A meta do Governo de produzir 150 milhões de toneladas de grãos na safra 2008/2009, anunciada no início do mês, está ameaçada diante do aumento dos custos de produção e do endividamento dos produtores rurais, apesar do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do saldo comercial, e da maior estimativa de Valor Bruto da Produção (VBP).
A afirmação foi feita pelo superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta Ferreira. “A estimativa é extremamente viável, mas corre o risco de não ser alcançada. O setor vai bem, mas os produtores rurais, nem tanto”, argumentou.
Ao divulgar os Indicadores Rurais de julho, ele explicou que o principal vilão dos agricultores tem sido o fertilizante. Mencionando a cultura de soja, ele informou que um trabalho de campo realizado pela entidade em dez municípios produtores da oleaginosa constatou que o produto terá aumento nos preços que variam de 51,37% a 136,16%. Estes índices provocarão altas de até 52,4% nos custos de produção.
A alta nos valores pagos por esses insumos é atribuída principalmente à importação de 70% de algumas matérias-primas utilizadas em sua fabricação, como nitrogenados, fosfato e potássio. Quanto aos defensivos, o superintendente técnico afirmou que o estudo revelou reajustes de 8,95% a 19,20% nos preços na próxima safra, devido ao registro de novos produtos e à entrada de defensivos genéricos. Segundo Cotta, houve ainda a redução da tarifa antidumping do glifosato importado da China, de 35,8% para 2,9%, fator que contribuiu para que os preços dos defensivos não aumentassem demais. O glifosato é uma matéria-prima utilizada na fabricação de defensivos. “No entanto, é necessária a aceleração do processo de novos registros para baixar mais os custos”, ressaltou.