baixos, aumento da produção e dos preços das principais commodities e forte demanda por terras destinadas a outros usos. Na região visitada, conhecida como "Corn Belt" (principal produtora de soja e milho), o valor imobiliário aumentou 8%, com preço médio superior ao nacional, em torno de US$ 5.681/hectare (R$ 16.078,00/ha), correspondente ao preço praticado da soja na Bolsa de Chicago a R$ 473 sacas/hectare, podendo extrapolar, em alguns casos, para US$ 8.398 a US$ 9.880/hectare, em razão do solo, características, localização. Já o valor da terra nua teve um aumento de 8,4% em relação ao ano de 2003, com preço médio de US$ 6.076/hectare (R$ 17.195,00/hectare). Observa-se que o preço da terra norte-americana para a lavoura apresenta uma semelhança ao preço da terra no Paraná (em média 413 sacas/soja por hectare), variando também de acordo com as características, solos, localização, etc. O custo de arrendamento de terras para lavoura no "Corn Belt" situa-se entre US$ 222,00 a US$ 445,00/hectare/ano. No Brasil o arrendamento para lavoura de soja é em média 12 sacas/hectare (em torno de R$ 408,00/hectare/ano, ao preço atual de R$ 34,00/saca). O imposto territorial nos EUA custa, em média, US$ 4.000,00/ano, variando de acordo com a terra, isto é, quanto melhor a terra maior a taxação. Este imposto retorna para o produtor norte-americano sob a forma de conservação de estradas, escolas, bibliotecas, assistência médica, segurança. Lei Agrícola Americana – Farm Bill Há quatro anos atrás, quando da primeira viagem técnica de produtores rurais paranaenses ao Meio-Oeste norte americano, pode-se constatar que o Brasil detinha tecnologia e apresentava níveis de produtividade compatíveis com os maiores produtores mundiais. Na oportunidade ficou claro que a excessiva carga de impostos sobre a produção e o custo do transporte eram os pontos negativos à competitividade brasileira e se contrapunham com os incentivos concedidos nos Estados Unidos. Na época a Lei Agrícola Norte-Americana, em vigor desde 1996 e vigência até 2002, garantia para a soja em grão, através do LDP – Loan Deficiency Payement, um preço mínimo de US$ 5,25/bushel (cerca de US$ 11,57/saca); quando o preço de mercado ficava abaixo desse referencial, o governo bancava a diferença ao produtor que estivesse amparado pelos programas de empréstimos e conservação dos solos. Os produtores contavam, também, com o plano de subsídios, denominado pagamento de insuficiência de empréstimos. Dentro deste cenário, o Brasil já constituía uma forte preocupação aos norte-americanos, porquanto é um dos únicos países no mundo com áreas para produzir safras crescentes. Ademais, há por mencionar a nova Lei Agrícola Americana – Farm Bill 2002, com vigência até 2007, que aprovou US$ 180 bilhões em subsídios em dez anos. Os subsídios de US$ 18 bilhões não ferem os acordos internacionais, haja vista que conforme a Organização Mundial do Comércio todo subsídio desvinculado à produção é permitido, isto é, depende do entendimento dado. A nova lei recriou a política de "preços-alvo" ("target prices"), abolida em 1996. Essa política funciona, na prática, como um sistema de rentabilidade mínima do produtor, uma vez que, o agricultor já é beneficiado com a política de preço mínimo, baseada em projeções dos preços de mercado, e com um "pagamento direto". Concorrência Brasileira Maior produtor mundial de soja, os Estados Unidos vem perdendo participação no mercado internacional, sobretudo para o Brasil e a Argentina. Os norte-americanos dominavam mais da metade do mercado mundial na safra 1999/2000, com uma fatia de 57% das exportações. Nos anos recentes prevaleceu a maior agressividade dos dois países sul-americanos. A participação brasileira passou de 24% para 30%, praticamente um terço do mercado mundial, enquanto os argentinos elevaram sua fatia de 23% para 26%. Os aumentos de produção nos três principais países produtores têm fatores diferenciados. No Brasil, o aumento é produto das novas tecnologias e da ampliação da fronteira agrícola, notadamente no Centro-Oeste brasileiro. Na Argentina o aumento se deu às custas de áreas de pastagens e nos Estados Unidos, em função dos subsídios. A alta competitividade na produção de grãos, a disponibilidade de novas áreas agricultáveis e o clima favorável, são fatores que preocupam a concorrência. A supremacia brasileira no mercado internacional do complexo soja é inconteste, e esta competição não vem sendo bem digerida pelos produtores norte-americanos. Este avanço do país em fatias do mercado internacional, ocupando e ampliando espaços, levou os Estados Unidos a manterem um monitoramento detalhado da produção brasileira de soja e seus fluxos para o mercado internacional; a elaborar estudos sobre custo de produção brasileira de soja e