“Há dois motivos para estarmos hoje, aqui.
O primeiro deles é reunir num mesmo evento empreendedores, jovens agricultores e dirigentes sindicais para o que poderíamos chamar de um “dia de trabalho”.
O segundo motivo, e não menos importante que o primeiro, é a oportunidade de trazer a vocês, grandes empreendedores do setor público, personalidades políticas que moldam o País e que estão fadados a desempenhar papeis cruciais na vida do Paraná e do Brasil.
Refiro-me aos nossos convidados :
Beto Richa, recém reeleito prefeito de Curitiba com uma avassaladora maioria de votos;
Senador Osmar Dias, um dos baluartes na defesa do agronegócio e do Paraná no Congresso Nacional;
Deputado Ricardo Barros , um dos mais importantes e destacados líderes da Câmara dos Deputados;
Senadora Kátia Abreu, recém eleita presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, a nossa CNA e o Governador Aécio Neves, um político jovem que vem imprimindo em Minas Gerais uma administração moderna que já é modelo para todo o Brasil e que o credencia para vôos mais altos.
Cada um em seu âmbito e a seu modo está fazendo uma revolução, atestada pelo prestígio e o respeito que conquistaram.
O empreendedorismo não é uma questão voltada apenas para as atividades privadas, mas com muita razão também para a gestão pública.
Um governo que se preocupa com a agropecuária, por exemplo, tem que ter em mente que a produção depende das políticas que ele implementa, das obras que realiza, da presteza com que atende as necessidades da sociedade, seja urbana seja rural.
Com a inteligência e empenho com que conduz o processo de desenvolvimento.
Embora nossas atividades no campo sejam particulares, uma vez que somos nós, pessoas físicas, que a desenvolvemos, dependemos muito do que se faz no setor público.
As políticas de crédito, de câmbio, da moeda, a implantação da infra-estrutura, os acordos internacionais, a pesquisa, tudo isso é encargo do Estado e são, portanto, questões políticas.
É por esta razão que, há anos, venho insistindo que líderes e dirigentes sindicais e produtores rurais devem atentar cada vez mais para as questões políticas, sejam elas de que nível for.
Até porque as questões econômicas que nos dizem respeito, que mexem com a nossa vida, têm seu componente político.
O mundo enfrenta uma das suas piores crises, cuja origem foi a irresponsabilidade de setores financeiros externos e de governo que não soube controlar seu sistema bancário e permitiu abusos, contrariando o que ensinam os manuais de gestão financeira.
A crise espalhou-se pelo mundo como uma epidemia e nosso presidente, entre sorrisos, afirmou que a crise chegaria ao Brasil como uma “marola”, enquanto o mundo estava sendo tragado por um “tsunami”.
Por estas bandas, a “marola” está assumindo o seu tamanho de onda gigantesca. A retração dos mercados mundiais é evidente, mesmo para os produtos da alimentação, que seria a última coisa a ser cortada.
Por conta da arrogância de que estávamos no “melhor e mais seguro dos mundos”, as medidas de defesa chegaram tarde e foram insuficientes.
Ser realista é aceitar que vamos enfrentar um período difícil e longo e que se sairão melhor os que souberem administrar com mais eficiência o seu negócio. Aqueles que forem mais conscientes dos perigos e souberem se defender melhor.
Razão mais que suficiente para comprovar o acerto da parceria FAEP, Fetaep, SEBRAE e Senar em patrocinar o Programa do Empreendedor Rural, que fornece as ferramentas do conhecimento para enfrentar problemas como os que estamos nos defrontando a partir de agora.
É por esse componente político nas decisões econômicas que a FAEP, por exemplo, procura levar aos empreendedores e dirigentes sindicais informações sobre como funcionam os mercados e quais os caminhos políticos para soluções globais ou comunitárias.
As soluções de nossos problemas permeiam todas as esferas de Poder, desde o município, o estado e o país, e todos os poderes: o executivo, o legislativo, o judiciário e como parte deste o Ministério Público.
Na solenidade de encerramento da edição de 2007 do Programa Empreendedor Rural, eu havia concitado todos os nossos companheiros produtores rurais a se engajarem nas últimas eleições, como um exercício saudável de interferência nas ações políticas, a começar do município.
Nestas eleições municipais, tive a satisfação de ver um número crescente de líderes sindicais e empreendedores como candidatos a cargos eletivos, sinal de que perceberam a importância que a política tem para o nosso setor. E mesmo não candidatos, um grande número de líderes e empreendedores empenhados em dar apoio a representantes do nosso setor.
O nosso interesse deve abranger desde os problemas das comunidades, que podem ser resolvidos nas prefeituras e câmaras municipais, até decisões que afetam a nossa vida e que estão no âmbito dos governos federal e estadual e passam pela Assembléia Legislativa e Congresso Nacional.
Nestes últimos anos, os governos – federal e estadual – tem cometido erros e omissões que influem direta ou indiretamente em nossos custos de produção e nos preços de nossos produtos.
A economia brasileira sofre com problemas recorrentes de infra-estrutura – armazenagem deficiente, rodovias sucateadas, falta de ferrovias, portos em frangalho.
