As exportações brasileiras do agronegócio atingiram US$ 33,8 bilhões, no primeiro semestre do ano, com um aumento de 16,3%, apesar da queda nas quantidades exportadas de alguns produtos. Apenas em junho, as exportações somaram US$ 6,5 bilhões, um recorde para o período. "Tudo indica que os patamares elevados de preços agrícolas nos mercados internacionais vão continuar", diz o assessor técnico da Comissão Nacional de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Matheus Zanella. A repercussão positiva desse cenário no agronegócio, segundo ele, levará a novas elevações das exportações e à repetição de recordes.
As importações do agronegócio também cresceram de janeiro a junho deste ano, favorecidas pelo câmbio e pela expansão do consumo interno. No período, somaram US$ 5,6 bilhões, o que representa um aumento de 42,7% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Desta forma, o saldo comercial do agronegócio também expandiu, atingindo US$ 28,2 bilhões no semestre. “Esse valor é suficiente para compensar o déficit de US$ 16,8 bilhões dos outros setores e manter o saldo comercial brasileiro positivo”, afirma Zanella.
Mesmo com pequeno aumento de 4,3% na quantidade exportada, as exportações do complexo soja continuam crescendo, acumulando no semestre US$ 9,0 bilhões, o que representa um aumento de 67,5%. Os embarques cresceram significativamente para a China e para a Europa, tradicionais compradores do produto brasileiro. Segundo o assessor técnico da CNA, as cotações da soja foram favorecidas pelas restrições de oferta dos Estados Unidos, que deslocou recursos para a produção de milho, e pelo sistema de taxas de exportação adotado pela Argentina para forçar a manutenção de sua produção no mercado doméstico.
COMPLEXO SUCROALCOOLEIRO - O aumento dos preços dos produtos agrícolas começa, agora, a atingir também o complexo sucroalcooleiro, que até então vinha apresentando sucessivas quedas nas exportações. Mesmo assim, as exportações do semestre ainda estão 2,7% menores do que as do mesmo período do ano passado. No entanto, segundo Zanella, “o desempenho de junho foi favorável e indica uma tendência de recuperação das exportações do setor”. As exportações de etanol, por exemplo, já cresceram 27,6% em relação a 2007, atingindo US$ 890 milhões nos primeiros seis meses do ano. Os Estados Unidos, maior exportador do etanol brasileiro, realizou mais compras esse ano, utilizando triangulação via países do Caribe para fugir da tarifa de importação imposta às exportações de etanol do Brasil. Também foi observado crescimento das exportações do produto para a Europa.