a competitividade brasileira. Em dezembro de 2001, o USDA publicou o estudo "Agriculture in Brazil and Argentina: Developments and Prospects for Major Field Crops", (www. usda. gov) efetuando no capítulo cinco, uma análise dos custos de produção, transporte e marketing das principais regiões produtoras (Brasil, Argentina e Estados Unidos) em relação ao destino final Rotterdam do ano de 1998/99. Em janeiro de 2003, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA, (www. usda.gov) publicou o documento "Brazil: Future Agricultural Expansion Potential Underrated", resultado da viagem realizada por técnicos do USDA/FAS ( FOREIGN AGRICULTURAL SERVICE), quando mantiveram contato com produtores, órgãos de pesquisa, setor do agronegócio e consultores especializados para conhecer mais sobre o futuro da agricultura brasileira. A principal observação manifestada é que o futuro da agricultura brasileira tem um enorme potencial e as estimativas prévias subestimam o potencial de expansão. O documento relata também que regiões antes consideradas inviáveis para produção comercial em razão da distância do mercado, hoje se tornaram viáveis. Reconhecem que a expansão da agricultura brasileira se deu, entre outros fatores, mediante a existência de um empreendedorismo altamente eficiente. O referido relatório mostra como a evolução e o potencial do campo no Brasil preocupam os Estados Unidos. Em junho de 2003, um outro documento do USDA, intitulado "Brazil’s Record Harvest in 2002/03 Narrows Gap with U.S. Soybeans" faz uma análise do crescimento da produção brasileira de soja nos últimos cinco anos, o que reduziu a diferença entre os Estados Unidos e Brasil na produção de soja. Assim, a produção sul- americana atingiu um papel importante no mercado, passando a influenciar os preços da soja. O documento salienta que o crescimento da produção de soja no Brasil contribuiu para a perda dos Estados Unidos de fatia do mercado exportador de soja, caindo de 57% para 28%. A afirmação final alerta que investimentos adicionais em infra-estrutura e o avanço tecnológico poderão reduzir os custos de produção no Brasil, dando continuidade à liderança da expansão de produção de soja. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA divulgou em abril/04, estudo sob título "How does Structural Change in the Global Soybean Market Affect the U.S. Price?", (www.usda.gov), enfocando a mudança estrutural no mercado mundial da soja, assinalando que o preço da soja norte-americana é cada vez mais afetado pela oferta sul-americana.De acordo com os autores, para cada 1 % de aumento na área plantada na América do Sul os preços médios da soja norte-americana caem 0,25%, isto é, enquanto o Brasil ganha em toneladas, os Estados Unidos perdem em US$/saca. O Brasil e a Argentina tornaram-se os principais concorrentes dos Estados Unidos e esta mudança estrutural provocou um impacto substancial no dinâmico mercado da soja e complicou os esforços de previsão de preços. O documento relata também que regiões antes consideradas inviáveis para produção comercial em razão da distância do mercado, hoje se tornaram viáveis. Reconhecem que a expansão da agricultura brasileira se deu, entre outros fatores, mediante a existência de um empreendedorismo altamente eficiente. O referido relatório mostra como a evolução e o potencial do campo no Brasil preocupam os Estados Unidos. O estudo destaca ainda que não obstante os entraves existentes no setor de infra-estrutura de transportes brasileiro houve um grande avanço tecnológico, paralelamente ao desenvolvimento de pesquisas de novas variedades de sementes de soja adaptadas às mais variadas condições de clima e solo e o emprego de técnicas de correção de solo, alavancando o crescimento da produção de soja no país. Ficou clarificada a apreensão dos norte-americanos diante dos espetaculares ganhos de competitividade que o Brasil obteve em anos recentes na produção de soja e milho e do desafio que isso representa para a posição dos "subsidiados produtores norte-americanos no mercado internacional". Poderá ficar subentendido, mediante a preocupação dos norte-americanos com a competitividade brasileira, que a maior economia do mundo por uma questão de estratégia geopolítica alimentar, não abrirá mão da liderança mundial na produção e estocagem de alimentos. Brasil Entre 1999 e 2004, intervalo das viagens técnicas realizadas àquele país, a economia mundial atravessou períodos de turbulência, como os ataques terroristas de setembro de 2001, a recessão norte-americana e mais recentemente com o menor desempenho das economias industrializadas e as fraudes em grandes companhias norte-americanas, sedimentando a desaceleração da atividade econômica com reflexos nas economias periféricas. A economia norte-americana precisou