MST agora inserido como governo

Há pouco a discutir se o governo considera que invasão de terras alheias produtivas e a destruição dessas propriedades é um movimento social. O MST, que se proclamava como tal um movimento social acabou obtendo a consolidação dessa denominação, na esfera governamental, e por conta disso está inserido na pauta das grandes discussões nacionais. Tudo bem, se não continuasse um invasor e não agisse fora da lei.

Para confirmar esse respaldo oficial, o ministro da Educação, Tarso Genro, recentemente promoveu reunião com líderes dos principais movimentos sociais do País e ouviu o MST para que opinasse sobre o projeto de reforma universitária. A idéia do ministro é conectar essa reforma com o que ele denomina "os movimentos sociais reais".

A isso ele dá o nome de "recoesão social do Brasil" e a vincula à subida do PT ao poder, declarando que "a legitimidade dos movimentos sociais foi reforçada com a eleição do presidente Lula".

Na verdade a ação dos sem-terra não se legitimou como movimento social, no entender dos cidadãos conscientes deste país e daqueles que ainda acreditam no império da legislação constitucional, mas sim como movimento mais identificado com os fora-da-lei, que tomam de assalto uma propriedade rural, afastam seus ocupantes e a depredam, até exauri-la.

A denominação de movimento social, agora referendada pelo governo, foi concebida pelo MST e por segmentos da mesma linha. Eles desprezam a classe dos produtores rurais, na maioria detentores de médio rendimento econômico, que tiram do campo o próprio sustento e ainda servem as mesas dos brasileiros. Em maior escala, o produtor rural fornece produtos para a exportação e robustece a balança comercial externa, sendo além disso o maior gerador de empregos. Prejudicar essa atividade é o que agora o governo avaliza, ao conferir ao MST o status de movimento social.

O entusiasmo de João Pedro Stédile, principal dirigente do MST, serve para entender-se bem a consagração de Tarso Genro à política dessas lideranças invasoras e o que é fazer uma reforma universtária com eles participando ativamente, como quer o ministro. "Nós temos pelo menos 5 mil rádios vinculadas a nós, assim como TVs" diz o revolucionário Stédile, afirmando que "agora é o grupo produzir cartilhas e vídeos populares", entenda-se como uma escola de formação de crianças e futuros militantes para ações que não se sabe que rumo tomarão. Pela amostragem do que hoje faz o MST, imagina-se que tal não será uma escola dominical mas um processo de inoculação ideológica. A revista "Veja" mostrou recentemente esse fato.

Fosse o alvo marginais que precisassem ser combatidos, mas o que faz o dito ‘’movimento social’’ comandado pelas lideranças dos sem-terra, e com o imprudente respaldo do governo, é atacar a simples gente do campo pelo "delito" de estar produzindo alimentos.

*EDSON NEME RUIZ é presidente da Sociedade Rural do Paraná
(Publicado no Espaço Aberto do jornal Folha de Londrina, de 19 de novembro)


Boletim Informativo nº 844, semana de 29 de novembro a 5 de dezembro de 2004
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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