Assentados destruindo matas e fauna |
É estarrecedora a informação que está sendo divulgada hoje por este Jornal, em manchete de primeira página, de que foi detectada agora a ocorrência, em assentamentos de sem-terras no Paraná, de uma das maiores depredações ambientais dos últimos tempos. Tal aconteceu em área da Fazenda Rio das Cobras (de 87.000 hectares), pertencente à empresa Araupel e onde estão instalados dois assentamentos. Imagens feitas por satélite e compondo um levantamento da Universidade Federal do Paraná, da Fundação de Pesquisas Florestais e da Federação da Agricultura do Estado do Paraná mostram que foram devastados 10.600 hectares de floresta nativa dos 13.800 hectares existentes em 1996. Portanto, só restaram 3.200, isto pelos números de 2002, porque não se sabe a situação atual. E não apenas a floresta, porque 70 espécies de mamíferos e 300 espécies de aves foram destruídas, segundo estudo assinado pela bióloga Tereza Cristina Castelano, portanto insuspeito tratando-se de uma autoridade no assunto. A cobertura florestal original, segundo pesquisa da Universidade Federal do Paraná, era composta de uma mata densa de araucária com associações de cedro, cabreúva, canjarana e pau-marfim, e a fauna povoada de veados, onças pintadas, onças pardas, lontras, porcos-do-mato, antas, jacutingas, capivaras, pica-paus e tucanos-do-bico verde. O estudo foi entregue ontem pela Federação da Agricultura à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os conflitos agrários no Paraná. Foi um dos momentos mais tumultuados da CPI, com dezenas de fazendeiros presentes portando faixas com críticas às invasões no Paraná. Esse documento não é uma denúncia vazia, mas reúne provas, a demonstrar como não existe critério digno de respeito nos programas de assentamentos, já que permitem um crime ambiental e de lesa-pátria dessa envergadura. A destruição causada à flora e à fauna é desastrosa e de impossível recuperação, pois não há como restaurar 10.600 hectares de mata nativa o que levaria centenas de anos e recuperar dezenas de mamíferos e três centenas de espécies de aves. Estes são os resultados de projetos agrários mal feitos, porque desprovidos de embasamento científico sobre o uso do solo, e sem monitoramento. E enquanto isso acontece, os sem-terra continuam invadindo, triunfantes e com o respaldo do Governo, que lhes concede salvo-conduto para suas ações e confere ao MST a qualificação de ‘’movimento social’’. Apossando-se de terra alheia quando passam a consumir e destruir tudo, até à exaustão ou assentados, eles cometem barbaridades como esta que ora se revela. Porque não há critério e nenhum projeto sério do Governo de fazer reforma agrária no Brasil. (Editorial
transcrito do jornal Folha de Londrina do dia 19 de novembro) |
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Boletim Informativo nº 844,
semana de 29 de novembro a 5 de dezembro de 2004 |
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