de quatro anos para se recuperar. A economia brasileira foi afetada experimentado incertezas e o adiamento das reformas públicas e de investimentos privados, contribuiu para taxas negativas do Produto Interno Bruto. A economia passa por fases de ajustes (aperto da política monetária) e a produção agropecuária amplia cada vez mais a sua importância como instrumento de geração de superávit para a balança comercial brasileira. O Brasil detém pontos fortes no agronegócio e o resultado de investimentos em tecnologia nos anos recentes conferiu ao país a posição de terceiro maior exportador mundial de produtos agroindustriais. No período 1990-2003, as exportações do setor do agronegócio cresceram a uma taxa média de 6,5% ao ano. O Brasil é líder mundial nas exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo), açúcar, café, suco de laranja, carnes (aves e bovina), álcool e tabaco. O agronegócio responde por 40% das exportações brasileiras e alavanca os superávits comerciais (em 2004 deverá alcançar um superávit de US$ 32 bilhões). É importante ter presente que o ritmo de crescimento das exportações brasileiras foi superior ao obtido pelos nossos maiores concorrentes, os quais contam com uma agricultura fortemente subsidiada. Recente pesquisa da Organização Mundial do Comércio (OMC) revela um crescimento das exportações brasileiras acima da média mundial. No primeiro semestre de 2004, as vendas do Brasil aumentaram em dólares 31% em relação a igual período de 2003, enquanto o aumento médio mundial foi de 20%. Vale ressaltar que o Brasil também é líder mundial em relação aos custos de produção mais baixos de soja, algodão, açúcar, celulose, frango, laranja e couro. Caso da Soja No caso da soja em grão, o custo de produção no Brasil é menor, conforme estudos do USDA e corroborado nas visitas técnicas realizadas. No Paraná, o custo de produção é de US$ 10,25/saca, no Mato Grosso é de US$ 8,43/saca e nos Estados Unidos varia entre US$ 10,80 a US$ 14,10/saca, porém esta vantagem brasileira se dilui a partir do momento que a soja sai da propriedade até o embarque nos portos. O produtor brasileiro de soja tem uma perda de receita de 16% em função das despesas portuárias e frete até o porto. Comparativamente aos americanos o produtor brasileiro deixa de ganhar US$ 25,00/t, considerando-se neste cálculo o subsídio de US$ 14,00/tonelada, concedido pela Lei Agrícola Americana, reforçando o peso da agricultura protegida e a concorrência desleal. O escoamento dos grãos nos Estados Unidos está assentado no sistema hidroviário (61%), ferrovia (23%) com a rodovia participando apenas com 16%, caracterizando um sistema de transportes eficiente. Já no Brasil a matriz de transportes é inversa: rodovia (60%), ferrovia (33%) e hidrovia (7%). Os índices agregados mostram aumento da produção brasileira de grãos que passou no período 1999-2004, de 82 milhões de toneladas para 120 milhões de toneladas. área cultivada passou de 37 milhões de hectares para 47 milhões de hectares. A produtividade média da soja brasileira passou de 2.184 kg/ha para 2.800 kg/ha. A produção do Brasil para a safra 2004/05 estimada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos é de 64,5 milhões de toneladas (28% da produção mundial) e a produção da Argentina é de 39 milhões de toneladas. Os dois principais produtores de soja da América do Sul somam 103,5 milhões de toneladas e representam 45% da produção mundial. A produção destes países ultrapassa a produção norte-americana prevista em 84,5 milhões de toneladas (36% da produção mundial). O Brasil representa 28% da produção mundial de soja. A agricultura brasileira mostra - sem contar com subsídios, seguro rural, maior apoio à pesquisa e desenvolvimento rural, enfrentando restrição de crédito, elevadas taxas de juros livres e inexistência de uma política agrícola de longo prazo - o quanto o agricultor brasileiro é eficiente e capaz. Entre os fatores de transformação responsáveis, destacam-se: o uso mais intensivo da terra; o desenvolvimento de tecnologias de produção - nível de fertilização, tratos culturais e preparo de máquinas para a colheita, entre outros - e de variedades agrícolas mais adaptadas aos diferentes microclimas do país e resistentes a pragas e doenças. Além disso, evidentemente ocorreu maior absorção, pelos produtores, de novas tecnologias e insumos agrícolas. As safras recordes resultam do investimento dos agricultores e da profissionalização do setor, um exemplo disso é o nível de produtividade alcançado pela agricultura brasileira. Mesmo podendo incorporar mais áreas ao processo produtivo, o padrão tecnológico que tem prevalecido permitiu aumentar substancialmente a produção, com pouca incorporação de área. Ainda persistem os entraves, como a logística (infra-estrutura