Pecuária

Fauna Silvestre

Alexandre A Jacewicz 

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) lançou o seguinte desafio: “Aperfeiçoar a vigilância das doenças que afetam os animais selvagens para protegê-los, proteger os animais domésticos e também os seres humanos.”

Isto porque as doenças dos animais selvagens despertam cada vez mais a preocupação no mundo inteiro, já que elas, além de serem uma ameaça para eles próprios, também podem afetar a sanidade dos animais domésticos e a do ser humano. Nos dias atuais ela é confirmada pelo crescimento do número de doenças animais emergentes comuns ao animal e ao ser humano.

As zoonoses, doenças dos animais que afetam os seres humanos, são motivo de constante e crescente preocupação. Assim, 60% dos patógenos suscetíveis de afetar os humanos e mais de 75% dos que surgiram durante a década passada  são de origem animal. Muitos tem um vínculo comprovado com a fauna silvestre devido a diversos fatores como: o deslocamento das populações humanas, a mudança climática, o transporte dos animais e de seus produtos pelo comércio internacional, o desmatamento, a urbanização, os novos hábitos.

Com esta preocupação, a OIE criou um grupo de trabalho permanente que se ocupa com as doenças dos animais selvagens. Ele recolhe, analisa e divulga informações de cerca de quarenta doenças que afetam a fauna silvestre tanto no seu meio natural com em cativeiro. Entre elas, a doença de Newcastle e a influenza nas aves, a peste suína nos suídeos selvagens, a febre aftosa nos cervídeos.

No caso do Paraná, a presença de animais selvagens ocorre nas reservas florestais como o Parque Nacional do Iguaçu, na Ilha Grande no Rio Paraná, em outras reservas menores e nos corredores representados pelas matas ciliares que interligam praticamente as áreas florestadas. Assim, os animais selvagens se deslocam de uma região para outra carreando os patógenos ao longo de seu trajeto.

Em maio o nosso estado recuperou o estatus de zona livre de febre aftosa, com vacinação, abrindo a possibilidade de exportar para mercados mais exigentes, além da carne bovina, a carne suína e porque não também a carne de aves. A erradicação da doença foi o resultado de um esforço da iniciativa privada paranaense que vacinou ao redor de 99% do rebanho bovídeo e a Secretaria da Agricultura a qual conseguiu nomear os técnicos aprovados em concurso público e reforçar a vigilância sanitária. É necessário lembrar que já somos livres da doença de Newcastle e da peste suína, sem vacinação. No entanto, qualquer descuido ou negligência provocará o ressurgimento dessas doenças que já causaram enormes prejuízos no passado.

O nosso objetivo é alertar as propriedades rurais situadas nos limites das reservas e também das que contenham matas ciliares, de manter uma vigilância permanente para o aparecimento de corpos de animais silvestres. No caso positivo, o produtor deverá acionar imediatamente o médico veterinário da unidade da SEAB no Município, que fará o exame do animal morto e a coleta de material para o laboratório.

Todo o cuidado é pouco!

Alexandre A Jacewicz

Médico Veterinário - Consultor de Pecuária

Boletim Informativo nº 1018, semana de 18 a 24 de agosto de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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