Petróleo dá suporte aos preços
da soja no mercaro mundial

O mês de agosto foi marcado por altos e baixos nos pregões da Bolsa de Chicago (CBOT).

O mercado de commodities agrícolas  tem por característica a extrema sensibilidade a qualquer notícia.

Alternando dias de sobe e desce, os preços da soja em grão experimentaram volatilidade frente a cada nova notícia de clima e do desempenho do petróleo e metais.   A valorização do dólar frente às demais moedas também colaborou para a oscilação em determinados momentos.

A valorização do dólar provoca efeito de baixa nos preços das commodities agrícolas. Já a queda do dólar em relação às principais moedas internacionais, provoca efeito inverso e estimula os investidores a comprarem matéria-prima para proteger seus portfólios da inflação.   

O Federal Reserve (FED, banco central dos Estados Unidos) revisou as previsões de crescimento da economia e tem expectativa que a inflação recue nos próximos meses.  Por outro lado, fontes próximas ao FED prevêem que a atividade econômica deverá continuar fraca por vários trimestres e os reflexos serão percebidos ao longo do segundo semestre de 2008 e no transcorrer de 2009.

A par disso, em relação ao petróleo as previsões de que o furacão Gustav afete as instalações das petroleiras do Golfo do México (representam 20% da produção de óleo cru), repercutiram nos preços da commodity.

Na visão do mercado, o reconhecimento pela Rússia da independência das regiões separatistas da Geórgia também contribuiu para o aumento do petróleo.  Existem rumores que, isolada, a Rússia, segundo maior produtor mundial, ponha em risco a oferta de óleo cru do país.

Nos últimos dias, o recrudescimento do receio de que as condições desfavoráveis de clima no período de plantio tenham um efeito maior do que o até então divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no relatório de agosto, repercutiu no mercado de futuros pressionando para cima as cotações da soja em grão.  Por outro lado, as notícias de clima seco na região na atual fase das lavouras também deram suporte aos preços.  Agrega-se ainda o quadro ajustado de oferta e demanda de soja.   Referidas variáveis conferem sustentação aos preços futuros da soja no mercado internacional, porquanto formam os fatores fundamentais de mercado. 

 SOJA – PREÇOS BOLSA DE CHICAGO – CONTRATOS PARA SETEMBRO

 Fonte: BOLSA DE CHICAGO – CBOT – Elaboração FAEP-DTE

A maior cotação internacional do grão registrada em agosto foi de US$ 29,93/saca de 60 kg e aconteceu no dia 1º. O menor preço ocorreu no dia 08 de agosto (US$ 26,43/saca de 60 kg), um recuo de US$ 3,50 /saca de 60 kg no prazo de seis dias.   Por outro lado, na última semana, o preço do grão praticamente logrou se aproximar dos patamares do início de agosto, conforme pode ser observado na figura apresentada.

Em igual período de 2007, o preço médio foi de US$ 18,59/saca de 60 kg, cerca de 34% inferior à média obtida até 27 de agosto (US$ 28,14/saca de 60 kg).

Nesse contexto analítico, é possível inferir que mesmo que as baixas na Bolsa de Chicago se tornem mais intensas, é pouco provável que os preços internacionais voltem a ficar abaixo da média histórica de US$ 13,20/saca de 60 kg. As cotações vigentes estão 113% acima da média histórica internacional.

Gilda Bozza

Economista - DTE / FAEP

 

Boletim Informativo nº 1020, semana de 1 a 7 de setembro de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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