As exportações do agronegócio já cresceram mais de 25% em relação ao ano passado, somando US$ 27,2 bilhões de janeiro a maio, cujo valor corresponde a 37,8% das exportações totais do Brasil. Mesmo com o crescimento de 40,4% das importações do agronegócio, o saldo comercial do setor chegou a US$ 22,6 bilhões, com aumento de 22,5%, o suficiente para cobrir o déficit de US$ 13,9 bilhões dos outros setores. "Os altos preços de exportação para a maioria dos produtos, beneficiados pelo aquecimento do mercado internacional, explicam o resultado favorável do setor", afirmou o assessor técnico da Comissão Nacional de Comércio Exterior da CNA, Matheus Zanella.
Os complexos da soja e das carnes continuam liderando as exportações do setor. No caso da soja, os altos preços internacionais e de exportação, assim como a elevação da quantidade exportada, explicam o aumento de 64,6% nas exportações do segmento, que já acumulam US$ 6,8 bilhões em 2008. A quantidade exportada de soja, que não variou muito nos primeiros meses do ano, subiu 33,1% em maio, com aumentos nas exportações de soja em grão e quedas nas exportações de óleo.
"As exportações de soja estão sendo beneficiadas pelo mercado internacional, que continua aquecido, além da forte demanda dos maiores importadores, como China e União Européia", afirma o assessor técnico da CNA. Segundo ele, as restrições de oferta dos principais concorrentes do Brasil, como Estados Unidos e Argentina, também influenciam os preços dos produtos. Quanto ao complexo carnes, já acumula US$ 5,6 bilhões de janeiro a maio, o que representa um aumento de 30,8% em relação ao ano passado.
As exportações de frango cresceram em resposta à demanda dos principais mercados do produto brasileiro, Oriente Médio e Ásia, o que influenciou os preços de exportação, 27,8% maiores. Mas, as restrições na importação pela União Européia continuam afetando as exportações de carne bovina, embora o aumento de 37,6% nos preços, segundo Zanella, "compense a queda de 19,8% no volume exportado".
O único setor que apresenta queda nas exportações é o complexo sucroalcooleiro, que acumula US$ 2,3 bilhões este ano. Apesar da recuperação verificada em maio, o segmento apresenta queda de 10,2% no seu desempenho exportador. "Essa queda é resultado de menores volumes e preços de exportação do açúcar, já que as exportações de etanol registram crescimento de 13,2% no ano", explica o assessor técnico da CNA. Para ele, no entanto, o crescimento de 24,4% verificado nas exportações do complexo sucroalcooleiro, em maio, indica que o setor poderá se recuperar até o final do ano.
Quanto às importações do agronegócio, houve
um crescimento de 40,4%, somando US$ 4,7 bilhões de janeiro a maio
deste ano, refletindo também os altos preços internacionais dos
produtos agrícolas. Mas as importações de trigo caíram 50,8% em valor,
com queda significativa de 73,2% também na quantidade em maio. Segundo
Matheus Zanella, três fatores explicam esse recuo: a resposta da
produção brasileira ao aumento do preço do produto; as restrições de
países fornecedores, como a Argentina; e a concentração das importações
nos quatro primeiros meses do ano.