Ano XXII | Nº 1035 | 15 a 21 de dezembro

A- A+

Crise chegou no momento da liberação do crédito

A crise alcançou o Brasil no momento do plantio da safra. A safra paranaense é financiada em média  pelo seguinte tripé:

-    50% – Crédito Rural Oficial (principalmente Banco do Brasil)
-    30% - “tradings” , fornecedores de insumos e outras fontes do crédito rural com taxas maiores 
-    20% – recursos próprios dos produtores

Devido à crise faltou crédito para as “tradings” - geralmente de origem internacional - e a incerteza em relação ao futuro fez com que elas, os fornecedores de insumos e os bancos privados se retraíssem.

Com isso, muitos produtores migraram suas demandas de crédito para o Banco do Brasil. (ver tabelas no início da próxima página).

              Dados do Banco do Brasil – PARANÁ

 TOTAIS RECURSOS  2007  2008 (até novembro)  VARIAÇÃO
 TOTAL  2,640 BILHÕES  3,433 BILHÕES  30%
 EGF  104 MILHÕES    290 MILHÕES
 Custeio verão  2,1 BILHÕES  2,5 BILHÕES  19%
 Custeio inverno  442 MILHÕES  643 MILHÕES  45%


DETALHES DAS LIBERAÇÕES 2007 2008 (até novembro) Variação
Custeio verão produtor (s/ repasse cooperativa e Pronaf) 1,3 BILHÕES 1,6 BILHÕES 23%
Custeio antecipado verão 72 MILHÕES 220 MILHÕES 205%
Milho safrinha 214 MILHÕES 315 MILHÕES 47%
Trigo 228 MILHÕES 328 MILHÕES 43%
Pronaf 504 MILHÕES 580 MILHÕES 15%


O Governo Federal procurou reforçar o apoio financeiro à agropecuária, com as seguintes providências:
1. Antecipação de R$ 5 bilhões pelo BB de recursos já previstos no Plano Safra.
2. R$ 1 bilhão para BB financiar CPR de apoio para atuação das empresas de insumos.
3. Aumento na exigibilidade da poupança rural de 65% para 70% dos depósitos.
4. Preços mínimos - incluído no orçamento mais R$ 4 bilhões para comercialização.
5. Refinanciamento de parcela vencida de investimentos - R$ 500 milhões - Centro Oeste.

Com o endividamento, muitos produtores ficaram descapitalizados e tiveram que buscar recursos em fontes alternativas do crédito rural, com taxas livre mais onerosas.
O tripé ficou “manco” e faltaram recursos para financiar a safra, o que vai refletir na produtividade e no volume de produção nacional. Além disso, com as chuvas ocorridas em Santa Catarina, além da seca no Paraná e Rio Grande do Sul e o problema das pragas na região Centro-Oeste, a produção de grãos na safra 2008/2009 não deve alcançar os 140 milhões de toneladas.

Atuação do governo  

O governo federal adotou medidas para manter o consumo interno. Essas ações ajudaram à  sustentar os preços agrícolas, pois aquecem a economia. 

•  Atuação da Caixa Econômica Construção civil 
- Ampliou o limite de financiamento para compra de material de construção de R$ 7.000 para R$ 25 mil Bens de consumo 
- Liberados R$ 2 bilhões para financiar bens de consumo diretamente no varejo e estimular a economia 

•  Atuação do Banco Central 
-  Indústria automobilística 
-  R$ 4 BILHÕES em novos recursos. 
-  Atuações no mercado de câmbio no valor de US$ 49,5 bilhões entre o dia 19 de setembro e o final de novembro para segurar a disparada do dólar e evitar uma crise sistêmica. 
- Vendeu US$ 6,7 bilhões em dólares das reservas internacionais, que hoje somam cerca de US$ 200 bilhões. 
-  Emprestados" US$ 6,4 bilhões em leilões de dólares de linhas externas e outros US$ 5,3 bilhões nos leilões de moeda direcionados ao comércio exterior. 
- US$ 31,1 bilhões em contratos de swap cambial, instrumento que fornece proteção contra a alta do dólar e ajuda a segurar a cotação da moeda 
- As mudanças nos depósitos compulsórios já injetaram R$ 94 bilhões na economia. 
- Crédito para exportação - Reforço em R$ 5 bilhões de uma linha de crédito do BNDES no chamado pré-embarque. 

• Impostos - prazo para pagamento Medida Provisória alterou as datas de pagamento de tributos federais como o IR (Imposto de Renda) recolhido na fonte, a contribuição previdenciária, do PIS/Cofins e o IPI.

Cenário ainda é de incerteza
Ninguém sabe quando a crise vai acabar e nem a sua profundidade. Os Governos de todo o mundo estão procurando amenizar os seus efeitos e tomando as providências adequadas. O Governo brasileiro também está fazendo o que pode. Faria mais, se reduzisse seus gastos.

O cobertor é curto. Não é só a agropecuária que precisa de recursos. Os outros setores também. Só que não há tanto recurso financeiro assim. O produtor tem que saber que vai sofrer um “baque” forte pela frente e precisa se resguardar. Não pode ficar na dependência do Governo, que não vai ter como atender a todo mundo. 

A comercialização da produção poderia ser mais rentável para o produtor se houvesse uma boa infra-estrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias e portos). Isso é culpa direta dos governos (federal e estadual) que não investiram  e não deixam a iniciativa privada investir. 

A esperança é que as medidas adotadas pelos governos de todo o mundo façam algum efeito a curto e médio prazo, que não haja um desemprego em massa no mundo inteiro.  A eleição de Obama nos EUA  é uma esperança de que um bom programa dele venha dar confiança aos investidores e consumidores de todo o mundo.

<< voltar
Boletim Informativo nº 1035
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná