BOLETIM INFORMATIVO - ENCARTE ESPECIAL


Reintegração de Posse

Invasores das Fazendas Campo Real, em Candói e Três
Marias, em Manoel Ribas, deixam rastros de destruição

As sedes das fazendas foram totalmente destruídas e os
imóveis foram saqueados pelos invasores

Um acordo, envolvendo a Secretaria de Estado da Segurança Pública e as famílias de sem-terras que estavam acampados na Fazenda Campo Real, em Candói, desde o dia 1º de agosto, permitiu a desocupação da área no dia 2 de setembro. O Sindicato Rural de Guarapuava participou da desocupação, mobilizando veículos para o transporte dos invasores.

Os mais de mil e duzentos integrantes do grupo do MST e do Movimento dos Atingidos pelas Barragens voltaram para os antigos acampamentos, a maior parte deles na região Sudoeste do Estado. Outros se dirigiram para o Norte do Paraná.

Pelas informações do secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, esta foi a 78º reintegração de posse cumprida desde o início do governo de Roberto Requião.

Logo após a saída dos invasores, o genro do proprietário da Fazenda Campo Real, Cláudio Kiryla, informou que estava fazendo o levantamento do que foi destruído, roubado ou ainda morto pelos sem-terra. A estimativa inicial apontava algo em mais de R$ 1 milhão de prejuízos, sendo que houve o desaparecimento de cabeças de gado, entre reprodutores e perto de 100 carneiros de raça.

A delegada da 14ª Subdivisão Policial (SDP) de Guarapuava, Daise Terezinha Dorigo Barão chegou a expedir cartas precatórias para várias regiões do Paraná, na tentativa de indiciar os responsáveis pela invasão e depredação da Fazenda Campo Real.

A identificação de alguns dos invasores foi feita através de depoimentos de proprietários, arrendatários, funcionários e vizinhos da propriedade.

Vandalismo

A sede da Fazenda Campo Real foi totalmente destruída e objetos foram saqueados pelos invasores. Os poucos móveis que restaram estavam todos destruídos, a sua maior parte, herança dos pais de Anníbal Virmond Junior, de 92 anos, que estava em Curitiba fazendo tratamento médico. No quarto principal, móveis foram quebrados e as roupas levadas pelos sem-terra. O piano centenário foi destruído, assim como quadros, e demais peças do mobiliário. Já na biblioteca, livros, revistas e documentos foram jogados ao chão, sendo que os invasores arrombaram o cofre existente neste cômodo. Dentro dele, segundo Kiryla, estavam jóias,

documentos, dólares e reais, além de armas de colecionador e uma pistola de precisão, utilizada em competições.

                  


Fazenda
Três Marias

Quem também entrou com o pedido de indenização à Justiça pelo prejuízo que tiveram com a ocupação das terras por integrantes do Movimento de Sem-Terra (MST) foram os proprietários da Fazenda Três Marias, em Manoel Ribas.

A fazenda chegou a ter mais de 400 famílias acampadas, ou seja, perto de três mil pessoas. A invasão ocorreu no dia 12 de maio de 2003 e a reintegração de posse só foi realizada no dia 25 de agosto deste ano.

Segundo a proprietária, Maria das Mercês Lacerda, a demora e o descaso do governo em resolver a questão motivou a destruição.

"O prejuízo é incalculável, pois além de não podermos produzir, os invasores destruíram um barracão, uma das casas, a oficina, danificaram outra casa, além de roubar portões, portas e telhas e quebrar uma série de coisas", disse.

A destruição torna a propriedade temporariamente improdutiva, pois não houve o cultivo neste período. "Também picharam frases com ameaça aos funcionários e aos proprietários nas paredes de uma das casas", completou Maria Lacerda.

Reação às invasões

Sindicato Rural forma grupos
de trabalho e promove palestras

Na esteira das invasões de fazendas no Estado, os produtores rurais da região Centro-Oeste do Paraná, capitaneados pelo Sindicato Rural de Guarapuava têm realizado reuniões periódicas com o objetivo de debater assuntos fundiários.

O presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Cláudio Marques de Azevedo, diz que o propósito é promover a união e a conscientização dos produtores acerca do problema de invasão de propriedades. "Nos encontros, trocamos idéias e procuramos estabelecer ações buscando prevenir as invasões, além de oferecer todo o auxílio necessário para produtores que tenham o seu direito de posse esbulhado", informou.

O grupo-base, formados na sua maioria por filiados ao Sindicato, reúne-se todas as quartas-feiras, na sede, em Guarapuava e já motivou a criação de sub-grupos, também formados com associados à entidade. "Existem os sub-grupos

de Candói sede e Candói Lagoa Seca, Pinhão, Entre Rios e Linha Goioxim/Palmeirinha", disse o presidente.


   Para dar noções de resistência aos produtores locais, o Sindicato Rural de Guarapuava estará trazendo o presidente da comissão de Assuntos Fundiários da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Silveira Pereira, que fizeram excelentes trabalhos frente ao MST naquele Estado. Já no dia 7, o presidente do Sindicato Rural de Dourados (MS), Gino Ferreira vai expor o modo de ação, contribuindo para que os grupos estabeleçam um plano de trabalho para Guarapuava e Região. As duas reuniões ocorrem no Guarapuava Esporte Clube e estão agendadas para às 19h30. O evento também vai contar com o secretário executivo da comissão técnica de Assuntos


Fundiários da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Tarcísio Barbosa de Souza.


 


   Azevedo lembrou que o evento é uma parceria do Sindicato Rural de Guarapuava e o do Pinhão e atende produtores rurais dos municípios de Guarapuava, Pinhão, Candói, Foz do Jordão, Cantagalo, Reserva do Iguaçu, Campina do Simão e Goioxim.


Boletim Informativo nº 840, semana de 1 a 7 de novembro de 2004
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

VOLTAR