Assustou-nos, mais uma vez, o modo como a sociedade brasileira reagiu em relação à estúpida agressão sofrida pelo engenheiro Paulo Fernando Rezende, da Eletrobrás, vítima de um grupo de índios, no município de Altamira. Deixamos passar alguns dias, à espera do que iria acontecer, quais seriam as manifestações da sociedade civil, de onde partiriam a solidariedade e as providências. Hoje, transcorridos mais se sete dias do lamentável episódio, sentimos que nada, absolutamente nada, resultará desse quase linchamento público, sob os olhares complacentes de autoridades eclesiásticas e do próprio Ministério público Federal.
Existiu um crime, cometido não apenas contra um cidadão brasileiro, mas contra um representante do governo federal e documentado pelas câmeras de tv e exibido para o mundo inteiro. Uma tentativa de homicídio, cuja natureza é de ação pública. O perdão, tacitamente concedido pela vítima em entrevista ao "Fantástico", não exclui os procedimentos a que estão obrigadas as autoridades policiais e o próprio Ministério Público.
Não se pretende questionar, aqui, a relativa inimputabilidade dos indígenas. O fato de serem índios não lhes confere o direito de, ao participarem de atos públicos, procederem como feras incontroláveis, notadamente quando nenhuma provocação lhes havia sido dirigida, que justificasse um eventual revide. Mas a grande questão, que deveria incomodar a consciência nacional, é: quem estava (ou está) por trás dessa orquestração? Não há como esconder que pessoas e organizações estão manipulando os índios, usando-os, na mesma tática de traficantes e bandidos (que utilizam indefesas crianças durante as investidas policiais) como escudos para os seus inconfessáveis interesses. E o mais alarmante de tudo isso é que são estrangeiros, sob os disfarces de religiosos e líderes de ONGs alienígenas, os promotores dessa baderna que pretende impedir até mesmo os estudos para a implementação de obras que atendem os superiores interesses da nação brasileira. Com as bênçãos, lamentavelmente, do governo. Que, aliás, revelou sua omissão até mesmo quanto à absoluta falta de segurança aos participantes desse evento, promovido pela ONG americana International Rivers Network (IRN) em parceria com o Instituto Socioambiental e Conselho Indigenista Missionário, entre outros.
Até quando, indagamos à beira da desilusão definitiva, deveremos suportar esse quadro infamante e doloroso para as tradições históricas de nosso país? Até quando estaremos submissos aos ditames de organizações não brasileiras que objetivam nos alijar do desenvolvimento e da participação na economia mundial? Até quando, finalmente, iremos assistir, passivamente, a ação de agitadores profissionais promover a baderna generalizada dentro de nosso próprio território?
São questões que colocamos, novamente, à reflexão nacional.
Belém (PA), 28 de maio de 2008
*Carlos Fernandes Xavier
é Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa)