Para financiar a próxima safra da agricultura empresarial, o Plano Agrícola e Pecuário 2008-2009 (PAP) terá R$ 65 bilhões, valor 217% maior que ofertado na safra 2002/2003. Deste total, R$ 45,4 bilhões serão a juros controlados, ou seja, com encargo financeiro de 6,75% ao ano. Isso representa 20% a mais em relação ao ciclo 2007-2008. O Plano foi lançado no dia 2, em Curitiba, pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. Os recursos totais para o crédito rural serão 12,1% superiores aos disponíveis na safra que se encerra.
Os recursos serão aplicados no custeio, comercialização e investimento da produção agropecuária. Além do aumento do volume de crédito, o PAP 2008-2009 terá a ampliação do limite de financiamento e de renda para alguns programas de investimento, eliminação de taxa flat do Moderfrota, reajuste de preços mínimos, especialmente para alimentos essenciais, como arroz, feijão, milho e trigo. Além disso, nesta edição, o plano terá incentivos especiais para a produção sustentável. Uma linha de crédito de R$ 1 bilhão está à disposição dos agricultores para financiar a recuperação de áreas degradadas.
As metas centrais do plano são ampliar a produção agrícola, reduzir o impacto do aumento do custo para o produtor, garantir o abastecimento interno e aumentar a participação do agronegócio brasileiro no mercado internacional. A expectativa do governo é que a produção cresça 5% na próxima safra, atingindo os 150 milhões de toneladas de grãos, fibras e cereais, o maior volume já registrado. Um dos resultados mais importantes desse aumento de produção é evitar que os preços dos alimentos continuem subindo.
"Em um momento de escassez e de alta nos preços dos alimentos, o Brasil tem a possibilidade real de se consolidar como um dos maiores fornecedores de produtos agropecuários para o mundo. Contudo, o mundo quer mais do que nossos alimentos. Nossos clientes e concorrentes, por diferentes motivos, cobram do Brasil uma posição de respeito ao meio ambiente", ressaltou o ministro Stephanes.
Seguem as principais medidas do PAP 2008-2009:
Crédito rural - A oferta de crédito rural para a agricultura empresarial na próxima safra será de R$ 65 bilhões, aumento de 12% em relação ao ciclo 2007-2008.
Custeio e comercialização - Dos R$ 65 bilhões disponíveis para o crédito rural, R$ 55 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, 12% a mais que o previsto para a safra anterior. Deste total, R$ 45,4 bilhões serão ofertados a juros controlados (taxas fixas de 6,75% ao ano), valor 20% superior ao destinado ao PAP 2008-2007.
Investimento - Os programas de investimento contarão com mais R$ 1,1 bilhão nesta safra, totalizando R$ 10 bilhões. Além disso, haverá aumento do limite de crédito para as principais linhas de financiamento e a criação de um programa para a recuperação de áreas degradadas de pastagem e a adoção de práticas sustentáveis de produção. Deste valor, R$ 6,5 bilhões virão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 3,5 bilhões dos Fundos Constitucionais.
1) Eliminação da taxa flat de 4% que incide nos financiamentos feitos pelo Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota). A taxa, criada em 2004, é recolhida pelos fabricantes de máquinas agrícolas para formação de um fundo de equalização do BNDES. O fundo é usado em caso de perdas em eventuais situações de descolamento entre os juros praticados e possíveis variações da inflação.
2) Elevação de 25% no limite de crédito por beneficiário dentro do Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais (Moderagro). O valor passou de R$ 200 mil para R$ 250 mil. Dentre outras finalidades, a linha é destinada ao desenvolvimento de espécies de frutas, beneficiamento e industrialização da fruticultura e a adoção do sistema de rastreabilidade bovina e bubalina.
3) Aumento de 50% no volume de recursos, passando de R$ 100 milhões para R$ 150 milhões, e ainda de 33% no limite por contrato do Programa de Plantio Comercial de Florestas (Propflora), que passa de R$ 150 mil para R$ 200 mil.
4) Ampliação do limite de renda para o enquadramento no Proger Rural de R$ 220 mil para R$ 250 mil. Haverá ainda aumento do limite de financiamento de R$ 100 mil para R$ 150 mil. Também serão destacados R$ 500 milhões do Moderfrota para produtores enquadrados no Proger Rural, com juros de 7,5% ao ano, a menor taxa cobrada para empréstimos dentro do programa de modernização da frota.
Apoio à comercialização - Para as políticas de apoio à comercialização, estão previstos R$ 3,8 bilhões, sendo R$ 2,3 bilhões para aquisição de produtos e R$ 1,5 bilhão para equalização de preços. Estes recursos têm como objetivo os leilões de compra e venda para garantir aos produtores a comercialização de suas safras em 2009 a preços compatíveis com os custos, assegurando melhor renda. Ao mesmo tempo, funcionam para suprir o abastecimento com estoques públicos, quando necessário, amenizando eventuais altas de preços para os consumidores.
Preços mínimos - Os preços mínimos de garantia vigentes na safra 2007/2008 foram reajustados para recompor a alta do custo de produção agropecuária e se adequar a nova cotação das commodities. Seguem alguns exemplos:
Arroz em casca, regiões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A saca de 50 kg passará de R$ 22 para R$ 25,80. Reajuste de 17,27%;
Feijão anão (principal tipo cultivado no Brasil. Dá origem a variedades, conhecidas, como preto, carioquinha e roxinho). A saca de 60 kg passará de R$ 48, 42 para R$ 80. Aumento de 65,22%;
Milho, regiões Sul, Sudeste, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. A saca de 60 kg passará de R$ 14 para R$ 16,50, crescimento de 17,86%;
Milho, regiões de Mato Grosso e Rondônia. A saca de 60 kg passará de R$ 11 para R$ 13,20. Reajuste de 20%.
Seguro rural - O programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) tem um orçamento, em 2008, de R$ 160 milhões, 60,8% superior ao destinado no ano passado. Se integralmente aplicado, os recursos vão atender a 72 mil produtores na contratação de 82 mil apólices de seguro. O valor é suficiente para dar cobertura a seis milhões de hectares, cerca de 10% da área cultivada com culturas anuais e permanentes. Atualmente esta cobertura atinge cerca de 4% desta área. Além disso, para consolidar o seguro rural no Brasil, o governo federal encaminhou, ao Congresso Nacional, o projeto de lei que cria do Fundo de Catástrofe. O fundo será um instrumento de resseguro em casos de grandes perdas de safra em decorrência de catástrofes climáticas.
Veja mais detalhes do Plano Agrícola e Pecuário 2008-2009 na página da FAEP (www.faep.com.br).