Nunca foi tão caro produzir um boi
no Brasil, segundo dados da CNA

Agência CNA 

Apesar da valorização de 3,35% no preço da arroba do boi gordo no primeiro trimestre de 2008, a renda do pecuarista não cobriu os custos de produção da atividade. De janeiro a março, o Custo Operacional Efetivo (COE) e o Custo Operacional Total (COT) variaram 13,3% e 10,6%, respectivamente. “Nunca foi tão caro produzir um boi no Brasil”, disse o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira.

Segundo os Ativos da Pecuária de Corte, divulgados nesta terça-feira (15) pela CNA e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), a elevação do COE, em março, foi de 5,07%, enquanto o COT registrou alta de 4,04%, mantendo o ritmo de alta dos custos de produção verificado nos dois primeiros meses deste ano.

Para Antenor Nogueira, um dos fatores da elevação dos custos é a alta nos preços do suplemento mineral usado na alimentação do rebanho, de 8,57% em março, acumulando 48,25% no ano. Conforme os dados dos Ativos da Pecuária de Corte, este item representou 18,42% dos custos totais da pecuária nos três primeiros meses do ano. “Está cada vez mais difícil engordar boi no Brasil por causa dos aumentos abusivos dos insumos”, afirmou o presidente do Fórum.

Segundo ele, “é impossível ter uma engorda adequada sem a utilização dos suplementos minerais”. De março de 2003 a fevereiro deste ano, há uma defasagem de mais de 30% dos custos de produção em relação à valorização da arroba. Enquanto o COT subiu 63,19%, a arroba teve valorização de 27,22%. “Esse aumento excessivo impacta diretamente no custo do pecuarista”, explicou Nogueira. Outro fator que tem impactado nos custos de produção da atividade pecuária é a reposição do rebanho, diante da valorização do bezerro e das fêmeas. Conforme os Ativos, a baixa oferta de bezerros elevou em 5,6% os preços de reposição em março. No Rio Grande do Sul, a alta deste item chegou a 12,2%. “O aumento do preço da arroba se torna nulo se colocarmos no papel os custos de produção. Não há motivos para comemorar, mas para se preocupar”, alertou o presidente do Fórum, prevendo o agravamento da situação deste cenário para 2008, caso o Governo não tome providências.

O levantamento aponta também para o reajuste do salário mínimo como outro item que contribuiu para o aumento dos custos de produção nos 10 Estados pesquisados pela CNA e Cepea. Em São Paulo, a variação foi de 1,22%, passando de R$ 410,00 para R$ 415,00, enquanto nos demais a elevação foi de 9,21%. Já os adubos e corretivos tiveram elevação de 3,6% em março. Mais uma vez, São Paulo teve a maior alta, de 11%, atribuída ao plantio da cana-de-açúcar. Pará e Rio Grande do Sul também tiveram fortes valorizações.   

         

Boletim Informativo nº 1014, semana de 21 a 27 de julho de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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