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Espaço
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Programa
capacita agricultor
familiar no interior do Estado
Desenvolver no produtor rural uma visão empresarial de sua atividade independente do tamanho de sua propriedade. Esta é uma das metas do Programa Empreendedor Rural que, até o fim deste ano, deve atender a pelo menos sete mil agricultores no estado. Na segunda-feira, 18, SENAR-PR, SEBRAE-PR, FAEP e FETAEP (foto) formalizaram uma parceria que vem reforçar a participação do agricultor familiar nas atividades do programa, por intermédio dos 286 sindicatos de trabalhadores rurais filiados à FETAEP. Atualmente o programa, assim como os demais cursos do SENAR-PR, conta com o apoio dos Sindicatos Rurais patronais, de fundamental importância na mobilização de turmas.
Boa parte do público atendido pela FETAEP já participa de
ações do SENAR-PR, inclusive do Empreendedor Rural. Segundo depoimentos
de alguns instrutores do programa, há regiões do estado em que predomina
a participação de agricultores familiares nas turmas. Na visão do
SENAR-PR, a importância de se levar um programa como este a trabalhadores
rurais e agricultores familiares é de apresentar uma alternativa para a
viabilização da pequena propriedade rural, levando o produtor a conhecer
melhor sua propriedade, atividade, custos e mercado. "O pequeno
agricultor precisa dessa orientação e aqueles que têm oportunidade vêm
participando ativamente do programa", observa Ágide Meneguette,
presidente da FAEP, SENAR-PR e SEBRAE-PR.
Alicia Ferreira Gomes de Freitas e Neusa Aparecida da Silva Lopes participaram da turma do PER em Indianópolis, no primeiro semestre deste ano. As duas trabalham no sindicato dos trabalhadores rurais da cidade e o projeto desenvolvido em parceria durante o programa está na fase de implantação: "O projeto é sobre produção de tomates. Eu entreguei nas mãos do meu pai para implantar na nossa propriedade e ele está levando adiante", comenta Alícia.
Em Nova Cantu, no noroeste do estado, o grupo de empreendedores rurais deste semestre é formado basicamente por agricultores familiares. O agricultor Abel Alves dos Santos é um dos integrantes da turma. Dono de uma área no assentamento Santo Rei, Abel e a esposa produzem soja, agricultura de subsistência, suínos e após curso de qualificação profissional pelo SENAR-PR, está iniciando a bovinocultura de leite na propriedade. Nas horas de folga, Abel se dedica ao artesanato. Produz móveis em bambu sob encomenda. Como tem interesse em aumentar a produção, procurou orientação no Programa Empreendedor Rural, indicado por um amigo. "Para aumentar a produção dos móveis, preciso saber se é viável", explica Abel que está concluindo projeto nesse sentido. "Como pequeno produtor a gente tenta se atualizar para diminuir nossos custos", completa.
Na opinião do presidente da FETAEP, Ademir Mueller , o programa atinge muito o jovem produtor, interessado em melhorar as condições de vida, diversificar a propriedade e agregar valor à produção. "Ainda há um grande número de pessoas que sobrevivem da agricultura de subsistência e precisam de um socorro maior". Para Meneguette, além do sucesso comprovado que o programa vem demonstrando em campo, a possibilidade de trabalhar em parceria com a Federação dos Trabalhadores Rurais só vem reforçar a missão do SENAR-PR na qualificação técnica e promoção de qualidade de vida.
Uma abordagem
filosófica
da Gestão Ambiental
No décimo módulo do Programa Empreendedor Rural, os grupos trabalharam com o tema Gestão Ambiental. O Espaço do Empreendedor cede espaço para a publicação de um trabalho da turma de Paranacity, orientada pelos instrutores Luiz Carlos Grossi e Sirmey Amaral
Nos primórdios de sua existência, o homem conviveu de modo harmonioso com o meio que o circundava, eis que retirava da natureza os seus meios de subsistência de modo não-agressivo, preservando as fontes dos recursos naturais, uma vez que fazia parte deles.
Com o aumento e expansão da população, o homem, de certa forma, sobrepôs-se à natureza, como se fosse seu dono e senhor, passando a agredi-la e a destruí-la para dela retirar seu sustento.
