A crise alcançou o Brasil no momento do plantio da safra. A safra paranaense é financiada em média pelo seguinte tripé:
- 50% – Crédito Rural Oficial
(principalmente Banco do Brasil)
- 30% - “tradings” ,
fornecedores de
insumos e outras fontes do crédito rural com taxas
maiores
- 20% – recursos próprios dos produtores
Devido à crise faltou crédito para as “tradings” - geralmente de origem internacional - e a incerteza em relação ao futuro fez com que elas, os fornecedores de insumos e os bancos privados se retraíssem.
Com isso, muitos produtores migraram suas demandas de crédito para o Banco do Brasil. (ver tabelas no início da próxima página).
Dados do Banco do Brasil – PARANÁ
TOTAIS RECURSOS | 2007 | 2008 (até novembro) | VARIAÇÃO |
TOTAL | 2,640 BILHÕES | 3,433 BILHÕES | 30% |
EGF | 104 MILHÕES | 290 MILHÕES | |
Custeio verão | 2,1 BILHÕES | 2,5 BILHÕES | 19% |
Custeio inverno | 442 MILHÕES | 643 MILHÕES | 45% |
DETALHES DAS LIBERAÇÕES | 2007 | 2008 (até novembro) | Variação |
Custeio verão produtor (s/ repasse cooperativa e Pronaf) | 1,3 BILHÕES | 1,6 BILHÕES | 23% |
Custeio antecipado verão | 72 MILHÕES | 220 MILHÕES | 205% |
Milho safrinha | 214 MILHÕES | 315 MILHÕES | 47% |
Trigo | 228 MILHÕES | 328 MILHÕES | 43% |
Pronaf | 504 MILHÕES | 580 MILHÕES | 15% |
O Governo Federal procurou reforçar o apoio financeiro à agropecuária,
com as seguintes providências:
1. Antecipação de R$ 5 bilhões pelo BB de recursos já previstos no
Plano Safra.
2. R$ 1 bilhão para BB financiar CPR de apoio para atuação das empresas
de insumos.
3. Aumento na exigibilidade da poupança rural de 65% para 70% dos
depósitos.
4. Preços mínimos - incluído no orçamento mais R$ 4 bilhões para
comercialização.
5. Refinanciamento de parcela vencida de investimentos - R$ 500 milhões
- Centro Oeste.
Com o endividamento, muitos produtores ficaram descapitalizados e
tiveram que buscar recursos em fontes alternativas do crédito rural,
com taxas livre mais onerosas.
O tripé ficou “manco” e faltaram recursos para financiar a safra, o que
vai refletir na produtividade e no volume de produção nacional. Além
disso, com as chuvas ocorridas em Santa Catarina, além da seca no
Paraná e Rio Grande do Sul e o problema das pragas na região
Centro-Oeste, a produção de grãos na safra 2008/2009 não deve alcançar
os 140 milhões de toneladas.
O governo federal adotou medidas para manter o consumo interno. Essas ações ajudaram à sustentar os preços agrícolas, pois aquecem a economia.
• Atuação da Caixa Econômica
Construção civil
- Ampliou o limite de financiamento para
compra de material de construção de R$ 7.000 para R$ 25 mil
Bens de consumo
- Liberados R$ 2 bilhões para financiar bens
de consumo diretamente no varejo e estimular a economia
• Atuação do Banco Central
- Indústria
automobilística
- R$ 4 BILHÕES em novos recursos.
- Atuações no mercado de câmbio no valor de US$ 49,5 bilhões entre o dia
19 de setembro e o final de novembro para segurar a disparada do dólar
e evitar uma crise sistêmica.
- Vendeu US$ 6,7 bilhões em
dólares das reservas internacionais, que hoje somam cerca de US$ 200
bilhões.
- Emprestados" US$ 6,4 bilhões em leilões de dólares de linhas externas
e outros US$ 5,3 bilhões nos leilões de moeda direcionados ao comércio
exterior.
- US$ 31,1 bilhões em
contratos de swap cambial, instrumento que fornece proteção contra a
alta do dólar e ajuda a segurar a cotação da moeda
- As mudanças nos depósitos
compulsórios já injetaram R$ 94 bilhões na economia.
- Crédito para exportação -
Reforço em R$ 5 bilhões de uma linha de crédito do BNDES no chamado
pré-embarque.
• Impostos - prazo para pagamento Medida Provisória alterou as datas de pagamento de tributos federais como o IR (Imposto de Renda) recolhido na fonte, a contribuição previdenciária, do PIS/Cofins e o IPI.
Cenário ainda é de incerteza
Ninguém sabe quando a crise vai acabar e nem a sua profundidade. Os
Governos de todo o mundo estão procurando amenizar os seus efeitos e
tomando as providências adequadas. O Governo brasileiro também está
fazendo o que pode. Faria mais, se reduzisse seus gastos.
O cobertor é curto. Não é só a agropecuária que precisa de recursos. Os outros setores também. Só que não há tanto recurso financeiro assim. O produtor tem que saber que vai sofrer um “baque” forte pela frente e precisa se resguardar. Não pode ficar na dependência do Governo, que não vai ter como atender a todo mundo.
A comercialização da produção poderia ser mais rentável para o produtor se houvesse uma boa infra-estrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias e portos). Isso é culpa direta dos governos (federal e estadual) que não investiram e não deixam a iniciativa privada investir.
A esperança é que as medidas adotadas pelos governos de todo o mundo façam algum efeito a curto e médio prazo, que não haja um desemprego em massa no mundo inteiro. A eleição de Obama nos EUA é uma esperança de que um bom programa dele venha dar confiança aos investidores e consumidores de todo o mundo.