FAEP e Ocepar pedem para o governo
federal normalizar mercado do trigo

Problemas na comercialização, devido a falta de liquidez do mercado, deixam mais da metade da safra de 6 milhões de toneladas de trigo parada no Paraná. Os presidentes da FAEP- Ágide Meneguette, e da Ocepar – João Paulo Koslovski, enviaram hoje (8) um pedido conjunto ao ministro da Agricultura, para que o Governo Federal promova emergencialmente novas intervenções e assegure a fluidez ao mercado do grão.

"Os mecanismos disponibilizados pelo governo não estão surtindo efeitos", assinalam os dirigentes. A triticultura brasileira atingiu pelo segundo ano consecutivo uma produção que representa cerca de 60% do consumo nacional, substituindo importações de mais de 2 milhões de toneladas de trigo. Meneguette e Koslovski advertem que "os produtores investiram em tecnologia e conduziram as lavouras com eficiência, tendo o clima contribuído para concretizar uma produção de boa qualidade".


   Com as vendas paralisadas há mais de 30 dias, os preços recebidos, em negócios esporádicos, estão abaixo do Preço Mínimo de Garantia (PGPM, com uma perda de R$ 50,00 por tonelada. Para proporcionar o escoamento da safra, Koslowski e Meneguette solicitam a implementação de medidas urgentes.

As propostas são pelo aumento do valor do Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) Norte/Nordeste; criar o PEP-fob pelo preço mínimo, ficando o frete por conta da CONAB, direcionado para o Rio de Janeiro, Espírito Santo, Norte e Nordeste do País; além de emergencialmente, o governo autorizar cabotagem com navios de outras bandeiras.

Para a FAEP e Ocepar é necessário também promover novos leilões de Contratos de Opção de Venda na quantidade equivalente a 650 mil toneladas, e prorrogar o pagamento das três primeiras parcelas dos financiamentos de custeio de trigo para vencimento parcelado após a última prestação prevista no contrato original.

Entre as propostas está a liberação de Aquisição do Governo Federal (AGFs) até o limite de 200 mil toneladas anunciadas pelo Governo, ampliando o limite por produtor de 800 sacas para 1.500 sacas, além de ampliar recursos de Empréstimo do Governo Federal (EGF) ao custo de crédito rural, acompanhados de um aumento no limite de crédito das cooperativas, indústrias e produtores.

Brasil pode virar exportador

A demanda mundial de trigo deve crescer 50% nos próximos 30 anos e o Brasil tem capacidade de participar mais efetivamente do abastecimento desse mercado, segundo Erivelton Scherer Roman, chefe-geral da Embrapa Trigo. O prognóstico está baseao no crescimento da população e nas perspectivas de aumento de renda e de elevação do consumo. Nesta safra, a produção mundial deve chegar a 617 milhões de toneladas, de acordo as estatísticas do USDA. No Brasil, a Conab estima a produção em 6,04 milhões de toneladas. Para assumir papel de destaque como exportador de trigo, segundo ele, o Brasil será importante neste mercado somente se expandir a cultura para novas regiões, até poucas décadas atrás consideradas inapropriadas para o plantio. Em 2004, pela primeira vez na história, o Brasil exportou 1,37 milhão de toneladas.

Roman afirma que a intensificação do plantio de trigo no cerrado em sistemas de rotação com culturas já difundidas como soja e milho poderá tornar o Brasil não apenas um grande abastecedor do mercado internacional, mas também avançar na sustentabilidade da produção do cereal. "É possível ser auto-suficiente e ainda exportar trigo", diz.

Custos - O chefe-geral da Embrapa Trigo argumenta que o plantio de trigo no cerrado tem algumas características vantajosas para o agricultor em relação à região Sul do país. O trigo irrigado, cultivado depois da época das chuvas, permite, por exemplo, maior segurança na manutenção da qualidade do produto. "O risco de precipitações pluviométricas na colheita é baixo", diz. Outro fator é que essa colheita coincide com a entressafra, quando o produto tem melhor cotação, devido à escassez de estoques.


Boletim Informativo nº 846, semana de 13 a 19 de dezembro de 2004
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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