Crise pode desacelerar PIB
do agronegócio, diz CNA 


Apesar de considerados positivos, os resultados do primeiro semestre
demonstram certo desequilíbrio no crescimento do agronegócio este ano

Segundo levantamento da CNA/Cepea, os insumos para agricultura, mesmo em menor ritmo, continuam com taxas elevadas de crescimento

Se os preços das commodities continuarem em queda e a crise macroeconômica mundial confirmar o arrocho na oferta de crédito a tendência é de desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio ainda em 2008. Segundo dados estimados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo, embora o PIB do agronegócio tenha acumulado expansão de 6,79% até julho, o ritmo de crescimento do setor já começou a reduzir no início do segundo semestre do ano, antes mesmo de registrar as pressões geradas pelo atual cenário de crise internacional.

“A elevação do dólar frente ao real pode não compensar o aumento dos preços dos insumos”, afirma a assessora técnica Rosemeire Santos. Para ela, pode se repetir o descasamento entre preços agrícolas e custos de produção ocorrido em 2004 e 2005, com sérias conseqüências para a renda do setor. Mas, desta vez, um novo componente agrava significativamente o quadro de dificuldades da atividade agropecuária: a provável escassez de crédito para o financiamento da produção.

Apesar de considerados positivos, os resultados do primeiro semestre demonstram certo desequilíbrio no crescimento do agronegócio este ano. Os segmentos de insumos agropecuários e da produção dentro da porteira, que sustentaram o crescimento do primeiro semestre, começaram a dar sinais de desaceleração em julho. O segmento de insumos agropecuários cresceu 1,79% no mês, registrando o menor nível desde fevereiro e bem próximo ao observado em janeiro, de 1,75%.

Da mesma forma, o segmento primário do agronegócio cresceu 1,23% em julho, com expansão abaixo do observado em junho, de 1,67%. Também ficou aquém da taxa de julho de 2007, quando a produção primária dentro da porteira cresceu 1,41%.

Segundo levantamento da CNA/Cepea, os insumos para agricultura, mesmo em menor ritmo, continuam com taxas elevadas de crescimento: 2,13% em julho e 17,69% no acumulado do ano. “Com os resultados de julho, o preço real do insumo passa a registrar aumento de 62,22% ao ano, entre julho deste ano e julho de 2007”, diz Rosemeire Santos.

Os insumos da pecuária também estão desacelerando, com taxa de 1,22% em julho e de 10,17% no acumulado dos sete meses do ano. Mas os preços das rações continuam em patamares elevados, com ligeiro recuo no crescimento acumulado, que caiu de 16,69% ao ano para 15,98% nos últimos 12 meses.

O crescimento médio anual das lavouras foi menor em julho, tanto em termos de preços como em volume de produção. A queda no ritmo de crescimento do segmento primário da agricultura resultou num aumento de 24,68% ao ano, em julho, no faturamento médio das lavouras, o que representa ligeira retração em relação a taxa de 25,65% verificada em junho. As atividades primárias da pecuária também registraram desaceleração em julho.

O segmento dentro da porteira cresceu 0,91%, taxa semelhante à registrada em fevereiro deste ano e inferior aos 1,59% de julho de 2007. No acumulado do ano, o crescimento do segmento chega a 7,57%.     

Boletim Informativo nº 1027, semana de 20 a 26 de outubro de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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