O economista, professor da Universidade de São Paulo (USP) e consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Guilherme Dias, ministrou palestra no dia 26, em Curitiba, sobre a agropecuária do País diante da crise financeira internacional.
O evento fez parte da programação da assembleia-geral para eleição da nova diretoria da FAEP. Dias informou que a crise financeira pode durar três anos. Porém, é difícil saber como sair dela. “Será que não está na hora de discutir o que é preciso modificar na nossa política agrícola?”, questionou. Para ele, em vez do setor ficar pensando em mais uma renegociação das dívidas, deve pensar num novo sistema. “O que parecia ser uma crise de inadimplência do ‘subprime’ se transforma numa crise de confiança no sistema financeiro internacional”, disse.
De acordo com análise do consultor da CNA, vivemos o momento mais complicado da História. “Porque você continua no cenário em que o volume global de crédito está diminuindo em relação à produção mundial. A pressão da redução de crédito sobre o processo de comercialização, nós vamos ver mesmo durante a comercialização dessa safra que está entrando agora”, disse Dias em entrevista.
Dívidas
Quanto à renegociação das dívidas rurais, Dias disse que ainda é cedo saber o que deve acontecer. “Estamos numa bela de uma confusão, somando esses últimos três, quatro anos de renegociação. É por isso que a gente está insistindo muito numa saída para isso. Esse cenário do mundo, onde o centro da desconfiança está sobre o sistema bancário e financeiro, é um ambiente de discussão muito mais complicado. Porque existe redução mesmo no sistema de crédito. E você está pedindo, para o setor agrícola, uma renegociação que é: mais crédito, mais tempo para pagar. Então, nós estamos andando contra a maré do ajuste do sistema com um todo”, afirmou.
Segundo o professor da USP, para o processo de solução da crise ser bem-sucedido, são necessárias a formalização das relações de produtor com os intermediários e a centralização das informações de dívidas. “Elas vêm para consolidar um momento em que os produtores estão, de fato, querendo se organizar para saber como dá para solucionar esse problema. Eles não querem ser tratados como loucos e nem como gente que não tem importância”, concluiu.