Sabáudia mostra como doma pode ser feita com humanidade

Reportagem do jornal Folha de Londrina publicada no dia 19 de abril mostra como  a doma de cavalos pode ser realizada a partir do conceito de bem-estar animal, que não maltrata o animal e preserva o domador de ferimentos e quedas: é a doma racional de equinos. O curso, promovido pelo Sindicato Rural de Sabáudia em parceria com a FAEP, foi ministrado pelo SENAR/PR. Leia a íntegra da reportagem feita pela jornalista Raquel de Carvalho:

 "Um simples toque nas rédeas

 Com o conceito de bem-estar animal, técnica de doma racional deixa 
 cavalos prontos em 10 dias; confiança é princípio básico

Foto de Evandro Monteiro

A doma de cavalos e muares para a lida no campo pode ser um processo trabalhoso, violento, com riscos para o domador e sofrimento para o animal. Existe uma alternativa, que vem sendo disseminada no mundo, a partir do conceito de bem-estar animal, que não maltrata o animal e preserva o domador de ferimentos e quedas: é a doma racional de equinos. 

O processo surpreende pelo resultado e pelo tempo. Enquanto no método tradicional, o domador leva cerca de 30 dias para deixar o animal pronto, com um trabalho severo, a doma racional finaliza o trabalho em cerca de 10 dias. ''O princípio de tudo é adquirir a confiança do animal'', explica o médico veterinário Olímpio Giovanelli, que ministrou um curso para trabalhadores e filhos de proprietários da região de Sabáudia. 

O curso, promovido pelo Sindicato Rural de Sabáudia em parceria com a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), foi ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). ''O objetivo foi possibilitar a fixação do jovem na zona rural'', diz o presidente do sindicato, Francisco Oliver Meronho. O treinamento atendeu a uma antiga reivindicação de produtores da região. 

Segundo o instrutor do curso, os equinos são presas e não predadores e têm medo. A reação deles contra a aproximação e domínio do homem é para se defender. ''A doma racional exige habilidades como paciência, persistência e repetição dos atos'', diz Giovanelli. 

O animal sente e reage a estímulos. Dessa forma, a cada exercício recebe uma recompensa ou castigo. ''Mas o castigo não é violento. Se errou, o animal recebe, no máximo, um gesto mais brusco, como uma puxada de cabresto mais forte. Se atendeu corretamente o comando, tem como recompensa um agrado ou um afago de mão'', descreve. 

O resultado da doma é impressionante. Depois de 10 dias, os animais que chegaram ao local do curso completamente chucros - muitos não permitiam nem sequer a aproximação e outros chegavam a se machucar nas cercas dos piquetes - estavam domesticados e dóceis. Um dos itens da avaliação dos participantes do curso é a prova disso: o domador deve segurar as patas do animal junto ao corpo e passar por entre as pernas e embaixo do cavalo ou burro. 

Após o curso, é possível ter o completo domínio do animal, que estará apto para a lida no campo, esporte e lazer. ''Será um animal confiável e servirá para qualquer pessoa'', afirma o instrutor. Segundo ele, a doma racional pode ser feita por mulheres, adolescentes e até idosos e crianças. No curso em Sabáudia os cavalos não deram um só coice e nenhum dos participantes sofreu queda. ''O animal atende o comando com um simples toque nas rédeas ou um toque do pé do cavaleiro - que não usa esporas - na barriga dele'', explica. Segundo Giovanelli, a espora não é proibida no dia-a-dia da propriedade, mas não é usada como punição e sim para acelerar o ritmo do animal. 

Segundo Giovanelli, na história da humanidade houve grupos que adotavam práticas ''civilizadas'' de doma e outros que domesticavam os animais com métodos violentos. Ultimamente a doma racional vem sendo disseminada com o conceito do bem-estar animal, que tem interefência no rendimento da produtividade na agropecuária. Outro modelo que vem sendo seguido é o Monthy Roberts, desenvolvido nos Estados Unidos. O instrutor afirma que o método é eficiente para estabelecer o contato com o animal. ''O curso que ministramos possibilita além do contato, a doma completa'', descreve."  

Boletim Informativo nº 1008, semana de 9 a 15 de junho de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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