Jovens sentem na prática limites dos portadores de deficiência

A proposta surgiu no módulo que trabalha comunicação e cidadania na turma do Programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA) de Pitanga e logo recebeu adesão de todos. A cada encontro os participantes simularam situações típicas da rotina de pessoas portadoras de necessidades especiais, como deficientes visuais, auditivos e amputados por pelo menos uma hora, incluindo o horário do lanche e intervalo, o que possibilitou que os jovens, enfrentassem as limitações inclusive em momentos de lazer. Também houve jovens que se propuseram a fazer o papel de cuidador e que tiveram como missão integrar os portadores de deficiência ao grupo.

Na segunda etapa do exercício coube comentário de todos, seja quem participou diretamente da atividade, seja quem atuou como observador. “Fomos resgatando as sensações que cada um teve. Aí conversamos sobre o respeito às diferenças de padrões e o quanto uma pessoa pode ser independente mesmo tendo alguma limitação”, comentou a instrutora Vanessa Lermen, que presta serviços para o SENAR-PR.

A atividade despertou a atenção dos jovens para barreiras arquitetônicas que anteriormente não viam como problema como degraus muito altos, ausência de rampas e de corrimãos. Discutiram também sobre a falta de respeito, sentimento de medo, angústia, dependência e falta de confiança que sentiram quando “na pele” do portador  de necessidade especial e, no caso do cuidador, muitos mencionaram o excesso de responsabilidade.

A aluna Maria Jaqueline fez a seguinte colocação: “Percebemos o quanto todos nós somos cegos. Não vemos que as diferenças existem mais em nossas cabeças do que realmente na limitação de uma pessoa. Num primeiro momento os colegas ficaram totalmente limitados, mas com o passar das horas eles começaram a criar algumas estratégias que lhes permitia certa mobilidade sozinhos. Com certeza, com treino e um bom preparo eles poderiam ter uma vida normal, sem serem discriminados pela sociedade”, disse.

“O resultado da dinâmica ultrapassou os limites da nossa sala do JAA. Os alunos comentaram sobre o tema durante a semana com os professores da escola e estes têm nos repassado isto de forma muito positiva. Os alunos do colégio que os viram praticando perguntaram de que se tratava e eles passam a agir como multiplicadores da idéia lançada em sala. É muito gratificante”, acrescentou Vanessa.

Eleições – E os jovens dão continuidade às lições de cidadania. O novo capítulo trata de eleições e para entender melhor o assunto a turma decidiu simular uma eleição em sala, dividindo a turma em eleitores  e candidatos. Os primeiros precisavam dizer o que a comunidade esperava do segundo grupo, de quem se esperava um plano de ações. Promessas só poderiam ser feitas se pudessem ser cumpridas, ou seja, se eles pudessem  provar de onde conseguiriam fundos para realizar determinada obra. A tarefa tomou tal proporção que teve até propaganda eleitoral gravada e apresentada aos eleitores. Prefeito e vereadores eleitos serão os representantes da turma até o final do curso, cabendo a eles negociar prazos para trabalhos, dias alternativos de aula, entre outras atribuições.             

Boletim Informativo nº 1021, semana de 8 a 14 de setembro de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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