As práticas de agricultura, de um modo geral, levaram à exaustão de terras, recursos hídricos naturais, forçando, em nome da conquista de territórios, à assim chamada abertura de novas fronteiras agrícolas. Este último fato, aliado a monoculturas em larga escala, ainda predominam no Brasil até os dias de hoje. Também em outras regiões do planeta, tais como África equatorial e boa parte da Ásia, notadamente China, Vietnã, Camboja e Indonésia, ressentem-se dessa realidade, que está dizimando os últimos refúgios de muitas espécies vegetais e animais. Com o tempo, a inexistência de novas terras, a distância em relação aos grandes centros consumidores, a degradação de recursos hídricos e condições de vida, a extinção de espécies, a conscientização ecológica por grande parte das massas e alguns governos, entre outros fatores, levam ou levarão a um repensar das condições sob as quais a atividade agrícola deveria ou deverá forçosamente ser realizada.
O setor industrial, de igual modo, será forçado a rever seu modo de atuação, pois não poderá poluir o ambiente para sempre, mesmo pagando créditos de carbono para os países tropicais retirarem carbono da atmosfera para aprisioná-lo em suas remanescentes reservas florestais. Do mesmo modo, não poderão os países industrializados continuar a exportar os seus resíduos domésticos e industriais para países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, ou para lá deslocar atividades industriais poluentes, proibidas em seus territórios, como é o caso dos curtumes.
Novos desafios se agigantam a cada dia, pois além dos problemas já conhecidos, como o desmatamento, a movimentação excessiva de terra através de consecutivas aragens e gradagens, ação da água, da luz e do vento sobre a terra descoberta, outros vêm se avultando a cada dia, desembocando em verdadeiros paradoxos a serem resolvidos. Uma vez que, dados os parâmetros atuais, a chamada agricultura orgânica ainda não é capaz de alimentar o mundo, a agricultura convencional, ávida por lucros rápidos, que engolfa os pequenos proprietários, muitas vezes inviabilizando-lhe a existência e a sobrevivência, prevalecerá ainda por muito tempo, dando margem ao desequilíbrio ecológico, propiciando o aparecimento de novas pragas e doenças, com resistências a produtos, de elevada toxicidade, que são levados à atmosfera, sem falar na contaminação dos recursos hídricos, já parcos em razão também de desperdício e outras formas de mau uso. A falta de água, em particular, inviabiliza qualquer tipo de atividade, pois constitui base essencial da vida, sem a qual nenhum ser vivo é capaz de sobreviver. Dessa forma, a humanidade terá de conviver com produtos muitas vezes carregados de defensivos agrícolas, de origem transgênica, com conseqüências ainda não totalmente conhecidas, tanto para o homem como para a natureza.
Entretanto, cabeças pensantes não só em termos de lucros a qualquer custo têm despertado a atenção do mundo para a necessidade premente e urgente da adoção de medidas conservacionistas, capazes de assegurar a utilização dos recursos naturais disponibilizados pela "espaço-nave terra", da qual somos passageiros, de forma duradoura e segura. Não deverá ser este o seu limite; cabe-lhe, também, reverter o quadro ambiental desolador que se instalou, mediante a implantação de uma série de estratégias de recuperação, que vão desde o replantio da flora original em determinado percentual de terra, a recuperação de fontes e cursos d’água com o conseqüente repovoamento pela fauna, medidas para reduzir ou até evitar o acúmulo de quaisquer resíduos, métodos mais eficazes e naturais de fertilização até a descoberta da vocação da terra, isto é, a cultura que, obedecidas todas as regras preservacionistas, melhor interage com o bioma em que se encontra. Certamente pode-se elencar, entre essas estratégias, a educação ambiental, a mudança de mentalidade, não só das crianças em nossas escolas, mas também a nossa, por meio de palestras, cursos, seminários e mídia, pois isoladamente a simples edição de legislação coercitiva não produzirá os efeitos desejáveis e necessários.
Sabemos que muitos ecossistemas jamais poderão ser recompostos em sua forma original, uma vez que seus indivíduos primitivos foram definitivamente perdidos pela mão do homem. No entanto, este fato não poderá impedir-nos de iniciarmos imediatamente medidas de preservação e recuperação ambiental, de adequação de nossas técnicas agrícolas, de divulgação da necessidade de uma agricultura mais voltada à natureza.
Carmen
Haeberlin Oesterle
Rogério Gallina
Werner Paulo Oesterle
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Boletim Informativo nº 839,
semana de 25 a 31 de outubro de 2004 |
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