de transportes e portos), a falta de tradição em negociação para abertura de mercados (barreiras tarifárias e não tarifárias), a incidência de tributos sobre a produção que compromete a competitividade brasileira e investimentos em pesquisa e desenvolvimento. E ainda assim, o Brasil é uma ameaça aos Estados Unidos. O Brasil está no processo de produção e o mais importante, adquirindo importância e respeitabilidade no comércio internacional. Porém, falta ao país agressividade para rever os conceitos comerciais e entrar mais firme nas questões comerciais. É claro que o subsídio norte-americano, sem sombra de qualquer dúvida, prejudica e é nocivo a competividade brasileira, porém constata-se uma vez mais, que a perda da competitividade brasileira se dá em maiores proporções, em função direta do Custo Brasil, ou seja, da ineficiência da logística, conforme esta Federação vem há anos chamando a atenção. Entre 1999 e 2004, intervalo de cinco anos, o Brasil consolidou sua eficiência dentro da porteira, mas em relação à logística e ao comércio internacional ainda há um longo caminho por percorrer. Os acontecimentos no 1º semestre de 2004 com os embargos da soja brasileira pela China, quando o prêmio negativo estava se recuperando (-US$ 80/cents/bushel), o prêmio chegou a atingir menos US$ 245/cents/bushel. Ficou claro que se tratava de uma estratégia para impor uma barreira comercial e baixar preço. O mercado internacional tinha conhecimento que o Brasil possuía volume disponível de soja e baixou o preço de US$ 10,50/cents/bushel para US$ 9,00/cents/bushel e o país aceitou a regra do jogo. Ferrugem da Soja Uma outra preocupação do produtor norte-americano diz respeito a SBR - Soybean Rust (ferrugem da soja), figurando em nono lugar na listagem de riscos daquele país e a busca de um antídoto contra a ferrugem é questão de segurança nacional. A ferrugem da soja é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, causa desfolha precoce da soja e redução de peso do grão. A doença é disseminada pelo vento e não pela semente. A ocorrência da ferrugem está diretamente associada às condições climáticas. Temperaturas médias menores que 28º C e molhamento foliar de mais de 10 horas favorecem a infecção da planta. As regiões com altitude superior a 700 metros são mais favoráveis à ocorrência da doença devido as temperaturas noturnas mais amenas associadas a um maior número de horas de orvalho. Regiões mais baixas, porém com chuvas bem distribuídas, também são favoráveis para um desenvolvimento mais rápido da doença. A única forma de controle é a aplicação de fungicida, mas é preciso saber reconhecer o momento certo de aplicar. É consenso que a "ferrugem da soja" chegará aos Estados Unidos mais cedo do que imaginam, notadamente agora que a doença cruzou o Equador e será muito fácil se espalhar através da América Central ou pelas correntes de ventos. As universidades e centros de estudos visitados realizam pesquisas em campos experimentais localizados no Brasil, Argentina, Zimbábue, China. Efetuam também pesquisas com diferentes doenças com o objetivo de antecipar o que poderá ocorrer quando a ferrugem da soja chegar nos Estados Unidos. Grupos de produtores americanos têm agendadas viagens técnicas ao Brasil com o propósito de observar os procedimentos adotados e, sobretudo como o país vai vencer o controle da SBR (soybean rust). Estes grupos além de pesquisar sobre o controle da "ferrugem da soja", estão interessados em comprar áreas no Brasil para produzir soja. Soja
Geneticamente A utilização de sementes transgênicas para a soja é um fato consolidado nos Estados Unidos. De acordo com relato de produtores, "com os transgênicos as lavouras alcançam melhor desempenho, há maior consistência na produtividade e um controle eficiente das ervas daninha" O custo da taxa tecnológica paga à empresa Monsanto já representa 40% dos gastos que o produtor norte-americano tem a cada safra com sementes e herbicidas. Existe uma insatisfação com a escalada nos "royalties" das sementes resistentes ao glifosato, mas o produtor dos EUA faz a conta e conclui: mesmo com o prêmio para plantar o produto convencional (sessenta centavos de dólar/saca), continua sendo vantajoso cultivar a soja geneticamente modificada. Um fato que chamou a atenção refere-se que se o uso de sementes transgênicas para a soja já é um fato consolidado nos Estados Unidos, o mesmo não acontece em relação ao milho modificado geneticamente. Enquanto a soja transgênica é cultivada em mais de 90% das lavouras, o milho atinge apenas 40% ou até menos. Gilda M.
Bozza e Maria Sílvia Digiovani |
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Boletim Informativo nº 846,
semana de 13 a 19 de dezembro de 2004 |
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