Se o governo federal não intervir com apoio no mercado de trigo, os produtores rurais vão amargar, novamente, grandes prejuízos. Segundo avaliação da FAEP, isso desestimulará o plantio, provocando o retorno da inflação.
Em 08 de agosto o presidente do Sistema FAEP, Ágide Meneguette, encaminhou ofício ao governo solicitando apoio à comercialização do trigo. Passados dezoito dias, não houve nenhuma manifestação oficial de apoio aos produtores.
“Com o apoio do governo ao trigo importado, os moinhos estão abastecidos e o mercado interno travado, sem comercialização e comprador para o trigo nacional. Tal situação causa desespero para os produtores, que têm dívidas para pagar”, alerta Meneguette.
Segundo ele, nos últimos três meses as cotações do trigo desabaram no mercado internacional e interno, aumentando a preocupação dos produtores que enfrentam uma alta de 30% nos custos de produção na safra 2008/09. No mercado interno, o preço da saca de 60 quilos no Paraná recuou para R$30,00 na média, de acordo com a Secretaria da Agricultura do Paraná (Deral/Seab).
Produto |
Junho
(R$/saca 60 kg) |
Julho (R$/saca 60 kg) |
26
de agosto (R$/saca 60 kg) |
Redução de preço entre junho/agosto |
TRIGO | 39,66 | 35,94 | 30,00 | -24,35% |
Fonte: Seab/Deral – Elaboração: FAEP/DTE
Segundo o último levantamento de custos da Conab, de 31 de março de 2008, os custos operacionais de produção do trigo no Paraná para a safra 2008/09 estão entre R$32,76 em Ubiratã e R$36,76 em Cascavel. Os custos totais de produção em R$38,68 e R$41,12 respectivamente. Logo, os preços pagos aos produtores rurais já causam prejuízos.
Custos | Ubiratã | Londrina | Cascavel |
Custo Operacional | 32,76 | 34,65 | 36,79 |
Custo Total | 38,68 | 39,08 | 41,12 |
Fonte: Conab – Elaboração: FAEP/DTE
De acordo com a última estimativa do IBGE, a área plantada de trigo esse ano no Paraná é de 1,11 milhão de hectares, ou seja, 34% maior que na safra anterior de 830 mil hectares.
A produção estimada é de 2,9 milhões de toneladas, 50% maior em relação à produção do ano passado, de 1,92 milhão de toneladas. Foi fundamental para esse resultado o estímulo do governo para o plantio e a melhoria das condições climáticas, que apesar de afetar o milho safrinha, não representou até o momento perdas para o trigo.
Meneguette lembra que os produtores rurais responderam ao estímulo do governo para aumentar a produção do trigo e ajudar no combate à inflação. O governo editou medidas desonerando a importação de trigo e alguns alimentos já registram variações negativas nos preços, de acordo com dados do IPCA/IBGE. Produtos importantes na alimentação das famílias apresentaram taxas negativas em julho, como a farinha de trigo (-1,75%) e o pão francês (-0,11%).
Portanto, destaca o presidente da FAEP, nesse momento de eminente dificuldade de quem produziu trigo é necessário que o governo cumpra o compromisso de garantir os preços remuneradores aos produtores rurais, conforme anunciado na Política Nacional do Trigo e mais recentemente no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2008/09.
O consumidor e os moinhos de trigo foram beneficiados pelas medidas adotadas pelo governo e pelo aumento da área de produção do trigo, que reflete também na atual baixa nas cotações e na tendência de maior redução dos preços pagos aos produtores, aproximando-se rapidamente do assegurado na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) de R$28,80.
A safra de trigo que será colhida este ano incorporou, na implantação da cultura, o elevado aumento dos preços de fertilizantes, que representam 25% do custo de produção. Portanto, o referencial da PGPM de R$28,80 precisa ser reajustado, conforme o levantamento de custos de produção da Conab.
“Diante do exposto, solicito que o governo apóie a comercialização do trigo para garantir o escoamento de pelo menos 50% da produção nacional. Faz-se necessário, em caráter de emergência, a divulgação do lançamento de leilões para escoamento da produção do trigo utilizando mecanismos como o Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), conclui Ágide Meneguette.