O presidente do Sistema FAEP, Ágide Meneguette, entregou no dia 20 ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, ofício solicitando a manutenção da alíquota reduzida para o glifosato importado da China. O ofício também foi encaminhado a outros seis ministros da área econômica.
Segundo Meneguette, a tarifa de importação foi equivocadamente estabelecida em 2003 e chegou a ser de 35,8%. A Camex reduziu a alíquota para 11,7% e em julho de 2008 baixou para 2,9%. A medida tinha caráter provisório e entrou em vigor no período em que está sendo realizada a revisão no Departamento de Defesa Comercial, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
De acordo com Ágide Meneguette, num cenário de crises sucessivas da agropecuária elevar a alíquota de importação do glifosato chinês representa um aumento nos custos de produção, elimina as opções de fornecimento desse insumo no País e fortalece a tendência ao oligopólio de mercado desse produto. “Essa decisão pode comprometer a oferta de alimentos e contribuir com o aumento da inflação”.
Vale ressaltar, diz Meneguette no ofício, que a atual safra de verão (2008/09) teve um aumento de custo de produção de 30% em relação à safra anterior. A elevação dos preços médios dos fertilizantes em relação a 2007 foi de 98,6%. Os herbicidas tiveram aumento médio de 10,5%, destacando-se os defensivos à base de glifosato entre os de maior uso o Glifosato Nortox (+57,7%), Roundup Original (+52,1%) e o Roundup Transorb (+43,2%).
O glifosato é a matéria-prima mais utilizada na fabricação de defensivos agrícolas e movimenta R$ 1,2 bilhão anuais. O produto é amplamente utilizado por pequenos, médios e grandes produtores em todo o território nacional no cultivo de algodão e feijão e de produtos agrícolas como o milho e a soja, que têm impacto na produção de aves e de suínos voltados tanto para consumo interno e exportação.
Além
do aumento de custos, a agricultura e pecuária passam novamente por
dificuldades, devido aos reflexos da crise internacional na economia e
no crédito rural. Para agravar a situação, uma seca devastadora assola
o Paraná e Rio Grande do Sul. Somente no Paraná, a última estimativa da
safra de verão, que está em fase inicial de colheita, aponta perdas
superiores a 6,3 milhões de toneladas nas culturas de milho, soja e
feijão. Os prejuízos até o momento são de R$ 3,7 bilhões.