O impacto maior da crise mundial na agropecuária será sentido a partir de março, quando iniciada a comercialização da safra de verão. Já há sinais de que os preços e a demanda internacionais vão recuar e podem agravar a situação dos produtores rurais.
É preciso lembrar que a atual safra foi plantada com um custo de produção 30% em média superior a safra 2007/08, principalmente em razão da alta superior a 100% dos preços dos fertilizantes.
Mais de treze mil produtores paranaenses já pediram indenização do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) em função das perdas causadas pela estiagem. O número – 13.150 – é parcial, atualizado somente até as duas primeiras semanas de janeiro. A preocupação agora é com a burocracia para acesso às indenizações.
A questão do endividamento volta a ser colocada em função das perdas pela estiagem e da queda da renda em função dos preços e do custo de produção.
Vale relembrar que os produtores têm compromissos para os próximos anos, além dos custeios e investimentos normais da safra, quais sejam:
- parcelas anuais dos alongamentos dos custeios das safras 2003/2004, 2004/2005 e 2005/2006;
- dívidas de investimentos, cujas parcelas foram em boa parte postergadas para o final dos contratos entre 2005 e 2007;
- débitos com fornecedores, parte alongado no linha FAT Giro Rural e outra parte renegociada diretamente com fornecedores e cooperativas.
Caso as dívidas não sejam reestruturadas, os produtores terão problemas de acesso ao crédito rural, pois atualmente seus limites nos bancos já estão tomados. Preocupa a inadimplência que poderá resultar desse cenário e a redução de produção com seus efeitos nefastos para toda a economia.