Transferência de tecnologia exige
conhecimento do mercado

A transferência de tecnologia do meio acadêmico para o mercado exige pró-atividade, conhecimento da tecnologia e conhecimento do mercado. É fundamental também no processo de transferência a agregação de valor ao produto. As considerações são do especialista em inovação, o britânico Jan Chojecki, diretor gerente da PBL - Plant BioScinese Ltd. Chojecki foi um dos participantes do painel "Lucrando com a Inovação", realizado durante o Seminário Brasil-Reino Unido Transferência de Tecnologia: Novos Horizontes para o Agronegócio, que está sendo promovido pelo Conselho Britânico, Sistema FIEP e Sistema FAEP.


   O painel foi mediado pela diretora executiva do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Gina Paladino, que destacou ser um avanço nos dias de hoje poder se falar em lucrar com a inovação. "Se falássemos isso há 10 anos não seríamos compreendidos. Hoje já se aceita a idéia de transformar o conhecimento em riqueza". De acordo com Chojecki, no Reino Unido 90% dos casos de produtos novos que chegam ao mercado são por meio de processos de licenciamento e, em sua avaliação este é o melhor caminho e o menos dispendioso para a transferência de tecnologia do meio acadêmico para o setor produtivo. Segundo o especialista, as outras formas de lançar o produto no mercado são as parcerias comerciais ou por meio de abertura de empresa.

O especialista britânico relatou a experiência da empresa que dirige no processo de transferência de tecnologia. A PBL atua em todo o mundo identificando, avaliando e protegendo a produção intelectual, financia e administra patentes e tem como meta principal agregar valor aos produtos antes de lança-los no mercado. Faz isso através da orientação direta junto a pesquisadores, mostrando o que o mercado demanda. É isso o que ele chama de proatividade no processo de transferência de tecnologia. "Estamos muito próximos dos nossos clientes e sabemos quem ele é e o que quer", disse.

A PBL prepara para lançar em 2006 um legume para combate ao câncer. Trata-se de um brócolis enriquecido, com um teor maior de glucosinolates, o ingrediente natural que já existe na planta que seria o responsável pelo combate à doença. O produto é resultado de um amplo cruzamento e a seleção de novos produtos. O produto foi patenteado em 1996 pela PBL.

Interação - Outra participante do painel, Maria Alice Lahorgue, diretora da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, falou sobre o processo de interação entre as universidades e empresas destacando que o maior desafio das universidades no momento é o desenvolvimento de pesquisa sob encomenda e a sua inserção nos sistemas locais de produção e inovação.

De acordo com Maria Alice, os anos 90 foram marcados pelo início da organização dos escritórios de interação nas universidades com o objetivo de prospectar fontes de financiamento para pesquisa, formalizar contratos de transferência de tecnologia e proteção da propriedade intelectual. Segundo ela este processo está apenas começando. "A tarefa de transferir conhecimento e promover a cooperação está muito longe de ser concluída", afirma.


Boletim Informativo nº 846, semana de 13 a 19 de dezembro de 2004
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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