Ano XXII | Nº 1035 | 15 a 21 de dezembro

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PREÇOS INTERNACIONAIS

Crise internacional reflete nas commodities agrícolas

Queda das commodities no mercado internacional
Julho a 1ª quinzena de novembro/08

O agravamento da crise financeira mundial já pode ser sentido nos preços internacionais das principais commodities agrícolas ou não. Por sua vez, o dólar, após cinco anos em queda, apresentou alta.  Desde o piso de R$ 1,559,00, verificado em 04 de agosto deste ano, a moeda americana valorizou-se 60% (até 08.12), quando alcançou R$ 2,5010. Com isso, os efeitos já se alastram para o ambiente produtivo.

No mercado internacional, em dólar, de julho a novembro, a queda média das commodities foi de 42%. A soja teve uma queda de 41%. O milho caiu 42% e o trigo teve uma baixa de 34%. É o que mostra a figura 1.

Apesar dos fundamentos de mercado, como a oferta, a demanda, os estoques mundiais e os números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), apontarem que os estoques mundiais e americanos deverão permanecer ajustados, há outros fatores que geram insegurança no mercado. Entre eles, está a questão do baixo preço do petróleo, ou seja, abaixo de US$ 50,00/barril. Ele guarda uma correlação com as commodities agrícolas, e o comportamento dos fundos de investimentos.  

Já os fundos de produtos básicos dominam 40% dos contratos no mercado futuro. Os preços da soja, milho e trigo apresentaram um crescimento acelerado no primeiro semestre deste ano. A soja chegou a US$ 36,55/saca. A média, no período janeiro-novembro/08, foi de US$27,75/saca.  Já a média de julho a novembro/08 foi de US$ 25,56/saca. Ocorre que, em períodos de altos e baixos, notadamente a partir de setembro/08, os fundos exerceram uma ação contrária, com venda de posições e partindo para outros ativos financeiros. O que contribuiu para as quedas nos preços.

Soja - preços Bolsa de Chicago - 2008

Soja

Atualmente, na Bolsa de Chicago, o preço da soja para março/09 é de US$ 17,36/saca.  Trazendo referido valor para o dólar atual, o valor do grão fica em R$ 43,03/saca. Contrariando as expectativas, a valorização da moeda americana não compensou as quedas de preços registradas naquela bolsa.

Os preços internacionais iniciaram a curva descendente a partir do segundo semestre de 2008 e, conseqüentemente, a redução de preços dos alimentos não apresenta sinais de ser compensada pela desvalorização no câmbio. É o que apresenta o gráfico acima.

Milho - preços Bolsa de Chicago - 2008

Assim, o tripé de fatores – queda nos preços da soja, milho e trigo, queda nos preços do petróleo e a recuperação do dólar frente a uma cesta de moedas internacionais – vem repercutindo negativamente sobre os preços das três commodities.

Milho

Quanto ao milho, os preços internacionais chegaram a US$ 16,45/saca.   A média de preço no período janeiro-novembro foi de US$ 12,80/saca.   O maior preço foi em junho/08: US$ 16,45/saca. Vale registrar que, após o preço observado em junho, os preços internacionais entraram em curva descendente de preço. Já o menor preço foi de US$ 8,84/saca em novembro/08.

Trigo

Já o trigo experimentou um teto de US$ 24,42/saca. A média janeiro-novembro foi de US$ 18,18/saca. O menor preço aconteceu em novembro, com média de US$ 11,80/saca.

Trigo - preços Bolsa de Chicago - 2008

Por conta da situação atual, e em função da falta de recursos e das incertezas no mercado, as tradings retraíram-se e adotaram uma estratégia de maior rigor na concessão de crédito, resultando na contração de recursos privados.  

O produtor brasileiro deve levar em consideração que a crise que se instalou impõe novos desafios. É o momento de manter rigorosamente o controle dos custos de produção, estabelecer um cronograma de comercialização de acordo com as necessidades de capital de giro, aproveitar os repiques de preços e, principalmente, colocar em prática os princípios do empreendedorismo apreendidos nos cursos do sistema FAEP/SENAR-PR.

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Boletim Informativo nº 1035
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná