Volume exportado não acompanha
valorização de preços do agronegócio

O aumento dos preços internacionais favoreceu especialmente as exportações do complexo soja

A valorização dos preços, e não o volume exportado, tem sido responsável pelo aumento expressivo das receitas do agronegócio brasileiro. Em julho, as exportações atingiram US$ 7,9 bilhões, somando US$ 41,7 bilhões nos sete meses do ano, valor que supera em 30% o total das exportações do setor no mesmo período do ano passado. Trata-se de um recorde histórico, influenciado basicamente pelos altos preços dos alimentos. “Tudo indica que as exportações do agronegócio continuarão em ritmo forte, estimuladas pelos preços, mesmo que as quantidades exportadas nem sempre acompanhem o aquecimento do setor”, prevê o assessor técnico da Comissão Nacional de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Matheus Zanella.

O aumento dos preços internacionais favoreceu especialmente as exportações do complexo soja. Embora a quantidade exportada tenha aumentado apenas 7,9%, a elevação em 63,6% dos preços garantiu a exportação recorde de US$ 11,9 bilhões, de janeiro a julho, o que representa um aumento de 76,6% em relação aos valores do mesmo período de 2007. Segundo Zanella, a China é, hoje, o maior comprador de soja do Brasil, pois proporciona garantia de fornecimento do produto, enquanto Argentina e Estados Unidos enfrentam problemas para ofertar o produto ao mercado. A soja é base da alimentação e das rações utilizadas na agropecuária chinesa.  

Os crescentes embarques de etanol contribuíram para a pequena recuperação do setor sucroalcooleiro, que vinha sofrendo quedas nas exportações em decorrência dos baixos preços do açúcar e do álcool. As exportações do setor atingiram US$ 3,8 bilhões, de janeiro a julho, com crescimento de 3,5% em comparação a 2007.

O câmbio favorável e o aquecimento do consumo doméstico também favoreceram o crescimento das importações, que somaram US$ 6,8 bilhões, de janeiro a julho deste ano, o que representa um aumento de 44,7% em relação ao mesmo período de 2007. Novamente, os altos preços internacionais determinaram o resultado das importações do agronegócio. No caso do trigo, responsável por um quinto do total das importações do setor, houve um crescimento de 41,8% em relação a 2007, somando US$ 1,2 bilhão.  


 Situações diferentes para o boi e o frango

Com bons resultados nas carnes de aves, bovina e suína, o complexo carne é o segundo maior segmento exportador do agronegócio brasileiro. As exportações de carne de frango cresceram 45,5% no acumulado do ano, em relação ao mesmo período de 2007, atingindo US$ 3,7 bilhões, em conseqüência de quantidades e preços maiores.

Mas o crescimento das exportações de carne bovina registrou um ritmo menor, de 18,2%, alcançando US$ 3,0 bilhões, influenciadas basicamente pelo aumento dos preços do produto. Segundo o assessor técnico da CNA, o segmento de carne bovina embarcou quantidades menores, pois persistem as restrições de fornecimento de carne bovina in natura para a União Européia, “ainda que um número cada vez maior de fazendas esteja sendo habilitado para exportar àquele bloco”. As exportações de carne suína cresceram 36,3%, favorecidas pelos preços.             


Boletim Informativo nº 1020, semana de 1 a 7 de setembro de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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