Turma feminina de Porecatu é pioneira
Dez trabalhadoras e cinco produtoras rurais concluíram no dia 19 de julho o curso de tratorista realizado pelo SENAR-PR e Sindicato Rural de Porecatu. O público essencialmente feminino reflete o interesse crescente das mulheres por novas áreas de trabalho.”Em uma reunião, em Curitiba, percebemos que a participação feminina é grande nos cursos de Promoção Social do SENAR-PR, mas ainda é pequena nas ações de Formação Profissional. O mobilizador do Sindicato aceitou o desafio de montar uma turma só de mulheres e, no final, ficou gente de fora”, comentou Ana Thereza Ribeiro, produtora rural e presidente do Sindicato Rural de Porecatu.
De acordo com Ana Thereza, o interesse pelo curso deve-se principalmente ao fato da região ser produtora de cana e as mulheres estão percebendo uma oportunidade de se qualificar para se candidatar a vagas que vão surgir com a mecanização da colheita. No caso das produtoras rurais, o interesse é de entender o funcionamento do equipamento para poder gerenciar melhor o trabalho realizado em sua propriedade. “Sou engenheira agrônoma há mais de 15 anos, mas estava mais ligada à área de gestão da propriedade. É bom conhecer para controlar melhor o desempenho e manutenção dos equipamentos”, observou.
As trabalhadoras rurais participantes querem mais. Querem uma nova carreira, um lugar em um mercado ainda dominado por homens. É o caso de Rosângela Aparecida Vieira, que é cortadora de cana em Florestópolis. O pai de Rosângela é tratorista há mais de 20 anos e o sonho da jovem de 22 anos é seguir a mesma carreira. “Não achei o curso difícil. Quero me aperfeiçoar e me candidatar a uma vaga. Meu pai me dá a maior força”, disse.
A instrutora Elisângela Domingues, que presta serviços ao SENAR-PR, acredita que vão sair muitas operadoras desse curso. “A área de mecanização está crescendo, está faltando mão-de-obra e muitas empresas já perceberam que as mulheres têm capacidade para operar trator, são muito cuidadosas, cuidam da limpeza interior das máquinas, não forçam equipamento sem necessidade, seguem regras e por isso causam menos danos nas máquinas”, avaliou.
Para Elisângela, o curso é pioneiro e vai abrir portas para que outras mulheres busquem qualificação. “As participantes são muito atentas, muito curiosas e não têm dificuldades em absorver as informações”.
Na mobilização da turma foi feita uma pré-seleção para priorizar a participação de quem já tem Carteira de Habilitação (CNH). De acordo com o Código Nacional de Trânsito, a operação das máquinas exige categoria C, D ou E na CNH.