A inflação mundial dos alimentos fez com que vários países importadores de carne deixassem de ser fiéis a seus tradicionais fornecedores: sem descuidar de questões sanitárias, esses países agora estão atrás dos melhores preços. É o caso da Rússia que, além de investir em busca de maior auto-sustentabilidade, vem deixando de privilegiar a União Européia na compra de carne bovina.
Nesse contexto, a cadeia da carne brasileira deve redobrar a atenção com os custos de produção. Vale para os produtores rurais, vale para os frigoríficos e vale também para o Governo – responsável em grande parcela pelos custos de logística e transporte.
A conclusão é de Antonio Poloni e Ronei Volpi, representantes do Sistema FAEP que estiveram no 17º Congresso Mundial da Carne, realizado de 7 a 10 de setembro na Cidade do Cabo, África do Sul. Poloni é assessor da Diretoria da FAEP e, Ronei Volpi, diretor-executivo do Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Fundepec-PR). Eles relataram o que aconteceu no congresso durante reunião do Conselho Deliberativo do Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná (Fundepec-PR).
O World Meat Congress reuniu representantes de 38 países que detêm o maior volume de produção e consumo de carne. Foram discutidos temas como a qualidade e a rastreabilidade, a oferta do produto no mundo, o impacto ambiental da produção e as novas regras do comércio internacional.
“As perspectivas são boas para os produtores brasileiros. O que se apresenta como problema para outros países, pode ser oportunidade para nós”, avalia Poloni, comentando os grandes temas que preocupam na produção mundial de carne:
• Escassez de água;
• Falta de terras cultiváveis;
• Questões ambientais;
• Questões sanitárias;
• Bem-estar animal;
• Aumento dos custos de produção;
• Segurança alimentar
• Preços competitivos.
A maior parte desses itens, segundo Poloni, favorece competitivamente o Brasil.
Um fator novo que não passou despercebido no congresso é a internacionalização das indústrias de carne brasileiras. As parcerias estratégicas e “joint-ventures” com empresas dos países importadores garantem a credibilidade de uma marca local, além de contribuir para padronizar os cortes e ajustar o produto ao desejo do consumidor.
Outra percepção é de que o Brasil não está tão frágil diante do eventual fechamento de alguns mercados: além de grande exportador – e com “carteira” de clientes bastante diversificada – o País é também grande consumidor de carne, o que ameniza o impacto de uma diminuição esporádica dos embarques.