Em relação ao endividamento dos produtores rurais, outro fator que ameaça a meta de produção projetada pelo Governo, Cotta disse que o principal motivo de apreensão do setor produtivo é o adiamento da votação da Medida Provisória (MP) 432, que trata da renegociação de R$ 75 bilhões em dívidas de operações de crédito rural.
Desde 12 de julho, a matéria tranca a pauta do plenário da Câmara dos Deputados e poderá ser analisada apenas em agosto, após o retorno do recesso parlamentar. Apesar da MP estar em vigor, os bancos adotam a estratégia de esperar a matéria se tornar lei para iniciar o processo de renegociação.
Desta forma, ressaltou Cotta, muitos agricultores inadimplentes ficam impedidos de tomar novos empréstimos para financiar a próxima safra e não dispõem de renda para ampliar a produção. “Os produtores precisavam equacionar o passivo do passado para ter acesso a novos empréstimos. Sem isso, eles não terão renda para produzir, o que pode acarretar queda da produção no futuro”, alertou.
Para o assessor técnico da Comissão Nacional de Comércio Exterior da CNA, Matheus Zanella, com a demanda mundial por alimentos, o produtor precisa se sentir estimulado a produzir. “Sem renda, o produtor não tem estímulo. As conseqüências disso são a redução de oferta e os preços para o consumidor continuarão altos”.