Imaginem o que rouba de nossa renda agrícola o sobre-preço do transporte marítimo por conta da falta de dragagem no Porto de Paranaguá, obrigando navios a saírem com carga incompleta, mas custo de frete cheio.
Da falta de obras portuárias que já poderiam estar concluídas há anos, mas que foram suspensas pela falta de sensibilidade do Governo estadual.
Obras que poderiam tornar mais rápidas as operações portuárias, ao invés de criar filas de navios ao largo, cobrando sobre-estadias de 50 mil dólares a diária, por várias semanas. Despesas que acabam saindo do nosso bolso, do bolso do produtor rural pela redução das cotações dos preços de nossos produtos.
O Brasil deseja ser o “celeiro do mundo”, mas a pesquisa na agropecuária recebe poucos recursos do Governo. Assim, somos caudatários e dependentes da pesquisa realizada em países desenvolvidos até para fornecer genética para produção de carnes, que dirá no desenvolvimento de produtos transgênicos.
Nossa legislação ambiental é das mais absurdas pela rigidez e total falta de compromisso com a realidade. O próprio ministro da Agricultura faz críticas severas a ela, mostrando que se trata de normas que inibem a produção sob a falsa alegação de que é necessária para a preservação do meio ambiente.
Como se trata de uma utopia, essa legislação não é respeitada e nem pode ser pela sua falta de coerência prática, embora o poder público queira, equivocadamente impô-la à força.
Se de um lado essa legislação ambiental draconiana prejudica produtores, sujeitos a constrangimentos por parte de autoridades, de outro não tem sido capaz de dar sustentação à ecologia.
Tem que mudar.
São falhas de governo, que ignora as prioridades do País e do estado, incha os gastos públicos e não faz nenhuma previsão de futuro. Falta visão de estadista, de político com “P” maiúsculo.
Os programas que o sistema FAEP/Senar / sindicatos rurais tem promovido para empreendedores, jovens e lideranças sindicais encaram, de forma direta ou indireta, essa face política porque ela está intimamente ligada às nossas atividades no campo, independentemente do tamanho da propriedade.
Impossível ignorá-la.
Não se trata de filiação em partidos ou no desempenho de cargos públicos – embora se isso houver, melhor!
Trata-se de participação na vida comunitária, na vida do Estado e do País. Saber que nossos representantes estão nos legislativos ou nos executivos por nossa delegação.
Como nossos delegados, devem permanente satisfações e obrigam-se a trabalhar para atender nossas necessidades e anseios. Afinal, são servidores públicos, pagos por nós e receberam mandato para defender nossos interesses, que são os interesses da sociedade, afinal.
O Programa Empreendedor Rural, o Jovem Agricultor Aprendiz e o programa de Desenvolvimento Sindical têm, por esta razão, um viés político – não partidário é claro, porque o sindicalismo está proibido de fazê-lo.
Mas quando empreendedores, jovens e lideranças sindicais participam da vida comunitária, quer investindo e trabalhando em seus negócios, quer conduzindo questões econômicas e sociais estão, de certa forma, fazendo política e, ao mesmo tempo, promovendo o desenvolvimento.
Os nossos empreendedores já somam mais de 15 mil, que passaram pelos nossos cursos. Os Jovens Agricultores Aprendizes são mais de 14 mil e que estão preparados para o Programa Empreendedor Rural.
Nossos dirigentes sindicais passaram pelo Desenvolvimento Sindical, de aprimoramento das nossas lideranças rurais.
Essa somatória de empreendedores e de líderes está criando uma massa crítica de efeito econômico, social e político que muito brevemente será sentida em nosso Estado. Cada vez mais é evidente a participação dessas pessoas na comunidade e, estou certo disso, se espraiará por outras esferas.
Não se trata apenas da afirmação dos produtores e trabalhadores rurais. Trata-se mais do que isso. Trata-se da imposição de uma nova vanguarda da nossa sociedade, lutando por legítimos interesses econômicos, usando efetivas armas políticas
No entanto, esses programas não teriam sido possíveis sem a participação de parceiros e pessoas.
Minha gratidão aos nossos parceiros do Sebrae, na pessoa do presidente do Conselho Darci Piana, da Fetaep, pelo seu presidente Ademir Mueller, aos colaboradores e instrutores do Senar, SEBRAE e Faep.
Quero agradecer penhorado a presença da nova presidente da CNA senadora Kátia Abreu, do senador Osmar Dias, do deputado Ricardo Barros, do prefeito Beto Richa e do governador Aécio Neves, os quais vão se dirigir a vocês. Às autoridades, parlamentares que vieram prestigiar essa solenidade.
Eu quero agradecer a participação de todos, de empreendedores, jovens aprendizes, lideranças sindicais,. Aos profissionais da imprensa e do rádio que vieram de todos os cantos do Estado.
É nessa sintonia que nós vamos construir um novo estado, um novo país, uma sociedade mais justa e mais desenvolvida.
Muito Obrigado
Ágide Meneguette”