É consenso entre os avaliadores do Concurso Agrinho 2008 que o vasto material produzido para o programa do SENAR-PR, ao longo de treze anos, pode ser fonte de inúmeras pesquisas e trabalhos acadêmicos em pós-graduação e mestrado. A cada ano, em média, 1,5 milhão de alunos participam do Agrinho com desenhos, redações e prática de projetos pedagógicos sobre temas como saúde, meio ambiente, cidadania, consumo e higiene.
“Esse acervo é riquíssimo para a pesquisa, há objetos de estudo prontos, só à espera dos pesquisadores”, diz Marcelo Valério, professor do Departamento de Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestre em Educação Científica e Tecnologia.
Outro integrante da banca, Carlos Eduardo Pilleggi de Souza, professor do Setor de Educação,Ciências e Biologia e PhD em Ciências, destaca o papel dos professores na exploração e “recriação” dos conteúdos, conforme a realidade de cada município. “Tem professor que é guerreiro mesmo. A gente vê que eles trabalham com condições mínimas, mas produzem experiências pedagógicas muito ricas”, observa. Carlos Eduardo acredita que o Agrinho ainda poderá avançar muito nesta interface com professores, ajudando a classe a aperfeiçoar a metodologia e o referencial teórico, para explorar ao máximo as potencialidades do programa.
Para os cinco avaliadores do Agrinho é consenso que o
material do programa pode ser fonte de inúmeras pesquisas
Carlsisn Pizzaia Júnior
Deise Cristina de Lima Picanço
Valeska De Laquila
Carlos Eduardo Pilleggi de Souza e Marcelo Valério
Para a professora do Departamento de Teoria e Prática de Ensino da UFPR, Deise Cristina de Lima Picanço, doutora em Letras, a iniciativa é interessante e reflete o comprometimento do SENAR-PR com a educação. Segundo ela, os textos confirmam que os alunos tiveram uma boa assimilação do tema apresentado. “É importante o trabalho do professor para estabelecer a relação do tema com o mundo das crianças. Para que elas não apenas reproduzem o material de trabalho”, explicou.
Um veterano da banca do Agrinho, o chefe estadual da Fiscalização de Agrotóxicos da Secretaria da Agricultura, Carlos Wilson Pizzaia Júnior, diz que faz questão de desmarcar compromissos para poder participar das avaliações. É a terceira vez que está na banca. “Fui criado no campo e me identifico muito com o programa. Eu me coloco no lugar desses meninos e meninas, que se esforçam para proteger uma mina d’água, que pedem para o pai não jogar lixo no rio. Eles vão ser cidadãos muito mais conscientes e responsáveis, não há dúvidas”.
A Dow AgroSciences é empresa parceira do Agrinho desde a implantação do projeto-piloto, em 1996. Pela primeira vez na banca avaliadora, a coordenadora técnica de Sustentabilidade da empresa, Valeska De Laquila, se impressionou com projetos pedagógicos transformadores da realidade local. Ela cita o exemplo de alunos que estão conseguindo aprovação de uma lei proibindo sacolas plásticas no município e crianças que discutem maneiras de acolher colegas com necessidades especiais. “São projetos muito bons, que merecem até ser tema de dissertações de mestrado”, avalia.
Na semana passada a banca do Concurso Agrinho 2008 terminou as avaliações e, desde segunda-feira, a lista dos 212 premiados já está na internet (www.senarpr.org.br ou no www.agrinho.com.br).
ERRATA: Publicamos na edição 1028, que a professora do Setor de Educação da UFPR, Tânia Stoltz, era pós-doutora em Ciências. Na verdade, ela é pós-doutora em Educação.