Há indícios de que a queda acentuada de preços do leite ao produtor deu uma trégua como mostram os valores de referência do Conseleite Paraná divulgados em no dia 16 (ver Resolução na página 11).
Os produtores vêm assistindo à queda livre dos preços de seu produto, ao mesmo tempo em que os dos insumos necessários à produção não param de subir.
Relatos de produtores e os números divulgados dão conta que em quatro meses o valor do litro de leite caiu R$ 0,30. Como exemplo, uma associação de produtores paranaenses comprometidos com qualidade, com volume de 16.500 litros por dia, em julho recebia R$ 0,71/litro, preço que veio para R$ 0,43 em outubro.
Na mesma região desta associação, produtores isolados estão recebendo R$ 0,35/litro.
Esses preços são inviáveis, já que os custos de produção beiram os R$ 0,70/litro!
O leiteiro continua produzindo porque seu rebanho não pode ser desativado temporariamente, mas na ponta do lápis seu patrimônio está encolhendo, uma vez que o valor recebido não comporta e reposição de equipamentos, conservação e reparos ou remuneração de mão-de-obra familiar. Os empregadores retiram de outras atividades o necessário para manter em dia a folha de pagamento.
A explicação para a crise está no forte crescimento verificado em 2007, puxado por um mercado internacional muito comprador que incentivou indústrias e produtores do mundo todo a aumentar suas produções.
Porém, esse mercado não se sustentou, houve queda na demanda e o leite em pó, que valia US$ 5 mil a tonelada em julho de 2007, chegou a US$ 2,9 mil neste mês de outubro.
No Brasil o aumento de produção neste primeiro semestre foi de 1,2 bilhão de litros em relação ao mesmo período de 2007. Este volume corresponde a 70% da produção do estado de São Paulo, para dar uma idéia de grandeza.
Aumento de produção sem o correspondente aumento de consumo só pode dar em queda de preços.
Hoje produtores de leite e indústrias de laticínios estão enfrentando a mesma dificuldade e nesta situação espera-se que busquem conjuntamente a solução para atravessar a crise, lembrando o princípio do Conseleite: dividir lucros nos momentos favoráveis e prejuízos quando as coisas andam mal, valendo-se do diálogo, respeito e transparência.
Maria Silvia Digiovani
DTE/FAEP