Produtores rurais se unem 
contra invasões de terras

Representantes da Polícia Civil, Força Verde e vereadores de Pinhão e Reserva do Iguaçu também participaram do encontro, promovido pelo Sindicato Rural de Pinhão

Encontro no dia 5 na Câmara Municipal de Pinhão reuniu 300 produtores rurais do município, de Foz do Jordão, Candói, Reserva do Iguaçu e Guarapuava onde receberam orientações de profissionais da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) sobre assuntos fundiários e ouviram o depoimento do presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Cláudio Marques de Azevedo, sobre as ações realizadas na região, há quatro anos.  

Representantes da Polícia Civil, Força Verde e vereadores de Pinhão e Reserva do Iguaçu também participaram do encontro, promovido pelo Sindicato Rural de Pinhão.
Na reunião, a instrução dada aos produtores foi de a de manter cautela e tranqüilidade, embora exista o clima de animosidade e, sobretudo, que a classe fique unida e atenta. "Não basta a preocupação, é preciso mobilização de todos os produtores rurais para que a lei seja cumprida", disse Azevedo.  
No encontro, o representante da comissão de Assuntos Fundiários da FAEP, Tarcísio Barbosa de Souza, apresentou a legislação sobre direito de propriedade. Os participantes também foram orientados a procurar os sindicatos rurais ligados a FAEP para esclarecer dúvidas. 

"A Federação está do lado dos produtores e vai buscar junto às autoridades o cumprimento das determinações judiciais, através das reintegrações de posse", disse. Segundo ele, existem 72 imóveis invadidos no Paraná com reintegração de posse não cumprida.  
Os produtores foram orientados para, no caso de ameaça de invasão, fazer o interdito proibitório (deve ser requerido ao juiz da comarca), que é uma proteção prévia. No caso de invasão, o produtor deve recorrer ao Poder Judiciário, solicitando a reintegração de posse.  

Souza ressaltou que os produtores querem das autoridades competentes ações rápidas contra o "esbulho processório" (invasões de propriedades). "A reforma agrária tem que ser feita dentro dos limites da lei e não por vontades ideológicas de movimentos que se dizem sociais", salientou.  

O representante da Comissão de Assuntos Fundiários da FAEP também destacou que novas reuniões e mobilizações serão agendadas, visando a sensibilização das autoridades competentes. 

Na verdade, estas mobilizações deveriam atingir não somente os produtores rurais, mas também empresários, profissionais liberais e todos aqueles que tenham interesse em defender a permanência da propriedade privada, até porque a atividade primária é muito importante para a economia regional. "O produtor rural tem importância fundamental no incremento econômico, geração de riquezas e desenvolvimento da região. Os produtores precisam de paz para produzir e os homens públicos precisam se sensibilizar ao grito de socorro do campo", comentou o presidente do Sindicato Rural de Guarapuava. 

Para ele, diante as violações do direito de propriedade no campo, através de invasões de fazendas, é indispensável que os produtores se unam e tenham argumentos para defender seus legítimos direitos.  

INVASÕES EM RESERVA DO IGUAÇU - Cinco áreas rurais de Reserva do Iguaçu foram invadidas por integrantes do MST: Fazenda Rodeio (1.090 ha) e Fazenda Reserva (58 ha), de propriedade de Fermino Martins Araújo (Espólio Luiz Carlos Martins Araújo); Fazenda Reserva (290 ha), de propriedade de Dahir Serpa; Fazenda Jussara (350 ha), de propriedade de Auro Hasegawa e Fazenda Santa Maria (133 ha), de propriedade de Sinval Pirajibe de Araújo. 

A invasão na Fazenda Rodeio ocorreu em 2006 e a sede foi invadida em outubro do ano passado. O mandado de reintegração de posse foi expedido há dois anos e até hoje a ordem judicial não foi cumprida. 

Na reunião, a instrução dada aos produtores foi de a de manter cautela e tranqüilidade, embora exista o clima de animosidade e, sobretudo, que a classe fique unida e atenta

Este ano, os integrantes do MST que estavam na Fazenda Rodeio expandiram a invasão para a área vizinha - 58 ha da Fazenda Reserva. Em seguida, o alvo foi outra parte da mesma fazenda – 290 ha, invadida no dia 12 de maio. A área de pecuária estava arrendada e a invasão trouxe, além de prejuízos, problemas de saúde para os proprietários Dahir Serpa e sua esposa. "Eles praticamente moravam lá na fazenda. São pessoas de idade que precisam desta renda e estão muito assustados com tudo o que está acontecendo. Trata-se de uma fazenda centenária e totalmente produtiva", disse Gildo Gorski, administrador da propriedade e genro do proprietário. 

Segundo ele, a pressão é muito grande e mexe com toda a família. "Pedimos a reintegração de posse, mas o oficial já esteve lá duas vezes e eles não cumpriram o prazo", contou. Gorski considera que o movimento deveria respeitar o direito do cidadão e a posse de terra de cada um. "O pior é que quanto mais tempo eles ficarem, maior será a destruição da propriedade", observou. 

Após a Fazenda Reserva, cerca de 200 famílias do MST invadiram a Fazenda Jussara (350 ha) no feriado do dia 22 de maio, também numa área de pecuária e ainda a Fazenda Santa Maria (133 ha), onde o proprietário já havia semeado aveia para pastagem e preparado a terra para o plantio de trigo. "Não sei o que fazer, perdi toda a safra, meu funcionário ficou desempregado e sem casa. Minha renda é exclusiva da fazenda. Preciso plantar, trabalhar. Vivemos um terrorismo sem fim. Estou com toda a documentação em ordem e não tenho o amparo da lei", desabafou o produtor rural Sinval Pirajibe de Araújo.  

Segundo ele, as áreas invadidas ficam próximas à outra invasão, ocorrida em abril deste ano, na Fazenda Trombini, uma área de reflorestamento. Em todos os casos, foram expedidos mandados de reintegração de posse. No entanto, os invasores não recuaram.  

Produtores rurais com propriedades vizinhas às fazendas invadidas estão abalados com a situação. "Por onde a gente passa, ouvimos boatos sobre novas invasões e o estresse durante o dia é tão grande que não conseguimos dormir à noite. Não sabemos se continuamos a vida normal, se fazemos o custeio ou não. A dificuldade é muito grande, já que precisamos da área para sobreviver", falou um produtor que tem áreas vizinhas às invadidas. 

Para se prevenir contra uma possível invasão, ele fez o interdito proibitório. "Queremos que as autoridades tirem estas pessoas das áreas e tomem medidas mais drásticas porque invasão é crime", disse.

Boletim Informativo nº 1009, semana de 16 a 22 de junho de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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